Pular para o conteúdo principal

OPERAÇÃO FOR ALL E O ESGOTAMENTO DE UM MERCADO POPULARESCO

SUCESSO NACIONAL NOS ANOS 90, O É O TCHAN HOJE SE LIMITA AO JÁ RESTRITO E ELITIZADO MERCADO DA AXÉ-MUSIC LOCAL DE SALVADOR.

Há muito o que analisar sobre o caso da Operação For All que investiga fraudes em conjuntos popularescos como os Aviões do Forró.

Não se trata de uma perseguição tipo Sérgio Moro X PT.

Afinal, os estilos como "forró eletrônico", axé-music e "pagodão" baiano se ascenderam sob o apoio de uma estrutura de mídia e entretenimento que sempre apoiou os governos Collor e FHC.

Isso é fato, em que pesem todos os esforços dos barões do entretenimento do Norte-Nordeste e se vincularem ao esquerdismo hoje posto à margem do poder vigente.

É só pesquisar os antigos eventos de "forró eletrônico", "sertanejo" e axé-music e ver quais eram os deputados ou vereadores que patrocinavam tais apresentações.

As esquerdas médias iriam cair da cadeira: políticos do PSDB, PSC, PP, DEM e PRB.

Quando muito, a ala "peemedebizada" do PTB e do PDT, composta por simpatizantes da causa ruralista.

A memória curta e o monopólio de narrativa de uma intelectualidade comprometida com a bregalização do Brasil é que criou uma crença errada, totalmente equivocada.

Acredita-se, da forma mais errada e desprovida de lógica, que os "sucessos do povão" só são respaldados pelo PT, PC do B e PSOL.

Falta de análise, e o que faz com que as esquerdas médias leiam às pressas textos de Pedro Alexandre Sanches e MC Leonardo na mídia esquerdista sem saber dos preconceitos que eles trazem dos valores que ambos comungam da mídia venal.

Não aprenderam a amarga lição que Cabo Anselmo havia trazido entre a crise do governo João Goulart e o auge da ditadura militar.

A verdade é que, por mais que os midiotas choraminguem a "criminalização" dos Aviões do Forró, choradeira que ocorre muito quando o "funk" aparece no noticiário policial, a verdade é que a Operação For All é efeito de um esgotamento de um mercado.

No Norte e Nordeste, ritmos como "forró eletrônico", axé-music e tecnobrega mostram sinais de esgotamento.

As pessoas não aguentam mais os mesmos grupos que fazem um pastiche de música nordestina que tem muito de americanizado e quase nada de realmente nordestino.

Nestas regiões, não há o deslumbramento de intelectuais fascinados com o sabor artificial de povo trabalhado por esses enlatados musicais.

Tanto que a maior blindagem dos Aviões do Forró ocorre entre os midiotas do Sul e Sudeste, sobretudo Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba ou mesmo Belo Horizonte e Florianópolis.

Isso fora a complacência um tanto ingênua com setores das esquerdas médias que veem no "popular demais" uma utópica possibilidade de rebelião popular.

Como no século XIX, quando a escravidão declinou no Norte e Nordeste mas ganhou um último fôlego no Sul e Sudeste, o brega-popularesco tenta um último fôlego no eixo Rio-São Paulo.

O Ceará foi o primeiro a extinguir a escravidão, e é o primeiro a rejeitar o "forró eletrônico" .

Salvador tenta manter a axé-music, mas a cada ano ela se torna mais uma trilha sonora de festinhas burguesas.

Muitos até pensam que o Wesley Safadão virou "cidadão do mundo" e há quem sonhe em vê-lo até no festival de Coachella, nos EUA.

A verdade é que Safadão está decadente no Nordeste e seus ricos empresários, não bastasse a fortuna acumulada pelo próprio cantor, é que puderam comprar espaços, embora mais modestos do que a mídia alardeia, em cidades tidas como mais desenvolvidas.

Os Aviões do Forró também andam cortejando o Sul e Sudeste. O Calcinha Preta também.

Na axé-music, Bell Marques passou a ser rejeitado pelos soteropolitanos por sua prepotência e, fora do Chiclete Com Banana, pegou apenas parte do seu repertório e foi fazer carreira solo em outras plagas.

O É O Tchan, que já foi fenômeno nacional, só faz sucesso local dentro dos limites mercadológicos da axé-music.

Nem os baianos Jorge Portugal, secretário de Cultura da Prefeitura de Salvador, e Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura do Governo Federal, aguentam mais o popularesco.

Todos já admitem ser só música comercial, e não "cultura das periferias" que a intelectualidade "bacana" do Sul e Sudeste defendem e até tentam "guevarizar", transformar o jabaculê em um suposto combativismo de esquerda.

Hoje o "funk" trabalha uma escalada arrivista, criando uma supremacia de mercado que a axé-music havia criado há três décadas.

É o mesmo estranho fenômeno do Sul e Sudeste abocanharem tendências já descartadas no Norte e Nordeste.

E isso nos faz refletir sobre o atraso brasileiro.

Enquanto Diogo Mainardi dizia que os nordestinos eram "bovinos", observa-se mais a submissão social na parte de paulistas e cariocas, principalmente estes últimos.

O Norte e Nordeste começam a se reavaliar culturalmente, e a Operação For All é apenas um dos primeiros reflexos de uma sociedade que não aguenta mais ser exposta ao ridículo pelos "sucessos do povão" do jabaculê radiofônico.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESQUISISMO E RELATORISMO

As mais recentes queixas a respeito do governo Lula ficam por conta do “pesquisismo”, a mania de fazer avaliações precipitadas do atual mandato do presidente brasileiro, toda quinzena, por vários institutos amigos do petista. O pesquisismo são avaliações constantes, frequentes e que servem mais de propaganda do governo do que de diagnóstico. Pesquisas de avaliação a todo momento, em muitos casos antecipando prematuramente a reeleição de Lula, com projeções de concorrentes aqui e ali, indo de Michelle Bolsonaro a Ciro Gomes. Somente de um mês para cá, as supostas pesquisas de opinião apontavam queda de popularidade de Lula, e isso se deu porque os próprios institutos foram criticados por serem “chapa branca” e deles se foi cobrada alguma objetividade na abordagem, mesmo diante de métodos e processos de pesquisa bastante duvidosos. Mas temos também outro vício do governo Lula, que ninguém fala: o “relatorismo”. Chama-se de relatorismo essa mania de divulgar relatórios fantásticos sobre s...

BRASIL PASSOU POR SEIS DÉCADAS DE RETROCESSOS SOCIOCULTURAIS

ANTES RECONHECIDA COMO SÉRIO PROBLEMA HABITACIONAL, A FAVELA (NA FOTO, A ROCINHA NO RIO DE JANEIRO) TORNOU-SE OBJETO DA GLAMOURIZAÇÃO DA POBREZA FEITA PELAS ELITES INTELECTUAIS BRASILEIRAS. A ideia, desagradável para muitos, de que o Brasil não tem condições para se tornar um país desenvolvido está na deterioração sociocultural que atingiu o Brasil a partir de 1964. O próprio fato de muitos brasileiros se sentirem mal acostumados com essa deterioração de valores não significa que possamos entrar no clube de países prósperos diante dessa resignação compartilhada por milhares de pessoas. Não existe essa tese de o Brasil primeiro chegar ao Primeiro Mundo e depois “arrumar a casa”, como também se tornou inútil gourmetizar a decadência cultural sob a desculpa de “combater o preconceito”. Botar a sujeira debaixo do tapete não limpa o ambiente. Nosso país discrimina o senso crítico, abrindo caminho para os “novos normais” que acumulamos, precarizando nosso cotidiano na medida em que nos resig...

“ROCK PADRÃO 89 FM” PERMITE CULTUAR BANDAS FICTÍCIAS COMO O VELVET SUNDOWN

Antes de irmos a este texto, um aviso. Esqueçamos os Archies e os Monkees, bandas de proveta que, no fundo, eram muito boas. Principalmente os Monkees, dos quais resta vivo o baterista e cantor Micky Dolenz, também dublador de desenhos animados da Hanna-Barbera (também função original de Mark Hamill, antes da saga Guerra nas Estrelas).  Essa parcela do suposto “rock de mentira” até que é admirável, despretensiosa e suas músicas são muito legais e bem feitas. E esqueçamos também o eclético grupo Gorillaz, influenciado por hip hop, dub e funk autêntico, porque na prática é um projeto solo de Damon Albarn, do Blur, com vários convidados. Aqui falaremos de bandas farsantes mesmo, sejam bandas de empresários da Faria Lima, como havíamos descrito antes, seja o recente fenômeno do Velvet Sundown, grupo de hard rock gerado totalmente pela Inteligência Artificial.  O Velvet Sundown é um quarteto imaginário que foi gerado pela combinação de algoritmos que produziram todos os elementos d...

“GALERA”: OUTRA GÍRIA BEM AO GOSTO DA FARIA LIMA

Além da gíria “balada” - uma gíria que é uma droga, tanto no sentido literal como no sentido figurado - , outra gíria estúpida com pretensões de ser “acima dos tempos e das tribos” é “galera”, uma expressão que chega a complicar até a nossa língua coloquial. A origem da palavra “galera” está no pavimento principal de um navio. Em seguida, tornou-se um termo ligado à tripulação de um navio, geralmente gente que, entre outras atividades, faz a faxina no convés. Em seguida, o termo passou a ser adotado pelo jornalismo esportivo porque o formato dos estádios se assemelhava ao de navios. A expressão passou a ser usada, também no jornalismo esportivo, para definir o conjunto de torcedores de futebol, sendo praticamente sinônimo de “torcida”. Depois o termo passou a ser usado pelo vocabulário bicho-grilo brasileiro, numa época em que havia, também, as sessões de cinema mostrando notícias do futebol pelo Canal 100 e também a espetacularização dos campeonatos regionais de futebol que preparavam...

LULA DEVERIA SE APOSENTAR E DESISTIR DA REELEIÇÃO

Com o anúncio recente do ator estadunidense Michael Douglas de que iria se aposentar, com quase 81 anos de idade, eu fico imaginando se não seria a hora do presidente Lula também parar. O marido de Catherine Zeta-Jones ainda está na sua boa saúde física e mental, melhor do que Lula, mas o astro do filme Dia de Fúria (Falling Down) , de 1993, decidiu que só vai voltar a atuar se o roteiro do filme valer realmente a pena  Lula, que apresenta sérios problemas de saúde, com suspeitas de estar enfrentando um câncer, enlouqueceu de vez. Sério. Persegue a consagração pessoal e pensa que o mundo é uma pequena esfera a seus pés. Seu governo parece brincadeira de criança e Lula dá sinais de senilidade quando, ao opinar, comete gafes grotescas. No fim da vida, o empresário e animador Sílvio Santos também cometeu gafes similares. Lula ao menos deveria saber a hora de parar. O atual mandato de Lula foi uma decepção sem fim. Lula apenas vive à sombra dos mandatos anteriores e transforma o seu at...

A FALSA RECUPERAÇÃO DA POPULARIDADE DE LULA

LULA EMPOLGA A BURGUESIA FANTASIADA DE POVO QUE DITA AS NARRATIVAS NAS REDES SOCIAIS. O título faz ficar revoltado o negacionista factual, voando em nuvens de sonhos do lulismo nas redes sociais. Mas a verdade é que a aparente recuperação da popularidade de Lula foi somente uma jogada de marketing , sem reflexão na realidade concreta do povo brasileiro. A suposta pesquisa Atlas-Bloomberg apontou um crescimento para 49,7%, considerado a "melhor" aprovação do presidente desde outubro de 2024. Vamos questionar as coisas, saindo da euforia do pesquisismo. Em primeiro lugar, devemos pensar nas supostas pesquisas de opinião, levantamentos que parecem objetivos e técnicos e que juram trazer um recorte preciso da sociedade, com pequenas margens de erros. Alguém de fato foi entrevistado por alguma dessas pesquisas? Em segundo lugar, a motivação soa superficial, mais voltada ao espetáculo do que ao realismo. A recuperação da popularidade soa uma farsa por apenas envolver a bolha lulist...

ATÉ PARECE BRIGUINHA DE ESCOLA

A guerra do tarifaço, o conflito fiscal movido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, leva ao paroxismo a polarização política que aflige principalmente o Brasil e que acaba envolvendo algumas autoridades estrangeiras, diante desse cenário marcado por profundo sensacionalismo ideológico. Com o "ativismo de resultados" pop das esquerdas woke  sequestrando a agenda esquerdista, refém do vício procrastinador das esquerdas médias, que deixam as verdadeiras rupturas para depois - vide a má vontade em protestar contra Michel Temer e Jair Bolsonaro, acreditando que as instituições, em si, iriam tirá-los de cena - , e agora esperam a escala 6x1 desgastar as mentes e os corpos das classes trabalhadoras para depois encerrar com essa triste rotina de trabalho. A procrastinação atinge tanto as esquerdas médias que contagiaram o Lula, ele mesmo pouco agindo no terceiro mandato, a não ser na produção de meros fatos políticos, tão tendenciosos que parecem mais factoides. Lula transforma seu...

NEM SEMPRE OS BACANINHAS TÊM RAZÃO

Nesta suposta recuperação da popularidade de Lula, alimentada pelo pesquisismo e sustentada pelos “pobres de novela” - a parcela “limpinha” de pessoas oriundas de subúrbios, roças e sertões - , o faz-de-conta é o que impera, com o lulismo se demonstrando um absolutismo marcado pela “democracia de um homem só”. Se impondo como candidato único, Lula quer exercer monopólio no jogo político, se recusando a aceitar que a democracia não está dentro dele, mas acima dele. Em um discurso recente, Lula demoniza os concorrentes, dizendo para a população “se preparar” porque “tem um monte de candidato na praça”. Tão “democrático”, o presidente Lula demoniza a concorrência, humilhando e depreciando os rivais. Os lulistas fazem o jogo sujo do valentonismo ( bullying ), agredindo e esnobando os outros, sem respeitar a diversidade democrática. Lula e seus seguidores deixam bem claro que o petista se acha dono da democracia. Não podemos ser reféns do lulismo. Lula decepcionou muito, mas não podemos ape...

RADIALISMO ROCK: FOMOS ENGANADOS DURANTE 35 ANOS!!

LOCUTORES MAURICINHOS, SEM VIVÊNCIA COM ROCK, DOMINAVAM A PROGRAMAÇÃO DAS DITAS "RÁDIOS ROCK" A PARTIR DOS ANOS 1990. Como o público jovem foi enganado durante três décadas e meia. A onda das “rádios rock” lançada no fim dos anos 1980 e fortalecida nos anos 1990 e 2000, não passou de um grande blefe, de uma grande conversa para búfalos e cavalos doidos dormirem. O que se vendeu durante muito tempo como “rádios rock” não passavam de rádios pop comuns e convencionais, que apenas selecionavam o que havia de rock nas paradas de sucesso e jogavam na programação diária. O estilo de locução, a linguagem e a mentalidade eram iguaizinhos a qualquer rádio que tocasse o mais tolo pop adolescente e o mais gosmento pop dançante. Só mudava o som que era tocado. Não adiantava boa parte dos locutores pop que atuavam nas “rádios rock” ficarem presos aos textos, como era inútil eles terem uma boa pronúncia de inglês. O ranço pop era notório e eles continuavam anunciando bandas como Pearl Jam e...

A CORTINA DE FUMAÇA DA "SOBERANIA" DO GOVERNO LULA

LULISTAS ALEGAM QUE O PRESIDENTE LULA "RECUPEROU" A POPULARIDADE, MAS OS FATOS DIZEM QUE NÃO. O triunfalismo cego dos lulistas teve mais um impulso diante dos tarifaços do presidente dos EUA, Donald Trump, que pelo jeito transferiu a sua esfera de reality show  para a polarização política. Lula, supostamente vitorioso no episódio, havia se reunido ontem com o empresariado para responder à medida lançada pelo empresário-presidente na pátria de Titio Samuca. Essa suposta vitória se deu pela campanha que os lulistas - que, na prática, são a maior e principal corrente dos movimentos identitários brasileiros - estão lançando, a partir do próprio Governo Federal, defendendo a "soberania" brasileira, em tese insubmissa aos EUA. Lula também anunciou a criação de dois comitês para reagir ao tarifaço do presidente estadunidense. Dizemos em tese, porque nosso culturalismo brasileiro - que vai além das pautas politicistas do "jornalismo da OTAN" - se vale por uma músi...