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POR QUE O BRASIL ADORA DIVINIZAR PESSOAS DE TRAJETÓRIA IRREGULAR?


Há um estranho currículo de certas pessoas, instituições ou fenômenos adorados por uma considerável, e não obstante majoritária, parcela da sociedade.

São pretensos "heróis" de trajetória confusa, que se ascenderam de maneira arrivista, cheia de irregularidades, não raro preocupantes e vergonhosas.

A estranha catarse popular, que reduz o brasileiro médio, sobretudo cariocas, paulistas, paranaenses e gaúchos médios, a "morsas do Alasca" a se divertir se jogando para a morte no despenhadeiro, produz esse estranho tipo de "herói".

Um dos casos mais notórios envolve uma religião, que, se não fosse a seletividade de nossa Justiça, estaria na galeria de seitas problemáticas que, no exterior, revelaram a Cientologia e o NXIVM.

E o Espiritismo brasileiro que não mediu escrúpulos de trair, com gosto, as lições de prudência do pedagogo Leon Rivail, conhecido pela alcunha de Allan Kardec.

Rebaixado a um exílio de católicos de orientação medieval que não aceitavam as transformações do Catolicismo nos últimos tempos, o Espiritismo brasileiro produziu um ídolo à maneira arrivista, e com a aliança das oligarquias e dos barões da mídia.

Trata-se de um suposto "médium", cuja trajetória não é lá um primor de integridade ou coerência.

Nascido nas Minas Gerais, o sujeito foi beneficiado tanto pelo jeitinho brasileiro quanto pela memória curta (a maligna amnésia social que protege oportunistas na posteridade), que conseguiram esconder seu passado sombrio.

Não vou falar do nome dele, porque ele traz más energias e não quero ver meu blogue associado a ele nas buscas do Google.

Mas todos sabem quem é. Ele faleceu há vários anos, mas mesmo assim, continua sendo protegido das Organizações Globo, quase como um padroeiro informal da família Marinho.

O sujeito é associado a virtudes humanas como "amor" e "bondade", numa narrativa bem construída, como enredo de novela, que o transformou em típico "filantropo de melodrama".

Mas sua origem é cheia de incidentes muito incômodos, nos quais o "médium" aparece erroneamente como vítima.

Primeiro, porque armou, nos distantes anos 1930, uma pretensa antologia de poemas fake que o espertinho (que iludia muita gente pela aparência de caipira frágil) dizia ter sido enviada por autores mortos, e que até hoje está em catálogo nas livrarias.

A estranha coletânea já poderia causar desconfiança por dois aspectos.

Um, os poemas que se dizia serem de autoria de gente morta, do nível de um Casimiro de Abreu ou de um Augusto dos Anjos, é de qualidade bem inferior à obra que esses mesmos autores deixaram em vida.

Em muitos casos, o estilo pessoal do suposto autor desaparece.

No caso da hoje esquecida Auta de Souza (belíssima negra que era poetisa e só viveu 25 anos), o estilo meigo e feminino desaparece, dando lugar ao estilo medieval e masculino do "médium" que supostamente a recebeu.

Outro, porque a antologia sofreu reparos constantes em cinco edições e por cerca de 20 anos, o que contradiz a reputação de "obra superior" que o livro queria nos fazer crer.

Mais tarde, a fraude foi revelada por acidente por uma admiradora do "médium", que, divulgando cartas, incluiu uma em que o "médium" diesse ao presidente da federação para rever e reeditar os "originais" da quinta edição do livro.

Mesmo assim, oficialmente o episódio passou sob vista grossa.

O livro poderia ter caído no esquecimento, como essas maluquices literárias de gosto muito duvidoso e altamente fraudulentas.

Mas houve a resenha em duas partes do escritor Humberto de Campos, um dos mais populares daqueles tempos.

Ele escreveu um comentário cheio de ironias, sobre tal livro, que o "médium", então com 22 anos, simplesmente não gostou.

O destino acabou fazendo com que Humberto falecesse com 48 anos e abriu caminho para a ascensão irregular desse arrivista, que muitos críticos descrevem como uma versão invertida de Lula.

A razão é simples. Enquanto o ex-presidente é criminalizado por suas virtudes, o midiático "médium" é santificado pelos seus defeitos.

Típica tragicomédia surreal que provoca sempre os momentos caóticos do Brasil onde vivemos.

O "médium" se envolveu em tantos incidentes negativos.

Para começar, reagiu às críticas de Humberto usando seu nome e inventando que seu fantasma virou o parceiro do esperto "médium" (espécie de Aécio Neves da fé religiosa, com um apetite pseudo-filantrópico comparável a Luciano Huck; ambos são admiradores confessos dele).

Foi criado até mesmo um livro-patriotada, que prometia que o Brasil teria uma posição de domínio no planeta, no plano político e religioso.

O livro é risível como documento histórico e foi feito sob encomendação do Estado Novo.

Mas, como tudo que leva o nome dos mortos, a bibliografia desse "médium" é extremamente abominável: uma combinação de textos prolixos e rebuscados, erros históricos e conceituais diversos ou de ordinários livretos, todos defendendo valores moralistas reacionários.

Neles há até declarações machistas, racistas, homofóbicas. Fora o ponto primordial, que é a defesa da desgraça humana. Muitos creem que o "médium" está associado à "maldição dos filhos mortos", porque vários de seus devotos tinham seus filhos morrendo de maneira misteriosa.

Antecipando a Veja com a "bela, recatada e do lar" da sra. Temer, um dos livros do "médium" recomendava que o "verdadeiro feminismo" seja exercido no "lar e na prece". Progressista?

No livro-patriotada, negros e índios eram classificados como "selvagens". Mais tarde, um outro livro atribuía o homossexualismo a uma "confusão mental".

É uma pena que as esquerdas deram ouvidos a esse "médium", pelo falso cheiro de humildade que a narrativa televisionada que o blindou trabalhou habilidosamente durante décadas.

O "médium" se envolveu em tantas fraudes que a blindagem tentava sugerir que elas eram "obstáculos" vencidos por um "fraco que revelou sua força maior".

Virou réu no caso de Humberto de Campos, e foi beneficiado pela Justiça seletiva da época (similar ao que vemos na Operação Lava Jato, por sinal tão apoiada pelo Espiritismo que aqui temos), ganhando a impunidade.

Depois se envolveu em espetáculos charlatães de falsa materialização espiritual. Chegou a ser cúmplice de uma notória farsante, mas livrou de ser desmascarado junto a ela.

A "caridade", se não tinha a perversidade da exploração sensacionalista das "cartas mediúnicas" (outras obras fake), no fundo um gancho para as pessoas aceitarem as tragédias da ditadura, tinha um sabor de espetáculos fajutos de mera ostentação.

As tais "caravanas do amor" faziam um estardalhaço só para pequenas ajudas, meramente paliativas, que nada resolviam de concreto as injustiças sociais. Só faziam o "médium" ser alvo de adoração, com essa "filantropia de Lata Velha".

O "médium" defendeu a ditadura militar, e ainda repudiou, com palavras firmes, os movimentos sociais e a figura pessoal de João Goulart e seu governo de "tendência claramente esquerdizante".

Essa defesa, manifesta num programa da TV Tupi em 1971, se deu quando a ditadura estava na sua pior fase e quando muitos apoiadores do golpe militar, como o ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, estava na oposição.

A tão alegada "beleza" da "figura humana" desse "médium" foi uma farsa armada por um tirânico presidente da federação a quem estava ligado, com o apoio da mídia mais poderosa na época, os Diários Associados.

É lamentável, e um tanto hipócrita, que hoje endeusam o "médium", desprezam o seu mentor. Santificam o Pinóquio sem fazer o mesmo com seu Gepetto.

As mensagens desse "médium" são de um insosso enjoado, cheios de trocadilhos baratos e recados moralistas bastante retrógrados. Não têm a beleza nem a sabedoria que muitos atribuem, e a "beleza" que muitos veem foi apenas uma maquiagem, com cenários floridos ou celestiais ao fundo.

Atualmente, o "médium" é blindado pelas Organizações Globo, que passaram a blindar o Espiritismo brasileiro como uma opção religiosa para fazer frente à concorrente Rede Record.

E aí vemos o quanto as pessoas não medem escrúpulos nem cautelas para adorar pessoas de trajetória irregular e confusa, uma ascensão feita sem um pingo de integridade nem de limpidez.

A título de comparação, a trajetória do professor Rivail, bajulado mas perversamente traído pelos "seguidores" brasileiros, era de uma limpidez e coerência admiráveis.

Muito diferente do "médium" de Minas Gerais cuja trajetória foi sempre feita de incidentes negativos, que ele mesmo fazia, mas depois queria posar de vítima, apelando para o coitadismo dos falsos cristos que carregam cruzes imaginárias em falsos calvários.

E aí nos lembramos de outro "santificado", o fascista Jair Bolsonaro.

Ele é favorito para a campanha presidencial, nas pesquisas sem Lula, e adorado por uma trajetória cheia de confusões.

É preocupante que Bolsonaro virou símbolo de "disciplina" para seus fãs: ele foi expulso do Exército justamente porque, na sua carreira militar, ele foi denunciado por INDISCIPLINA.

Machista, racista, homofóbico, autoritário, anti-democrata, inimigo da soberania nacional, Bolsonaro deveria estar em último lugar nas pesquisas.

Mas não. Há um forte tremor de que ele saia eleito. E, se isso ocorrer, adeus Brasil, com o efeito "morsas do Alasca" fazendo o país se entregar aos próprios infortúnios.

Será extremamente horrível. Mas como o Espiritismo brasileiro vive de contradições, como num terreno em que a coerência e o bom senso não encontram lugar, o Brasil arrasado por Bolsonaro perderá a chance de ser a nação central do planeta sonhada pelos adeptos da referida seita.

Pelo menos a patriotada do "médium", se passando pelo espírito de Humberto de Campos, foi cancelada, com um dado positivo: o Brasil não precisaria se tornar um tirania político-religiosa, apelando para um imperialismo como nação e uma teocracia como "território divino".

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