A declaração na imagem acima, que eu reproduzi de imagem capturada pelo Diário do Centro do Mundo, me faz lembrar do valentonismo digital a que fui vítima.
Eu estava criticando a gíria "balada", que é um jargão que empobrece a nossa língua por fundir uma série de significados.
Nessa época eu já descobri que a gíria era um dialeto da Jovem Pan, que tornou-se uma emissora de rádio fascista.
Havia uma comunidade na qual se criticava a gíria "balada", que não era uma gíria de jovens inteligentes, e sofri um ataque de sociopatas no Orkut.
Os "fascistas mirins" invadiam minha página de recados para criar um arremedo de chat. Mais ou menos como busólogos fascistas fizeram para defender os ônibus padronizados invadindo uma petição virtual contra essa medida.
Pessoas fazendo piadinhas, depois comentários mais agressivos, depois ameaças.
Nessa época ainda havia o "marx-cartismo", ou seja, um pretenso esquerdismo com QI de extrema-direita.
Eram jovens que diziam odiar o Imperialismo, achar "neoliberalismo" um palavrão e fingiam gostar de Ernesto Che Guevara.
Mas eles só cumpriam um "protocolo" juvenil. Era politicamente incorreto haver jovens de direita. Eu vi um perfil de um dos agressores, um pitboy carioca, cujo perfil era proclamado de "esquerda-liberal", o que era uma mentira.
Só depois esse pessoal saiu do armário.Foi apoiar Yoani Sanchez, depois passaram a ler Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino e, em seguida, se juntar às passeatas do Movimento Brasil Livre (que devia ser chamado Movimento Me Livre do Brasil).
Em 2007, eram fingidamente petistas, psolistas ou trotskistas. Só depois descobri que isso era isca para atrair jovens modernos para o apoio a esses sociopatas.
Em 2014, votaram em Aécio Neves, embora desde os tempos do Orkut eles gracejavam quando alguém os associava ao PSDB, ao governo FHC (Fernando Henrique Cardoso) etc.
Diziam odiar políticos neoliberais ou conservadores mais porque eles pareciam cômicos - como George W. Bush que lembra o Alfred E. Neuman da revista MAD - do que por serem conservadores.
Esses jovens levavam às últimas consequências o aviso que Renato Russo escreveu em "A Dança" - "Você é tão moderno / Se acha tão moderno / Mas é igual a seus pais / É só questão de idade / Passando dessa fase / Tanto fez e tanto faz".
A embalagem é "moderna": palavrões, jeito arrojado, visual rebelde, linguagem irreverente, excesso de gírias, aparência que sugere alguma contemporaneidade.
Paciência. Até nos tempos do Comando de Caça aos Comunistas, seus integrantes lembravam beatniks, com terninho, penteados à maneira dos vanguardistas dos anos 1960.
Os reaças de hoje parecem surfistas, esqueitistas, universitários comuns, punks, alguns usam cabelo rasta, outros boné para trás como os rappers, e as moças também seguem seus estilos sarados.
Mas o discurso é medieval. E, nas redes sociais, seu reacionarismo serve como laboratório para suas visões golpistas e reacionárias.
Ontem defendiam "pequenas" medidas, como uma gíria como "balada", a pintura padronizada nos ônibus, as rádios pseudo-roqueiras (que adotam o modus operandi da Jovem Pan FM).
Hoje querem ver Jair Bolsonaro presidente. Eles "evoluíram" no falso esquerdismo de 2005-2007, no aecismo envergonhado de 2010-2014 e no bolsonarismo desesperado dos últimos tempos.
É um tipo de jovem arrogante. Aliás, são vários tipos, porque são um grupo de diversos tipos de pessoas, nos quais cabem tanto pretensos roqueiros fãs da Rádio Cidade carioca quanto "sertanejos" que frequentam o Villa Mix.
Se acham "donos da verdade" na defesa desesperada do establishment. Para eles, o que está na moda ou faz sucesso no mercado ou então é decidido por autoridades privilegiadas é "lei" e por isso ignoram escrúpulos para humilhar quem discorda deles.
São ignorantes, grosseiros e imprudentes sob muitos aspectos. São capazes de cometer crimes ou fazer ameaças, até nas ruas, mesmo sob o risco de serem presos em flagrante ou provocarem mal-entendidos com milicianos que pensam que eles são da quadrilha rival.
Estúpidos, se acham "inteligentes", do tipo que falam asneiras, com arrogância acima dos limites, como "Não preciso raciocinar, eu já nasci inteligente".
Me lembro disso quando um "inteligente" desses, nas redes sociais, escreveu uma mensagem idiota sobre a cantora Madonna, só por ela ter aderido à campanha #EleNao (que nas redes sociais repudia Jair Bolsonaro).
"Será que a Madonna conhece Bolsonaro? Será que ela já passou 10 minutos pesquisando sobre Bolsonaro ou PT? Ou será que é apenas mais uma querendo os 5 minutos de fama?", escreveu o rapaz.
Só que o carinha cometeu uma gafe. Imagine Madonna querer ter "cinco minutos de fama". Ela tem muito mais que isso. Ela tem, no mínimo, 36 anos de fama (levando em conta apenas o lançamento de seu primeiro compacto, "Everybody", em 1982), e muita fama, no mundo inteiro.
Talvez o rapazinho, que "não precisa raciocinar porque nasceu inteligente", é que não passou 10 minutos pesquisando sobre Madonna.
Mas se esse pessoal não conhece sequer a História do Brasil a ponto de achar a ditadura militar e o nazi-fascismo "o máximo", o que dizer de conhecer, por dez minutos, a trajetória de uma das mais populares cantoras pop do planeta.
É, esse pessoal odeia mesmo acordar cedo. Vão "pra balada c'a galera" e se jogam no cacófato. Embriagados de reacionarismo e intolerância, acordam no dia seguinte na ressaca e com dificuldades de acordar para o verdadeiro Brasil que eles desconhecem.
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