Vamos fazer um exercício de raciocínio lógico.
Salvador, uma das cidades em que o fascista Jair Bolsonaro está em baixa, uma "grande manifestação" tomou conta do Farol da Barra, anteontem.
Houve "grande número" de manifestantes pró-Bolsonaro e o Capitão Cláudio Silva, coordenador do Movimento Seu Voto Muda o Brasil, deu para mentir, através de uma nota:
"(...)tentam denegrir a imagem do futuro presidente do Brasil (...) Querem dividir o país com ódio. Querem que brancos não gostem de negros. Querem que ricos não gostem de pobres. E vice-versa. Tentaram até mudar a cor da nossa bandeira. Mas Bolsonaro veio para varrer do mapa a política tradicional. Nós vamos unir o país em um projeto novo, com desenvolvimento econômico e social. E nesta nação, bandido não terá vez".
Projeto novo? Harmonia entre brancos e negros, depois que Bolsonaro afirmou que vai destruir quilombos, alegando que os quilombolas nem sequer "sabem procriar"? E paz entre ricos e pobres, com Paulo Guedes criando uma privataria mais agressiva que a dos tucanos?
Vamos raciocinar uma coisa.
Bolsonaro está em baixa em Salvador. E a manifestação estava "numerosa demais" para uma cidade cujas manifestações dos "coxinhas" ou "manifestoches" estavam com baixa frequência.
A "grande manifestação", como na recepção ocorrida meses atrás no Aeroporto Luís Eduardo Magalhães, teve, na verdade, muitos "estrangeiros", importados de outros Estados.
O bolsonarismo é uma "rede", na qual a mesma "panela" de manifestantes acompanha os eventos em qualquer lugar.
Eles até usam o bordão "eu vim de graça". Isso é evidente. Tem quem pague as despesas para os bolsonaristas excursionarem pelo país e se hospedarem e se alimentarem em boas instalações. A frase completa deveria ser "eu vim de graça, pagaram todas as despesas por mim".
E em Salvador, a presença de "estrangeiros" já se notabilizava pelos foliões "importados" do Sul e Sudeste nos eventos dos blocos carnavalescos da axé-music, cujas empresas, pelo jeito, andam apoiando abertamente o "mito".
Recentemente, o cantor Netinho, seguindo o caminho de outra sobrevivente de problema de saúde, Andressa Urach, manifestou apoio a Bolsonaro. Deveriam pensar mais na vida e tomar cuidado na sua opção eleitoral.
Jair Bolsonaro é um sub-produto da sociedade hipermidiática em que vivemos.
Ele não tem propostas, suas ideias são retrógradas, suas atitudes, perigosamente antissociais, além de não possuir a segurança administrativa necessária para governar o país.
Até Geraldo Alckmin, com toda a sua falta de graça e seu caráter retrógrado, parece ter mais propostas e alguma segurança e preparo para governar o país.
Por isso, há muito marketing, muito suborno e muito valentonismo para forçar o favoritismo fake de Jair Bolsonaro.
Que, agora, se empolgou demais com a farsa e deixa sugerir um certo desejo de golpe, como um Aécio derrotado nas urnas, anos atrás.
E por que Jair Bolsonaro é um sub-produto da sociedade hipermidiática?
Simples. É porque as pessoas no Brasil não costumam estabelecer fronteiras entre a realidade e a fantasia.
As pessoas veem a realidade através do que a mídia transmite, e ignora sutilezas e manipulações que subvertem a lógica e a coerência das coisas.
Há a ditadura das convicções pessoais, aquela coisa de que "o que eu acredito é o que vale e dane-se a realidade", que transforma certas pessoas em figuras bastante perigosas.
Daí os sociopatas, que passam o tempo todo vivendo sozinhos, eles e os computadores, com um padrão atrofiado e psicótico de interpretar a vida real.
A realidade não é a que se apresenta, mas a que os sociopatas gostariam que ela fosse. E o pior é que, psicóticos, os sociopatas se acham mais realistas do que o rei, conforme diz o ditado popular.
Eles se acham os "possuidores da verdade", os "senhores da lógica", "donos da coerência" e arrumam todo tipo de desculpa para imporem seus pontos de vista.
As gerações mais recentes, dos mileniais em frente, mas incluindo, em parte, os quarentões de primeira viagem - nascidos a partir de 1978 - , não sabem a diferença do que é midiático e o que é espontâneo, ou do que é comercial ou não. E veem o mundo olhando para seus umbigos.
Isso é terrível. Porque, na sociedade hipermidiática, a mídia constrói uma narrativa que atrofia a realidade, ao mesmo tempo que exerce supremacia sobre ela.
As referências culturais se submetem ao hit-parade, ao agenda-setting e a outros critérios seletivos e restritivos, e os ídolos "naturalmente" acolhidos são os promovidos pelo poder midiático.
O caminho que levou Jair Bolsonaro, de coadjuvante do golpismo de 2016 ao perigoso protagonista dos episódios eleitorais de hoje não surgiu como o ar que respiramos.
Surgiu porque houve um trabalho midiático neste sentido, explorando sobretudo o sensacionalismo e a catarse humana.
Ficamos imaginando o que ocorreria se não houvesse esse caminho todo, essa campanha confusa, acidentada e perigosa de persuasão midiática.
Teríamos, tranquilamente, um segundo turno entre Geraldo Alckmin e Fernando Haddad, com o petista derrotando tranquilamente o tucano.
Isso é o que a mídia hegemônica não quer. Mais uma derrota tucana?
Daí que ela aposta num rival mais agressivo, ainda que seja do tipo que arromba as portas da democracia e da legalidade.
E é isso que está ameaçando o país, com mais um candidato promovido pela manipuladora mídia oligárquica. O Brasil está pior que frágil, está vulnerável.
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