Parece um noticiário político como qualquer outro, se não fosse seu caráter simplório. A “heroica” atuação de Lula contra o “império fiscal” de Donald Trump e seu bonapartismo internacional contra o fascismo parecem corretos, mas tudo não passa de um espetáculo que é profundamente diversionista, pois distrai o público da bolha lulista que se esquece dos problemas reais e diretos do país.
Lula tem como peça de manobra a substituição de reivindicações diretas por outras indiretas. A causa palestina e o tarifaço não influem diretamente no cotidiano do povo pobre da vida real, mas trazem visibilidade e produz notícias, exibe o presidente Lula ao mundo. Essas duas pautas, por mais justas que sejam, elas são secundárias, porque não influem de imediato na garantia de comida, emprego e moradia para o povo brasileiro.
Lula fala muito grosso com Benjamin Netanyahu e Donald Trump, como falou grosso com Sérgio Moro, Jair Bolsonaro e Roberto Campos Neto. Mas fala fininho com o empresariado que explora a escala 6x1 do trabalho e impõe preços caros aos alimentos, estas duas pautas que atingem de forma direta o cotidiano do povo brasileiro.
Nestes dois casos, Lula lava as mãos e, embora, de maneira opinativa, se declare ao lado dos mais necessitados, não age neste sentido, preferindo deixar para os empresários a decisão de resolver esses problemas. É como se promovesse um acordo entre raposas e galinhas.
Por isso, Lula, ao ver sua popularidade despencar seriamente - e ela continua despencando, apesar do otimismo das supostas pesquisas de opinião - , precisou apelar para o sensacionalismo para se passar por super-herói planetário, o salvador da humanidade contra o maligno ex-apresentador de um reality show.
Só que Lula mais parece um Dom Quixote, lutando contra moinhos de vento cujas hélices só o petista e seus pares enxergam um formato de suástica. E o nosso país está refém desta “democracia de um homem só” da qual o voto democrático se reduz apenas a uma formalidade sem sentido, pois já se sabe quem será o potencial vencedor, tentando convencer todo o mundo de sua suposta urgência às custas desse conflito que não é mais do que um reality show movido a brigas fiscais.
Só quem vê demais os reels de postagens do Instagram, Tik Tok e similares é que se empolga com essa briguinha na qual dois velhos duelam feito meninos birrentos. Quem está fora da bolha lulista, porém, isso não tem a menor importância.
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