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A DIREITA ENSAIA A CRIMINALIZAÇÃO DOS SEM TETO


A sociedade conservadora começa a criminalizar os diversos movimentos sociais que envolvem trabalhadores sem teto no Brasil.

Não há só um movimento, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, liderados pelo potencial presidenciável Guilherme Boulos, mas outras organizações semelhantes.

A grande mídia começa a perguntar sobre quais organizações criminosas estariam supostamente por trás das ocupações de prédios inutilizados nas cidades brasileiras.

Chegam a desconfiar da participação do Primeiro Comando da Capital, uma das mais atuantes organizações criminosas do país, acusado de envolvimento na guerra de facções nas prisões brasileiras.

O povo pobre seria visto, nesta hipótese, como "gado" de lideranças "politiqueiras" de esquerda ou de grupos criminosos e desordeiros.

Chega a ser, ao mesmo tempo, triste e ridículo.

Recentemente, temos uma feira de produtos agrícolas do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), entidade definida como "criminosa" e "desordeira" pela sociedade reacionária.

Mas o MST expõe produtos sem agrotóxicos, substâncias usadas na agricultura dos "produtores de bem".

Muitos desses agrotóxicos causam danos à saúde, inclusive sério risco de câncer.

A sociedade conservadora não aprova a organização autônoma das classes populares, que precisam, na hierarquia social, manter uma postura subordinada e passiva.

É por isso que vemos que a bondade humana não é uma virtude nacional, mas uma espécie de franchising de algum movimento religioso.

Até se acredita que setores do Catolicismo e das religiões evangélicas, assim como as religiões como o islamismo e as de origem africana, realmente praticam alguma caridade.

Já o Espiritismo catolicizado a "caridade" se nivela a um quadro de Luciano Huck ou a medidas paliativas do Criança Esperança e serve mais para promoção pessoal dos líderes e, constantemente, dos "médiuns".

É aquela "caridade" que mais parece um espetáculo, produzindo mais adoração pública do que transformações sociais profundas e definitivas.

Esse Espiritismo que mais parece um clone mofado do Catolicismo perdido em algum momento do século XI, apenas usa a "caridade" como escudo para acobertar suas irregularidades.

As irregularidades são muitas: psicografias fake, moralismo retrógrado, mensagens piegas e adoração igualmente piegas aos ditos "médiuns" (sintonizados mais com a mídia venal do que com o além-túmulo).

O moralismo retrógrado chega ao ponto de pregar a aceitação do sofrimento extremo, a ponto de investir em falácias como "o silêncio é a voz dos sábios".

Tudo a ver para uma religião que defende a Operação Lava Jato, o Movimento Brasil Livre, a Escola Sem Partido, a reforma trabalhista e a reforma previdenciária.

Está na sua natureza: dois dos "maiores médiuns do Brasil" se revelaram figuras bastante reacionárias que não dá para entender a complacência das esquerdas em relação a eles.

Um, já falecido e de Minas Gerais, defendeu abertamente a ditadura militar e criminalizou os movimentos sociais. Logo ele, um "médium" com falsos ares de humildade e fragilidade, despejando reacionarismo digno de colunista histérico da Veja!

Outro, da Bahia, recentemente também esculhambou o marxismo, os governos do Partido dos Trabalhadores e a ideologia de gênero.

Este realizou fraca filantropia, mas excursionava pelos vários cantos do mundo bajulando autoridades mundiais e posando de pacifista, fazendo discursos piegas e rebuscados em troca de premiações bastante avantajadas.

Mas esses "médiuns" podem estar associados oficialmente ao ativismo social, de acordo com o que defende a sociedade conservadora, mesmo quando a "caridade" que fazem só traga resultados ínfimos e pouco expressivos.

A sociedade conservadora não pergunta que dinheiro os "médiuns" usam para excursionar pelo Brasil e pelo mundo, se é desvio de parte do dinheiro da caridade ou se é lavagem de dinheiro das grandes empresas.

Mas pergunta quais as organizações criminosas que estariam ocupando prédios inutilizados das cidades brasileiras.

E fica tratando as organizações representativas das classes populares como se fossem máfias improvisadas.

E olha que os "desordeiros" ajudam muito mais os mais necessitados do que os midiáticos "médiuns" que, com sua "filantropia de novela global" e suas pregações piegas, posam de "progressistas" mas exaltam figuras como o juiz Sérgio Moro.

É lamentável que a sociedade conservadora se preocupe com tantas suposições sobre os trabalhadores sem-teto, quando deveria se preocupar em dar moradia para eles.

Enquanto o altruísmo se reduzir a um festejado subproduto do prestígio de ambiciosos ídolos religiosos, o Brasil continua nessa situação de crise e desigualdades sociais profundas e de efeitos bastante trágicos.

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