SOLANGE ALMEIDA, DOS AVIÕES DO FORRÓ, NA SAÍDA DE SEU DEPOIMENTO NA POLÍCIA FEDERAL.
A Operação For All, mais do que um processo de investigação de fraudes e sonegações de ídolos popularescos, irá fazer o Brasil repensar aquilo que, ultimamente, é conhecido como "cultura popular".
Nem casos como o Procure Saber e ECAD/Ana de Hollanda conseguiram chegar a tanto.
Até pouco tempo atrás, tínhamos uma forte blindagem intelectual em volta dos tais sucessos "populares demais" da música brega-popularesca.
O próprio termo "brega-popularesco", que envolve tendências que vão dos primeiros cafonas ao mais escancarado comercialismo musical de hoje, praticamente só existe na Internet.
A imprensa até hoje nunca publicou o termo devidamente.
A ideia é transformar a MPB num "balaio de gatos", numa "casa da Mãe Joana", em que até às mulheres-frutas era prometido o paraíso futuro à direita de Tom Jobim.
O termo "brega-popularesco", que tem cerca de 15 anos, veio para chamar a atenção ao comercialismo tosco que, desde os primeiros ídolos cafonas, promovia a degradação cultural da música brasileira junto a fenômenos comportamentais e outros aspectos.
Era um mercado voraz, de uma suposta "cultura popular", com ênfase na música, que promovia uma visão idiotizada das classes populares e movimentava gigantescas somas financeiras.
Essa "cultura popular demais" sempre teve apoio das oligarquias políticas, econômicas e midiáticas nacionais e regionais.
Para elas, era bom trabalhar uma imagem caricatural do povo pobre, até para enfraquecer seu potencial de mobilização política.
E se hoje surpreendemos com o envolvimento do Poder Judiciário e do Ministério Público para atender a interesses oligárquicos, não nos atentamos com a blindagem intelectual que veio em prol da breguice dominante.
De repente, como num entardecer de temporal que sucede uma manhã de sol intenso, surgiram intelectuais que rejeitavam todo debate e questionamento ao "popular demais".
O menor "piu" contra os fenômenos que faziam estrondoso sucesso nas rádios, TVs e, recentemente, no mainstream da Internet, era visto como "preconceituoso".
Pode ser o questionamento mais objetivo, mais exato, que a plutocracia intelectual reagia acusando os contestadores de "elitistas", "moralistas" e "higienistas".
Houve quem dissesse que defender a melhoria na cultura popular era "fascista".
Essa plutocracia intelectual, a intelectualidade "bacana", tinha um sério agravante.
Eles vinham dos porões culturais do PSDB, treinados pelo tucanato acadêmico e seus associados (como gente ligada à Folha e à Globo), para fazer suas pregações na trincheira adversária.
E aí eles inseriram preconceitos da Folha e Globo na imprensa esquerdista, como Caros Amigos, Carta Capital, Fórum e Brasil de Fato.
Não por acaso, Pedro Alexandre Sanches e Sérgio Moro são da mesma geração, maringaenses que viveram sem problemas sua infância no Brasil do "milagre brasileiro".
Apesar do lacrimejante apelo de "combater o preconceito", o que a intelectualidade "bacana" queria era defender uma imagem de classes populares que já surgia seriamente preconceituosa.
Um "povo pobre" patético, ridículo, impotente, resignado, apegado a valores sociais retrógrados ou grotescos.
"Aceitar" essa imagem foi o imperativo que a intelligentzia empurrou durante anos nas páginas da mídia esquerdista.
Mas o estranho é que era uma visão que nem de longe desagradava os barões da grande mídia.
O "funk", por exemplo. A aparição de MC Guimê na capa da revista Veja derrubou completamente a imagem "guevarizada" que a intelligentzia trabalhava a respeito do funqueiro-ostentação que queria ser o "Eminem brasileiro".
Isso sem falar que a Globo, desde os anos 80, tornou-se não só receptiva à bregalização cultural que tornou-se um dos veículos de maior propaganda.
A Globo tentou "emepebizar" os "pagodeiros" e "sertanejos" da Era Collor, mas essa MPB fake nunca passou de música para motel cujo repertório autoral continuava tão constrangedor que antes.
Passaram-se os anos, vieram os escândalos e posturas reacionárias que derrubaram um a um os ídolos popularescos que integravam o cardápio do "dirigismo cultural" que a intelligentzia impunha às esquerdas.
Privatizaram a cultura popular que agora está nas mãos de empresas do entretenimento, uma realidade que não pode ser subestimada, pois revela a farsa desse pretenso discurso da "cultura das periferias" que só serve para enriquecer os barões dos "sucessos do povão".
E agora tem a Operação For All, cujo primeiro foco é o grupo Aviões do Forró, um dos nomes mais blindados pelos chamados midiotas das redes sociais.
E isso é só o começo. Em Salvador, a axé-music decai com seus escândalos locais, como carro de luxo comprado por cantor de arrocha, acusações de estupro no "pagodão" e fraudes trabalhistas de ídolos da axé-music contra seus empregados.
Embora alguns midiotas, tentando "recuperar" o esquerdismo fake do "popular demais", tentem comparar Xand e Solange Almeida, dos Aviões, a Lula e Dilma enquadrados pela Lava Jato, o brega-popularesco aparece, aqui, como um Aécio Neves sendo finalmente investigado.
Poucos se lembram que o "popular demais" sempre teve apoio da mídia venal nacional e regional e os políticos que eventualmente patrocinavam seus ídolos são ligados a partidos de direita, que hoje apoiam Michel Temer.
As rádios que tocam essas músicas são controladas por empresários que as receberam de presente de José Sarney, Antônio Carlos Magalhães e, mais tarde, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.
Portanto, as intelectualidades progressistas, depois de, sem querer e sem perceber, engrossar o coro da mídia plutocrática que promoveu a supremacia da breguice dominante, começam agora a pensar.
Armadilhas como a intelectualidade pró-brega e o Judiciário seletivo são apenas alguns dos principais ardis montados para enfraquecer governos progressistas.
Com a infiltração da centro-direita intelectual nas esquerdas, passou-se a pensar a cultura popular sob uma ótica rentista e financista, enquanto se consentia em ver o povo idiotizado e preso aos seus piores paradigmas.
Isso enfraqueceu o esquerdismo, na medida em que as próprias esquerdas foram forçadas a acreditar em visões de cultura popular trazidas pela mídia venal. Esquecem que o termo "periferia" veio principalmente da Teoria da Dependência de FHC.
Resultado: a maioria do povo pobre, empurrada para o espetáculo grotesco do brega-popularesco, ficou de fora dos debates públicos que mais lhe interessavam.
A falácia de que era melhor o povo rebolando do que lutando por reforma agrária iludiu as esquerdas, mesmo alguns ativistas e jornalistas mais bem intencionados.
O debate esquerdista se esvaziou e os midiotas que blindavam o brega-popularesco foram também se vestir de verde-amarelo para pedir o "Fora Dilma". A intelectualidade "bacana" abriu caminho para a urubologia dar sua réplica, que era o objetivo desta manobra.
O caminho que veio de Milton Moura elogiando É O Tchan acabaria em Rodrigo Constantino bancando o falso moralista cultural.
Agora, com as esquerdas fora do poder, a dívida do debate público está sendo saldada com avaliações autocríticas de muitos jornalistas, economistas, juristas etc.
O "combate ao preconceito" só gerou mais preconceito ainda. E a dita "cultura popular" criou um mercado arrivista de poderosas empresas de entretenimento que cometem sonegações de impostos e fraudes trabalhistas.
A Operação For All, mais do que um processo de investigação de fraudes e sonegações de ídolos popularescos, irá fazer o Brasil repensar aquilo que, ultimamente, é conhecido como "cultura popular".
Nem casos como o Procure Saber e ECAD/Ana de Hollanda conseguiram chegar a tanto.
Até pouco tempo atrás, tínhamos uma forte blindagem intelectual em volta dos tais sucessos "populares demais" da música brega-popularesca.
O próprio termo "brega-popularesco", que envolve tendências que vão dos primeiros cafonas ao mais escancarado comercialismo musical de hoje, praticamente só existe na Internet.
A imprensa até hoje nunca publicou o termo devidamente.
A ideia é transformar a MPB num "balaio de gatos", numa "casa da Mãe Joana", em que até às mulheres-frutas era prometido o paraíso futuro à direita de Tom Jobim.
O termo "brega-popularesco", que tem cerca de 15 anos, veio para chamar a atenção ao comercialismo tosco que, desde os primeiros ídolos cafonas, promovia a degradação cultural da música brasileira junto a fenômenos comportamentais e outros aspectos.
Era um mercado voraz, de uma suposta "cultura popular", com ênfase na música, que promovia uma visão idiotizada das classes populares e movimentava gigantescas somas financeiras.
Essa "cultura popular demais" sempre teve apoio das oligarquias políticas, econômicas e midiáticas nacionais e regionais.
Para elas, era bom trabalhar uma imagem caricatural do povo pobre, até para enfraquecer seu potencial de mobilização política.
E se hoje surpreendemos com o envolvimento do Poder Judiciário e do Ministério Público para atender a interesses oligárquicos, não nos atentamos com a blindagem intelectual que veio em prol da breguice dominante.
De repente, como num entardecer de temporal que sucede uma manhã de sol intenso, surgiram intelectuais que rejeitavam todo debate e questionamento ao "popular demais".
O menor "piu" contra os fenômenos que faziam estrondoso sucesso nas rádios, TVs e, recentemente, no mainstream da Internet, era visto como "preconceituoso".
Pode ser o questionamento mais objetivo, mais exato, que a plutocracia intelectual reagia acusando os contestadores de "elitistas", "moralistas" e "higienistas".
Houve quem dissesse que defender a melhoria na cultura popular era "fascista".
Essa plutocracia intelectual, a intelectualidade "bacana", tinha um sério agravante.
Eles vinham dos porões culturais do PSDB, treinados pelo tucanato acadêmico e seus associados (como gente ligada à Folha e à Globo), para fazer suas pregações na trincheira adversária.
E aí eles inseriram preconceitos da Folha e Globo na imprensa esquerdista, como Caros Amigos, Carta Capital, Fórum e Brasil de Fato.
Não por acaso, Pedro Alexandre Sanches e Sérgio Moro são da mesma geração, maringaenses que viveram sem problemas sua infância no Brasil do "milagre brasileiro".
Apesar do lacrimejante apelo de "combater o preconceito", o que a intelectualidade "bacana" queria era defender uma imagem de classes populares que já surgia seriamente preconceituosa.
Um "povo pobre" patético, ridículo, impotente, resignado, apegado a valores sociais retrógrados ou grotescos.
"Aceitar" essa imagem foi o imperativo que a intelligentzia empurrou durante anos nas páginas da mídia esquerdista.
Mas o estranho é que era uma visão que nem de longe desagradava os barões da grande mídia.
O "funk", por exemplo. A aparição de MC Guimê na capa da revista Veja derrubou completamente a imagem "guevarizada" que a intelligentzia trabalhava a respeito do funqueiro-ostentação que queria ser o "Eminem brasileiro".
Isso sem falar que a Globo, desde os anos 80, tornou-se não só receptiva à bregalização cultural que tornou-se um dos veículos de maior propaganda.
A Globo tentou "emepebizar" os "pagodeiros" e "sertanejos" da Era Collor, mas essa MPB fake nunca passou de música para motel cujo repertório autoral continuava tão constrangedor que antes.
Passaram-se os anos, vieram os escândalos e posturas reacionárias que derrubaram um a um os ídolos popularescos que integravam o cardápio do "dirigismo cultural" que a intelligentzia impunha às esquerdas.
Privatizaram a cultura popular que agora está nas mãos de empresas do entretenimento, uma realidade que não pode ser subestimada, pois revela a farsa desse pretenso discurso da "cultura das periferias" que só serve para enriquecer os barões dos "sucessos do povão".
E agora tem a Operação For All, cujo primeiro foco é o grupo Aviões do Forró, um dos nomes mais blindados pelos chamados midiotas das redes sociais.
E isso é só o começo. Em Salvador, a axé-music decai com seus escândalos locais, como carro de luxo comprado por cantor de arrocha, acusações de estupro no "pagodão" e fraudes trabalhistas de ídolos da axé-music contra seus empregados.
Embora alguns midiotas, tentando "recuperar" o esquerdismo fake do "popular demais", tentem comparar Xand e Solange Almeida, dos Aviões, a Lula e Dilma enquadrados pela Lava Jato, o brega-popularesco aparece, aqui, como um Aécio Neves sendo finalmente investigado.
Poucos se lembram que o "popular demais" sempre teve apoio da mídia venal nacional e regional e os políticos que eventualmente patrocinavam seus ídolos são ligados a partidos de direita, que hoje apoiam Michel Temer.
As rádios que tocam essas músicas são controladas por empresários que as receberam de presente de José Sarney, Antônio Carlos Magalhães e, mais tarde, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.
Portanto, as intelectualidades progressistas, depois de, sem querer e sem perceber, engrossar o coro da mídia plutocrática que promoveu a supremacia da breguice dominante, começam agora a pensar.
Armadilhas como a intelectualidade pró-brega e o Judiciário seletivo são apenas alguns dos principais ardis montados para enfraquecer governos progressistas.
Com a infiltração da centro-direita intelectual nas esquerdas, passou-se a pensar a cultura popular sob uma ótica rentista e financista, enquanto se consentia em ver o povo idiotizado e preso aos seus piores paradigmas.
Isso enfraqueceu o esquerdismo, na medida em que as próprias esquerdas foram forçadas a acreditar em visões de cultura popular trazidas pela mídia venal. Esquecem que o termo "periferia" veio principalmente da Teoria da Dependência de FHC.
Resultado: a maioria do povo pobre, empurrada para o espetáculo grotesco do brega-popularesco, ficou de fora dos debates públicos que mais lhe interessavam.
A falácia de que era melhor o povo rebolando do que lutando por reforma agrária iludiu as esquerdas, mesmo alguns ativistas e jornalistas mais bem intencionados.
O debate esquerdista se esvaziou e os midiotas que blindavam o brega-popularesco foram também se vestir de verde-amarelo para pedir o "Fora Dilma". A intelectualidade "bacana" abriu caminho para a urubologia dar sua réplica, que era o objetivo desta manobra.
O caminho que veio de Milton Moura elogiando É O Tchan acabaria em Rodrigo Constantino bancando o falso moralista cultural.
Agora, com as esquerdas fora do poder, a dívida do debate público está sendo saldada com avaliações autocríticas de muitos jornalistas, economistas, juristas etc.
O "combate ao preconceito" só gerou mais preconceito ainda. E a dita "cultura popular" criou um mercado arrivista de poderosas empresas de entretenimento que cometem sonegações de impostos e fraudes trabalhistas.
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