DOAÇÕES DE CASARÕES PODEM DESMASCARAR DE VEZ UM ÍDOLO RELIGIOSO CONHECIDO PELO PRETENSO "VOTO DE POBREZA".
O Espiritismo brasileiro é uma religião muito pior do que as seitas neopentecostais, por piores que estas realmente sejam. Se o Espiritismo brasileiro é adorado por um suposto consenso nas redes sociais e recebe blindagem rigorosa da mídia, é porque se trata de uma religião que expressa os interesses da elite do atraso, agora convertida em elite do bom atraso, a parcela privilegiada da sociedade que controla as narrativas que devem prevalecer na opinião pública.
Vemos o quanto essa religião, na verdade uma reciclagem do velho Catolicismo medieval que vigorou no Brasil colonial - isso é tão certo que os chamados "kardecistas" jogaram fora Allan Kardec e puseram no lugar a figura obscurantista do Padre Manuel da Nóbrega - , é um refúgio para pessoas ignorantes ou com saber mediano que têm pressa em parecer "cultas" e "esclarecidas", sem perceber que, sob a fachada de um espiritualismo ecumênico e futurista, há um pântano do mais mofado medievalismo do século XII.
O Espiritismo brasileiro é uma das religiões, juntamente com a Legião da Boa Vontade e instituições neopentecostais como a Igreja Universal, a Igreja Internacional da Graça de Deus e a Assembleia de Deus, que foram patrocinadas pela ditadura militar para combater a Teologia da Libertação católica, que atuava como uma grande força de oposição ao poder ditatorial, ao denunciar os crimes da repressão a órgãos internacionais de direitos humanos.
O maior ídolo desse Catolicismo medieval redivivo é uma figura sinistra de um charlatão que, com a licença do trocadilho, transformou a Doutrina Espírita em um chiqueiro. É um pretenso "médium" cujo reacionarismo deixaria o coronel Brilhante Ustra de queixo caído e cuja colaboração com a ditadura militar, suspeita-se, foi mais engajada do que se pensa. Vide a condecoração dada ao "médium" pela Escola Superior de Guerra em 1972, que nunca premiaria nem homenagearia quem não fosse um colaborador estratégico dos interesses dessa escola que foi o "cérebro" de toda a ditadura.
Fala-se que o "médium" fez "voto de pobreza", doando o dinheiro da venda dos livros para a "caridade", mas isso nunca foi mais do que um blefe. Na verdade, o dinheiro foi apenas deixado para o controle administrativo da Federação Espírita Brasileira, que continuava sustentando e dando boa vida ao "médium", que apenas tinha nojo em tocar em moedas de níquel e papel. O "médium" continuava na sua opulência financeira tal qual foi a Rainha Elizabeth da Grã-Bretanha, outra que sentia horror em tocar em moedas sujas.
O "médium" e os dirigentes "espíritas", entre outros de semelhantes funções - lembremos que "médium" virou uma função comparável a de um sacerdote católico ou um bispo neopentecostal - , se enriqueceram com a venda dos primeiros livros de psicografakes, desde um livro poético de 1932, pioneiro na literatura fake, que, com poemas e prosas atribuídos a diversos escritores mortos, cometeu a estranheza de sofrer reparações editoriais por cinco vezes, demonstrando o caráter fraudulento das obras, que fugiam dos estilos originais dos autores mortos alegados.
E aí o "médium" que muitos incautos dotados de fascinação obsessiva - perigoso tipo de obsessão relatado e alertado por Kardec em O Livro dos Médiuns - definem como "aquele que dedicou toda sua vida aos pobres" (uma mentira copiada da propaganda enganosa que Malcolm Muggeridge, jornalista britânico, católico conservador e agente da CIA, fez para promover Madre Teresa de Calcutá), mostrou aspectos muito estranhos para ser realmente considerado um "símbolo de humildade".
Em primeiro lugar, o "médium", atuando em Uberaba entre 1959 e o fim da vida, em 2002, tornou-se funcionário de inspeção de gado zebu para os grandes fazendeiros da região, o Triângulo Mineiro. A região é um dos polos de agronegócio atualmente, mas também goza de um poder violento e severo dos poderosos proprietários de terras, cujo domínio é subestimado.
Os proprietários de terras do Triângulo Mineiro teriam formado seu poder a partir do Ciclo de Ouro das Minas Gerais, eram a "nata" dos escravocratas durante todo o período colonial e, na ditadura militar, estiveram envolvidos na promoção dos crimes no campo. Nos últimos anos, eles fizeram do Triângulo Mineiro o maior reduto bolsonarista de Minas Gerais, fato subestimado pela mídia esquerdista.
Consta-se que os latifundiários do Triângulo Mineiro estão blindando até o limite do possível a reputação dos "médiuns", que nunca são desmascarados. Com uma parceria com o empresariado paulista por conta de relações econômicas e culturais (a música brega, por exemplo, sempre foi patrocinada pelo latifúndio e se propagou, a partir de São Paulo, por conta desse processo), o coronelismo do Triângulo Mineiro consegue proteger o Espiritismo brasileiro de tal forma que nada dessa religião é investigado.
Dai que tiveram, só para manter as aparências, de manter um álibi quando se viu a ficha criminal do farsante João de Deus, ou "João sem Deus", numa denominação negativa que virou nome de documentário de Marina Person.
Só que esqueceram que o charlatão João de Deus, também latifundiário, foi um colaborador do "médium da peruca", e quando os primeiros crimes foram denunciados, o goiano recebeu do "lápis de Deus" a doação de um casarão, que virou a Casa Dom Inácio, em Abadiânia, Goiás, cidade situada a meia-hora de Uberaba. João conseguiu enganar até o mundo inteiro, iludindo personalidades como Madonna e Oprah Winfrey, até depois ser desmascarado por sua imensa e variada ficha criminal.
O "médium da peruca", aliás, mesmo morto há 23 anos resiste em ser desmascarado, pois na ditadura militar, época em que vigorava a censura do AI-5, o "médium" virou ídolo religioso e chegou mesmo a exercer uma Síndrome de Estocolmo, na busca pela unanimidade, ao ser adorado por segmentos sociais que o próprio "lápis de Deus" repudiava: a comunidade LGBTQIA+, os roqueiros, as atrizes sensuais, os esquerdistas e céticos, agnósticos ou ateus (estes "presenteados" por uma frase proselitista: "Você não acredita em Deus, mas Deus acredita em você").
Aí vemos relatos de que o "médium da peruca" fez doações de terrenos e casarões "para a caridade". Outro blefe, pois as propriedades apenas se tornaram "centros espíritas" supostamente dedicados a acolher pobres e doentes, como a caridade de fachada de Madre Teresa. Tudo para obter superfaturamento financeiro e isenção de impostos, enriquecendo os cofres dos "médiuns" e dirigentes "espíritas".
E aí perguntamos: como um homem supostamente pobre estaria doando, do nada, casarões e terrenos para projetos supostamente de "auxílio aos miseráveis e enfermos"?
Simples. O "médium da peruca" sempre foi um protegido dos "coronéis" do Triângulo Mineiro, cujo poder severo deve ser lembrado pelo fato de que eles exploram a mais cara espécie de gado bovino, o gado zebu, vendido prioritariamente para a exportação. Portanto, são pessoas muitíssimo ricas e que se afinam muito com o ultraconservadorismo radical do "médium", cujos valores eram formados desde o berço.
Consta-se que o "médium" seria um homem muito rico, um grande proprietário de terras que ficou, sim, com o dinheiro dos livros "mediúnicos" que ele lançou. Ele apenas não tocava em dinheiro, como, repetimos, a Rainha Elizabeth não tocou, e isso não fez a monarca britânica se tornar um símbolo de humildade e abnegação, não é mesmo?
As terras teriam sido fornecidas pelos latifundiários como gratidão. O "médium", assim como foi um grande aliado da ditadura militar - dizem que as "cartas mediúnicas", que mostraremos em breve, foi uma medida forjada pela ditadura para anestesiar a população brasileira e evitar uma revolta popular - , cuja colaboração teria sido muito maior do que, por exemplo, um Cabo Anselmo, foi também um grande aliado do poder extremo dos grandes donos de terras do Triângulo Mineiro.
E aí o "médium" teria recebido títulos de terras. Várias propriedades suas teriam sido doadas para o "movimento espírita" criar instituições de suposta assistência social. Seria um meio de, ao mesmo tempo, tentar comover a opinião pública, enquanto tais instituições contraem superfaturamento financeiro, supostamente para pagamento de despesas diversas.
Por isso é impossível que um religioso estivesse doando "do nada" casarões e sítios "para a caridade". A doação, muito provavelmente, simplesmente não aconteceu. Apenas o "médium" pode ter institucionalizado seus bens imóveis, transferindo a titularidade para os chefões do "movimento espírita". O que, por outro lado, também não transforma o "médium" num símbolo de pobreza, pois ele teria, também muito provavelmente, gozado de uma considerável opulência financeira, nos padrões da realeza britânica, por mais que se usasse a máscara de "verdadeira humildade".
O "médium" só não andava muito de jatinho por uma questão de ter medo de avião. Neste caso Madre Teresa de Calcutá foi mais corajosa. Mas, fora esse aspecto, "médiuns" e "madres" estiveram unidos e solidários em suas fraudes, no falso altruísmo e no reacionarismo de fazer a extrema-direita brasileira parecer a Família Bozo.
Comentários
Postar um comentário