Vivemos uma situação surreal. O candidato oficialmente favorito para a Presidência da República é um sujeito sem projeto para o país e, quando tem alguma proposta, ela é sempre reacionária e nociva até aos brasileiros que só querem votar no "coiso".
E quem é o "coiso"? É o "mito", é Jair Bolsonaro, um dos dois famosos que eu nunca iria repartir meu bolo de aniversário (o outro é Mário Kertèsz, o astro-rei da Rádio Metrópole, de Salvador).
Ele só foi alçado ao posto de favorito nas pesquisas porque elas tiveram o "patrocínio" do "posto Ipiranga", ou seja, Paulo Guedes, junto ao lobby que envolve as empresas Centauro, Riachuelo, Havan e outras.
Isso porque, em circunstâncias normais, Jair Bolsonaro não estaria sequer no quinto lugar.
Afinal, bem ou mal, até Geraldo Alckmin e Marina Silva possuem propostas mais verossímeis que o "mito". Quem quer ser anti-petista sem risco, deveria ao menos votar nesses dois ou no inexpressivo Henrique Meirelles.
Mas fazer o quê? É o efeito "morsa do Alasca", todo mundo quer cair no tobogã da morte.
A bomba irá estourar mais forte em quem estiver no lado do detonador, porque Jair Bolsonaro é do tipo que não vai bancar o Papai Noel para aqueles que o elegerem.
E aí a impopularidade de Jair Bolsonaro, ou seja, quando cai a máscara do aspirante a ditador travestido de "grande líder democrático", tem a ajuda do vice, o general Antônio Hamilton Mourão.
Ele andou falando muitas bobagens que revelam o projeto secreto do governo autoritário. Do autogolpe ao recente caso do 13º salário.
Chamemos mais uma vez à atenção dos brasileiros comuns que aderem ao "canto de sereia" de Bolsonaro pelo fato de que ele e sua equipe querem manter o legado político do impopular Michel Temer e isto está explícito no seu programa de governo.
Não faz sentido o trabalhador indignado querer votar em Bolsonaro. A precarização do trabalho e a escravidão até ficarão mais intensas no governo do "mito".
Aí vemos a declaração certeira do general Mourão, em palestra da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Estado que é um dos redutos mais fortes do candidato do PSL.
"Jabuticabas brasileiras, décimo terceiro salário. Se a gente arrecada 12, como é que nós pagamos 13? É complicado. É o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais, é aqui no Brasil. São coisas nossas, a legislação que está aí. É sempre a visão dita social com o chapéu dos outros, não com o chapéu do governo", disse o "vice-mito".
A precipitação do general Mourão é um risco potencial para a candidatura de seu titular. Mourão abre demais o jogo, o que pode mostrar o projeto fascista e assustar os persuadidos, o "efeito manada" que se soma aos 5% originais de bolsonaristas realmente fiéis.
O próprio Bolsonaro, no hospital, foi enviar uma mensagem dando bronca no vice.
O candidato do PSL teve que admitir que o 13º salário está incluído em itens da Constituição Federal considerados cláusulas pétreas (ou seja, não podem sofrer emenda).
Bolsonaro tenta consertar as coisas. Já proibiu o vice Mourão de dar declarações. E o candidato do PSL, preocupado com sua imagem, falou até em gravar vídeo defendendo as mulheres.
Mas sua decadência, embora não reflita nas pesquisas oficiais, é visível pela rejeição que cresce nas redes sociais, a partir da hashtag #EleNao.
Flávio Bolsonaro, filho de Jair e candidato ao Senado pelo Rio de Janeiro, já ganhou também sua hashtag: #OFilhoDeleTambemNao.
A situação, porém, está delicada. Geraldo Alckmin, Marina Silva e Ciro Gomes até se esforçam, apresentando propostas que, discutíveis ou não, são verossímeis, mas não conseguem decolar nesse reality show eleitoral.
Fernando Haddad está na dele, o que é correto, apresentando propostas e enfatizando uma agenda mais positiva, fazendo apenas críticas conforme o contexto.
A ideia agora é torcer para que o segundo turno que parecia marcado para Bolsonaro lhe escape das mãos.
A turma do #EleNao faz a sua parte. Agora é o brasileiro "indignado" trocar o "mito" por um anti-petista menos perigoso.
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