Mais uma revelação pode fragilizar a campanha de Jair Bolsonaro, que contra ele está programado um ato de mulheres em várias partes do país, no próximo dia 29.
Ela parte da ex-mulher do candidato do PSL, Ana Cristina Valle, envolvida num incidente no qual Jair usou o Itamaraty para resolver um assunto pessoal.
Separada do hoje presidenciável, Ana é mãe de Jair Renan, então com 12 anos em 2011, estava vivendo uma temporada em Oslo, na Noruega, com o menino. Pouco mais tarde, ela se casou com um cidadão norueguês.
A separação foi conflituosa, e Jair abriu uma ação judicial no Rio de Janeiro e usou o Itamaraty para interceder a favor dele. A solicitação vai contra a natureza do Itamaraty, que não acolhe assuntos familiares.
A solicitação de Jair era para os diplomatas acompanharem o andamento da ex-mulher, com a qual disputava a guarda de Jair Renan.
Ana decidiu se mudar em 2009, e um telegrama de julho de 2011 divulgado pelo Itamaraty revelou que Jair fazia ameaças de morte à ex-mulher. Ele estava contrariado pelo fato dela ter levado o filho sem a autorização do hoje presidenciável.
O então embaixador Carlos Henrique Cardim havia recebido uma informação de um vice-consul que havia sido avisado por Ana que ela era ameaçada de morte pelo ex-marido.
Detalhes da reportagem são acessíveis aqui.
O caso, hoje, está superado e Ana Cristina passou a usar o codinome Ana Bolsonaro e, apesar de estar no Podemos, partido do também presidenciável Álvaro Dias, ela apoia o ex-marido.
Ela apareceu na campanha na sua cidade, Resende, onde foi funcionária pública, ao lado do filho, hoje maior de idade.
Apesar do episódio ter sido superado, ele revela mais um lado sombrio de Jair Bolsonaro.
E isso vem à tona diante do cruzamento de três episódios.
Um foi o ataque dos bolsonaristas nas redes sociais à candidata à Vice-Presidência da República na chapa de Fernando Haddad, Manuela d'Ávila.
Outro foi a abertura de segundo inquérito da Polícia Federal para apurar o atentado contra Jair.
No primeiro inquérito, concluiu-se que o criminoso, Adélio Bispo de Oliveira, agiu sozinho na tentativa de homicídio.
No segundo, suspeita-se que o autor da facada estaria agindo "a serviço de uma organização".
É aí que surgem as suspeitas da mídia alternativa do prolongamento das investigações, ao transformar um atentado movido por um ódio pessoal em crime político.
Isso pode equivaler à exploração política do sequestro do empresário Abílio Diniz, em 1989, que favoreceu a vitória de Fernando Collor na corrida presidencial, depois que Lula parecia o favorito para ganhar as eleições.
Bolsonaro promete enviar uma propaganda respondendo aos ataques a ele na Internet e defendendo a sua proposta econômica de "reduzir os impostos", através da colaboração de Paulo Guedes, seu "posto Ipiranga".
Mas Bolsonaro não é confiável, no seu hibridismo entre Jânio Quadros e Emílio Garrastazu Médici, ancorado por um sub-Roberto Campos que é Paulo Guedes.
Temperamental, sem firmeza de palavra, impulsivo, autoritário e com ideias retrógradas e perigosas - como a defesa do livre porte de armas para a população - , Bolsonaro não tem a menor qualidade para ser o favorito nas pesquisas.
Parece que, depois da repercussão da reportagem de capa do The Economist - revista considerada neoliberal e, portanto, sem a menor relação com o "lulopetismo" - , Jair está começando a cair.
Vamos ver no que isso vai dar.
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