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PREVI A VIOLÊNCIA EM NITERÓI APÓS O GOLPE DE 2016


Ontem, nada menos que quatro ocorrências criminais ocorreram em Niterói.

Na manhã, um arrastão de ladrões vindos de Charitas causou pânico em São Francisco.

Ainda na manhã, um tiroteio numa tentativa de assalto na filial da Drogaria Pacheco na Av. Roberto Silveira, ao lado do Campo de São Bento, causou pavor e correria das pessoas.

Na noite, tiroteios ocorreram no bairro do Viradouro, na altura da Estrada General Castro Guimarães (Estrada da Garganta).

Também na noite, um arrastão na altura de Maria Paula, no sentido São Gonçalo, também causou muito pavor nos motoristas.

Outra ocorrência noturna já havia ocorrido anteontem, na Rua João Pessoa, com um arrastão com ladrões de moto às 19 horas. Na fuga, os ladrões atropelaram alguns pedestres. Um segurança armado desistiu de atirar para evitar atingir algum inocente.

Ao longo desses três últimos anos, Niterói viveu ocorrências preocupantes de violência.

Houve até assassinato na altura do Rink, no começo da tarde. E uma série de assaltos a bares e restaurantes no Jardim Icaraí, cometidos pelo grupo chamado "Bonde do Fuzil".

E houve até perseguição em plena tarde na Av. Feliciano Sodré e assaltos, também à tarde, nas Lojas Americanas da Rua Santa Rosa.

Já havia previsto isso, em relação a uma cidade elitista e provinciana como Niterói, uma cidade que até gosto muito, mas que me decepcionou redondamente.

A cidade se perdeu, parou no tempo, e de tão parada acumula muitos problemas.

Na mobilidade urbana, deixam-se aberrações ocorrerem sem que se faça ou se pense em fazer alguma coisa para resolvê-las.

Um exemplo: a falta de avenida própria de ligação entre Rio do Ouro e Várzea das Moças.

Os dois bairros vizinhos dependem da RJ-106, rodovia estadual que, neste trecho, se transforma em "avenida de bairro", prejudicando o tráfego de quem se desloca de municípios distantes da Região dos Lagos para Niterói.

Outro exemplo: a Rodoviária de Niterói fica vazia durante vários momentos e o Terminal João Goulart fica sobrecarregado com a plataforma de linhas rodoviárias.

Enquanto isso, a Prefeitura de Niterói faz um carnaval quando apenas substitui os asfaltos das avenidas. Exagera alegando que bairros são "repaginados" apenas com essa ação, necessária mas insuficiente para tais perspectivas.

Só falta o prefeito Rodrigo Neves trazer de Salvador (mais atuante em mobilidade urbana) um trio elétrico de axé-music para rodar sobre cada avenida recém-reasfaltada.

Mas a situação da violência, no entanto, é um efeito que pode ter a ver com a impotência da Prefeitura de Niterói não só para promover segurança, mas também qualidade de vida.

Afinal, muita gente entra no mundo do crime por falta de qualidade de vida, revoltado com as favelas e sua falta de condições básicas: construções precárias, falta de saneamento, lixo e esgoto a céu aberto, fornecimento precário e caro de energia elétrica etc.

Evidentemente, a revolta também se dá com o subemprego e no conservadorismo da elite provinciana, porém esnobe.

Por isso é que ocorre a criminalidade intensa e preocupante. E isso eu já pressentia depois do impeachment de Dilma Rousseff e do governo Michel Temer, então respaldado de forma acanhada pela população conservadora.

Se houvesse um plano de desfavelização e urbanização autêntica e definitiva nos bairros populares e os niteroienses tivessem emprego de qualidade - não esse trabalho precarizado "com carteira" mas sem direitos que se quer propor - , os assaltos diminuiriam consideravelmente.

Muitos já começam a reclamar que Niterói se transformou em cidade do interior, jogando fora o seu potencial quase glamouroso de antiga capital do Estado do Rio de Janeiro.

Niterói precisa sair de sua bolha, de sua zona de conforto e não pode mais ficar feliz com sua situação.

Que Niterói reconheça seus problemas e aja de maneira rápida. Seja para reduzir o altíssimo número de fumantes, seja para criar novas avenidas.

Ficar indiferente aos próprios problemas é tratar a Zona de Conforto como se fosse o maior distrito de Niterói. Para não dizer o novo apelido, substituindo a antiga Cidade-Sorriso.

Espera-se que não sejam necessários novos assaltos para tirarem os niteroienses desse confortável terreno da acomodação e da indiferença aos próprios problemas.

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