Duas delações previstas para os próximos dias aquecem as expectativas dos opositores do Partido dos Trabalhadores de ver Lula caminhando para a derrota final, nas mãos da plutocracia.
Uma é a do antigo parceiro do ex-presidente e seu ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que também foi chefe do Gabinete Civil do primeiro governo Dilma Rousseff.
Outra é a de Renato Duque, que, segundo a Operação Lava Jato, é considerado ex-operador do PT no suposto esquema de propinas da Petrobras.
A delação de Palocci, agora um denunciante útil e um "quase herói" dos anti-petistas, vem com dois aspectos estranhos.
Um é que a delação será coordenada pela Polícia Federal e não pelo Ministério Público Federal, como exige a hierarquia jurídica.
Segundo, a delação foi anunciada depois que o Supremo Tribunal Federal tirou das mãos do juiz Sérgio Moro supostos casos de corrupção envolvendo Lula, como o sítio de Atibaia, as supostas obras do Instituto Lula e o dinheiro arrecadado nas palestras do ex-presidente.
Os acordos de delação premiada foram denunciados por Rodrigo Tacla Duran, que revelou um esquema de troca de facilidades que envolveu o advogado Carlos Zucolotto Júnior, padrinho de casamento de Sérgio com a advogada Rosângela Moro.
Zucolotto e o casal Moro aparecem numa famosa foto em que os três foram cumprimentar o grupo mineiro Skank, quando este se apresentou em Curitiba. Zucolotto também foi beneficiário de negócios envolvendo a mulher de Sérgio Moro.
Tacla Duran revelou que Zucolotto estaria combinando um acordo de delação, que o advogado que hoje vive na Espanha recusou-se a aceitar, e que teria como intermediário um tal de DD.
Suspeita-se que DD teria sido Deltan Dallagnol, procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato, mas há apenas vagos indícios disso.
No caso da delação de Palocci, fala-se que ele vai ganhar R$ 30 milhões pela tarefa, comprovando as denúncias de Tacla Duran de que a "indústria das delações" eliminam a espontaneidade da tarefa.
A Procuradoria-Geral da República vem com nova denúncia contra o mesmo Palocci, Lula, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann e o marido dela, ex-ministro Paulo Bernardo, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e Leones Dall Adnol.
Leones é chefe de gabinete de Gleisi, que também é senadora.
O grupo foi denunciado por suposto esquema de propinas envolvendo a Odebrecht e o Partido dos Trabalhadores, em 2010.
A doação, avaliada em R$ 64 milhões, teria ficado à disposição do PT para operações como a campanha de Gleisi para o governo do Paraná, em 2014.
A nota da PGR foi divulgada pouco antes do Jornal Nacional, conforme lembra o Diário do Centro do Mundo. A nota foi publicada às 19h39, cerca de 50 minutos antes do famigerado programa da Rede Globo.
É um timing que parece coincidência, mas faz sentido diante do apelo midiático da procuradora-geral Raquel Dodge.
A outra delação, do suposto ex-operador do PT, Renato Duque, é muito esperada mas o acordo, até o fechamento deste texto, não foi ainda consumado.
Se for consumado, a delação de Duque, juntamente com a de Palocci, aumentará a pressão contra o ex-presidente Lula, pois muitas invencionices serão ditas nessa onda de denuncismo que pretende desmoralizar ainda mais o maior líder popular da história recente de nosso país.
Com as duas delações, a novela da retomada conservadora ganhará um novo impulso e comprovará mais uma vez a atuação do consórcio jurídico-político-midiático que fez o golpe de 2016.
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