O jogo político brasileiro é bastante complexo.
Infelizmente, o protagonismo está nas mãos das elites que recentemente compuseram o consórcio político-jurídico-midiático que está atualmente no poder.
Gente com atuação tendenciosa e interesses escusos, voltados para as causas particulares das elites envolvidas.
E neste jogo político, há aparentes imprevistos, como o ex-deputado Eduardo Cunha, antes apoiado pela grande mídia, hoje por ela descartado.
Mas a surpresa mesmo é o suposto apoio da Globo e Veja para a candidatura de Marcelo Freixo para a Prefeitura do Rio de Janeiro.
Não que a mídia patronal passou a cair de amores pelo candidato do PSOL.
É apenas por uma razão puramente estratégica.
É tentar derrotar o candidato rival, o engenheiro e "bispo" Marcelo Crivella.
A Veja publicou na capa de sua edição recente uma foto de Crivella em poses que lembram um prisioneiro fazendo fotos para registro criminal. Que em inglês se chama mugshots.
Crivella tinha um terreno da Igreja Universal do Reino de Deus, da qual faz parte, e se envolveu numa confusão por causa de uma invasão, no bairro carioca de Laranjeiras.
Ele teria sido detido. O hoje senador Crivella nega que teria sido preso.
Segundo ele, sua intenção era fazer inspeção num local por causa de uma obra em risco e houve discussão.
O assunto não tem muita importância mas Veja, que, na sua espera pela prisão de Lula (fato "adiado" por causa do vazamento de tal informação pela mídia esquerdista), resolveu apelar para temas diferentes.
Na semana anterior, tentou uma capa com o cantor Bob Dylan que, avisamos os navegantes, é uma personalidade muito indigesta para os estômagos reaças dos vejistas.
Mesmo assim, encalhou, pois Veja continua encalhando, com suas pilhas de exemplares da edição anterior acumulados com a chegada da edição corrente.
Com Crivella, a Veja ganhou apoio da Globo, que "viralizou" a notícia, a partir do jornal O Globo.
O "apoio" a Marcelo Freixo para combater o xará Crivella tem um motivo.
Evitar que, com a vitória de Crivella, a Rede Record, de propriedade da IURD, irá crescer no Rio de Janeiro.
Isso significa a redução da supremacia da Rede Globo em seu berço.
A paulista Record já havia crescido em audiência, neutralizando o poder "global".
A intelectualidade "bacana" até tentou "bolivarizar" ou "guevarizar" a liderança de audiência da novela Os Dez Mandamentos.
Se esqueceu que, depois de um breve período como simpatizante dos governos petistas, os donos da Record passaram à oposição, em que pese empregar alguns dos blogueiros progressistas.
Afinal, a IURD seguiu a tendência natural da "bancada da Bíblia", que é defender valores ultraconservadores.
Mesmo assim, a Record, por ser controlada por religiosos, representa uma ameaça ao império "global".
A Rede Globo não pode fazer campanha contra Marcelo Crivella, se ele for prefeito do Rio de Janeiro, sem que receba uma réplica da Record.
A Record irá fazer reportagens escandalosas sobre os "podres" das Organizações Globo.
Até o triplex de Parati, de propriedade da família Marinho, será fartamente denunciada.
Ela custa dez vezes mais o suposto triplex de Lula, que nunca pertenceu ao ex-presidente, até porque ele desistiu de comprá-lo.
E é isso que dá medo na Globo e na mídia venal associada.
Daí que resolveram "apoiar" Freixo, ainda que meio a contragosto.
Depois, poderão "desmoralizar" Freixo porque não haverá uma concorrente economicamente forte contra a Globo.
Haverá o contraponto da mídia alternativa, mas esta já perdeu a "mesada" do Governo Federal por decisão do sempre temeroso presidente Temer.
A mídia venal joga duro, até quando adota posturas aparentemente inusitadas como o aparente apoio à candidatura do esquerdista Freixo.
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