Às vezes mesmo colunas de fofocas conseguem fazer algumas revelações.
Na coluna de Léo Dias, do jornal O Dia, feita pelo mesmo comentarista do Fofocalizando do SBT, mais uma revelação de que o "funk" está no ritmo da plutocracia há muito tempo.
Depois que entrevistou o DJ Tubarão, que entregou que a Rede Globo, através de Xuxa Meneghel (então estrela da casa e cujos programas serviam de vitrine dos famosos de então), foi decisiva no sucesso do "funk", outra novidade veio à tona.
O Baile da Favorita, da promoter Carol Sampaio, que apresentou o "funk" para as elites, recebeu uma verba poderosa do Governo Federal, através do Ministério da Cultura. E é uma verba inédita, um valor maior do que o baile poderia antes ter recebido.
A notícia está toda aqui e mostra que o "funk" nunca teve a ver com as forças progressistas do país.
Ele sempre foi uma "leitura" das classes populares feita pelo "deus mercado" e pela mídia venal. Estes não se apropriaram dos funqueiros nem estes os enfrentaram, todos sempre viveram numa relação de muita permuta e cumplicidade.
Vide, por exemplo, as festas de aniversário ou casamento de funqueiros, sobretudo depois que o "funk ostentação" abriu caminho para "rolezinhos" e, depois, dos "coxinhas" com camisetas da CBF.
O contexto coloca o "funk" em situação complicada. A situação atual não permite que o ritmo tenha esse tratamento diferenciado pelo Governo Federal, nem que os funqueiros, que só falam mal de Temer e da Globo da boca para fora, aceitem essa "boquinha".
O Brasil vive a greve dos caminhoneiros, que deixa a economia do país numa situação extremamente frágil.
O Ministério da Cultura, na pessoa do jornalista Sérgio Sá Leitão - atualmente alinhado com o cenário político pós-golpe - , é criticada pelas verbas tendenciosas para eventos de entretenimento, enquanto custa a investir em manifestações culturais essenciais.
Até as esquerdas acordarem diante do caso de Cláudia Leitte, cantora de axé-music que conta com verbas privadas satisfatórias, mas que pediu grande investimento estatal para gravação de um DVD, tudo parecia "às mil maravilhas".
O inexpressivo Tchakabum, um sub-Tchan carioca que era apoiado até pela Jovem Pan FM, recebeu verbas generosas para gravar um DVD, e o grupo não tem uma única música memorável.
Tem artista regional que ainda espera dinheiro para tocar na capital de seu Estado. E os músicos de rua, bem mais talentosos que o Tchakabum, vivem de doações dadas por transeuntes.
Dentro desse contexto, e quando vemos que o DJ Marlboro recentemente tocou na festa de aniversário do Glamurama, a narrativa "libertária" que o "funk" fabricou, sob as bênçãos da Globo, perdeu o sentido.
Não adiantou outro empresário-DJ, Rômulo Costa, amigo de Luciano Huck, fingir de "aliado da presidenta Dilma", mesmo com esposa filiada ao PSD (partido que apoiou o golpe) de Gilberto Kassab, e armar aquela falsa solidariedade do "funk" com um protesto anti-impeachment de 2016.
O "funk" só fez esse discurso do "combate ao preconceito" para ampliar mercado.
Hoje é o ritmo mais curtido pelos jovens mais ricos do Brasil. É também um dos estilos musicais mais defendidos pelos sociopatas das redes sociais.
O que vemos, atualmente, é que o preconceito se voltou agora para a música de qualidade.
Discriminados, agora, são Edu Lobo, Fátima Guedes, Toninho Horta, Turíbio Santos.
A juventude elitista curte "funk", "sertanejo", axé-music e os "maiores gênios" deles são nomes como Chitãozinho & Xororó, É O Tchan e Harmonia do Samba.
Não se pode criticar um espirro de um ídolo brega-popularesco dos anos 1990 que os internautas saem disparando ofensas por tudo quanto é lado.
E é esse pessoal que ainda pede intervenção militar no país.
Enquanto isso, "funk" confirma a tradução do dicionário.
Como se sabe, "funk" em inglês não quer dizer Lula. "Funk" quer dizer Temer.
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