Em entrevista feita ao jornal The New Yorker, o presidente Lula fez uma declaração que até soa correta e coerente, mas no contexto em que foi dada mostra mais uma vez a obsessão do petista com a palavra “democracia”, da qual quer ser o dono.
Disse Lula: “A democracia começa a cair quando não atende mais aos interesses do povo”. E vendo o cenário de distopia de nosso país, que escapa dos juízos de valor dos “ativistas de sofá”, a frase se mostra um ato falho do próprio Lula.
Uma “democracia” que não satisfaz os oprimidos e não incomoda os opressores demonstra o quanto Lula fala mais e age menos. Preços caros, trabalho precarizado, favelas e calçadas como moradias improvisadas e desconfortáveis, os pobres da vida real cada vez mais furiosos com Lula, realidade que existe nos fatos mas que é proibida de falar nas redes sociais.
O que temos é uma elite de privilegiados dentro sas bases sociais de Lula. Proletários, camponeses e miseráveis saem de cena para darem lugar à “pobreza higiênica” do “pobre de novela”, a parte “humilde” da elite do bom atraso. Juntamente com a pequena burguesia, a burguesia “democrática” e os famosos, o “pobre de novela” integra as atuais bases sociais, uma “democracia” que, mais uma vez, não é para todo mundo.
O próprio Lula sabotou a democracia que ele tanto exalta para si. A vergonhosa campanha presidencial de 2022ilustra bem isso, quando o petista não quis saber de concorrentes, pois só ele se julga “o mais competitivo”. Os outros, mesmo sob a autorização expressa e legítima da Constituição de 1988, não podem ser competitivos porque “não são a democracia”.
Somente Lula se acha no direito de ser a “democracia”, a “democracia de um homem só”, a “democracia do eu sozinho”. Só os lulistas é que vibram com a falácia de que “democracia sem Lula é bolsonarismo”, como se a democracia tivesse um único rosto, uma única pessoa, uma única marca.
Mas a democracia não tem dono e, em que pese o relatorismo de conto de fadas do “Efeito Lula”, o povo não vê os tais “recordes históricos” acontecerem na realidade concreta do cotidiano. E é aí que a tal “democracia” de Lula se torna frágil, não apenas por ser uma “democracia com dono”, mas por ser uma “democracia” em que, em tese, se dá direitos iguais às elites e ao povo. Dessa maneira, os interesses do povo são deixados em segundo plano e isso é muito perigoso.
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