Há muito Niterói não faz jus ao título de quarto maior Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil.
Nos mais diversos aspectos. Imagináveis e inimagináveis.
Até mesmo na cultura rock, a cidade que gerou a Fluminense FM teve que contentar com a canastrice radiofônica da Rádio Cidade até sua programação cansar até o mais complacente defensor.
Era uma programação só de hits, de tal forma que criou uma aberração do "fã de uma música só". Imagine um AC/DC, com tantos clássicos, ser conhecido somente por "Back in Black", como se fosse um one-hit wonder perdido em algum canto do planeta.
E a mentalidade "gente bonita do Leblon" nos perfis oficiais da Cidade nas redes sociais revelava a mentalidade debiloide do "roqueiro" que bota língua pra fora, faz gesto de demônio com as mãos, faz solo de guitarra invisível e usa bigode postiço como sendo o "bigode do Freddie Mercury".
Pagação de mico demais. Mas não é só isso.
Niterói também se contenta com o fato de dois bairros vizinhos, Rio do Ouro e Várzea das Moças, não contarem com avenida própria de ligação.
Os dois bairros só têm, como ligação, a Rodovia RJ-106 e duas ruas carroçáveis.
Isso gera um problema sério de mobilidade urbana, porque atrapalha o trânsito de quem quer ir de Tribobó a alguma cidade da Região dos Lagos ou, pelo menos, a Maricá.
Imagine se os limites de Belford Roxo e Nova Iguaçu não tivessem avenidas internas de ligação e dependessem da Via Dutra para se comunicarem? Pois é.
Mas para o niteroiense médio que, como dublê de jornalista nas redes sociais, faz "jornalismo de press release" ou vira "correspondente da Rua Cel. Moreira César", esse problema é coisa à toa.
Há também o problema do abastecimento de produtos, onde falta produto até nos mercados de Icaraí, mesmo na "República da Rua Cel. Moreira César".
Há a falta de banheiro público em Charitas, ou melhor, na "República de Charitas" que parece ser o único bairro que o prefeito Rodrigo Neves "conhece melhor". Entre aspas.
Afinal, o Terminal de Charitas, agora deslocado para o vizinho Imbuí, é um terreno baldio no qual só se jogou uma porção de asfalto em cima.
Só para comparação, em Salvador, no Conjunto Rio das Pedras, no homônimo Imbuí, há uma fileira de pontos de ônibus, bem mais decente.
Mas como explicar isso numa cidade em que a Rodoviária Roberto Silveira fica vazia e o Terminal João Goulart, sobrecarregado, abriga um monte de linhas rodoviárias?
Falta visão estratégica em Niterói. Aliás, falta tudo. Falta até mesmo o semancol dos torcedores de futebol que deveriam parar de gritar à noite a cada gol de um time carioca (?!).
A interrogação exclamativa fica por conta do fato dos niteroienses torcerem tanto por times da cidade vizinha, quando Niterói tem o Canto do Rio e o Tio Sam que "inexistem" para os "devotos da bola".
Mas aí tem outro grave aspecto que não só derruba o mito de "IDH elevado" de Niterói, como também pode baixar a expectativa de vida de seus moradores.
Há muita gente fumando em Niterói. Muita, muita, muita mesmo. Isso é horrível, em si.
Mas o pior é a arrogância com que as pessoas fumam seus cigarros. Você anda pelas ruas de Niterói e vê um fumante fazendo aquela pose, como se estivesse se achando com um cigarro na mão.
Em muitos casos, o cinismo dos fumantes é tal que eles percorrem uns três ou quarto quarteirões com cigarro na mão, como se, segundo o anedotário popular, estivessem "fumando com os dedos".
A desinformação é tanta que idosos e pobres também fumam seus cigarros, usando como pretextos o emagrecimento, o relaxamento e o prestígio social.
O mais grave é que muitas pessoas já morrem prematuramente, e os amigos que estão vivos dificilmente conseguem entender.
De repente, aquela garota de 35 anos, com corpinho de 19 (por fora, pois por dentro deve ser de 91), morre de câncer de mama e os amigos não entendem a causa.
Se esquecem que o fumo contribuiu para esse óbito prematuro.
Alguns famosos que morreram recentemente, entre atores, cantores e jornalistas, alguns com menos de 60 anos, outros com 60 mas sem chegar aos 70, poderiam alertar os niteroienses.
Recentemente, uma atriz da região, Márcia Cabrita, comoveu o Brasil ao morrer de câncer com apenas 53 anos de idade e no auge da carreira.
Os niteroienses nem estão aí e fico envergonhado e aflito quando vejo pessoas fumando com pose de quem está fazendo a melhor coisa do mundo.
Há um provérbio que diz que a dificuldade de uma pessoa de parar de fumar é da proporção da dificuldade da mesma em sobreviver a uma quimioterapia para curar um câncer.
Se os niteroienses não largarem o cigarro, com certeza a antiga capital fluminense vai despencar em expectativa de vida média de seus moradores.
Muitos amigos irão chorar nos velórios de seus amigos não muito velhos e, não obstante, tão jovens quanto muitos deles, e Niterói despencará também em dados oficiais de IDH.
Afinal, não se faz elevado desenvolvimento humano com muitos fumantes inveterados que morrem prematuramente. Não se faz cidade melhor com pessoas morrendo cedo por seus vícios.
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