Até que ponto a Escola Sem Partido tem sentido?
Uma escola que mascara a realidade, em vez de aceitar discuti-la, não irá ajudar para o progresso de um país.
A escola serve a princípios elitistas, religiosos e a favor de outras forças discriminatórias.
O projeto é obscurantista, tanto que nem deveria ser chamado de projeto para a Educação, mas para a DESEDUCAÇÃO.
O projeto tem 12 anos e foi criado pelo advogado Miguel Najib, assustado ao saber que a filha aprendeu na escola que Ernesto Che Guevara era comparado a São Francisco de Assis.
O Escola Sem Partido é o oposto do Método Paulo Freire.
Quer desensinar, obscurecer, emburrecer e, quando ensina, só o mais estritamente inócuo para os interesses que estão em jogo.
Se for para ensinar cozinhar, tudo bem. Se for para fazer contas, tudo bem. Se for tão somente para aprender a ler e escrever, tudo bem.
O Escola Sem Partido só serve para desmitificar aqueles que ficam felizes quando a ideia de Educação repousa sob a estrutura de uma instituição religiosa.
É um desses mitos que fazem com que qualquer mistificador da vida virasse "grande ícone da caridade" só ajudando pequenas parcelas da população.
Porque o cara é um astro da seita religiosa, faz palestras com pretensa erudição discursiva, tem uma baita instalação de "caridade" num bairro pobre, é tido como "sábio" por multidões de incautos.
E vai para o Fantástico comemorar uma "caridade" que só ajudou pouca gente.
E talvez queira o Nobel da Paz porque foi abrigar uns gatos pingados e dar um ensino frouxo para eles.
O Escola Sem Partido mostra o lado sombrio disso tudo.
Afinal, num reduto de falta de esclarecimento nas mídias sociais, as pessoas julgam, equivocadamente, o valor "transformador" de um projeto educacional pelo vínculo estabelecido por alguma religião.
Só que religião lida com mitos, fantasias e, quando muito, especulações, e Educação não tem a ver com isso, tem a ver com o preparo de pessoas jovens para enfrentar a realidade.
Se você enfrenta a realidade acreditando que o homem surgiu do barro e a mulher, da costela desse mesmo homem, então você não está enfrentando a realidade.
O Escola Sem Partido não é apenas um projeto ruim ou retrógrado para o Brasil, mas uma catástrofe a ser anunciada para o futuro do país.
Paulo Freire, acusado injustamente de ser "manipulador", queria despertar as pessoas para a realidade.
Tanto que ele foi muito mais caridoso que zilhões de religiosos juntos.
Seu método procurava conhecer a realidade de cada povo, e daí bolava um projeto educacional específico, a ensinar as pessoas a ler, escrever, trabalhar e, acima de tudo, pensar e agir.
No tempo de João Goulart, um político potiguar afirmou que o Método Paulo Freire mudaria o mapa eleitoral de um país.
Se tivéssemos o Método Paulo Freire em pleno andamento há tempos, simplesmente todos os políticos ligados ao governo de Michel Temer, inclusive o próprio, estariam presos, aposentados ou mofando num melancólico ostracismo.
Mas a plutocracia não quer isso.
E aí temos o tenebroso Escola Sem Partido, mais para "escória" do que para "escola", prometendo garantir a "pluralidade de pensamento".
Balela. Mentira. Conversa para boi dormir.
Até porque, como afirmam os melhores dicionários, "pluralidade" é sinônimo de "diversidade".
Aí entra a gafe que derruba o Escola Sem Partido, não bastasse seu caráter partidário, ligado a partidos de direita brasileiros.
O Escola Sem Partido quer derrubar a diversidade de visões e substitui-la pela pluralidade.
Só um burro seria capaz de aceitar que um projeto educativo iria trocar a diversidade pela pluralidade.
Ou o Escola Sem Partido é imbecil ou seus idealizadores são cínicos, mesmo.
Trocar o "seis", ligado ao petismo, pelo "meia-dúzia", ligado à "sociedade democrática e cristã", é um supra-sumo do asneirol humano.
E é essa estupidez que mata o Escola Sem Partido na sua essência.
E comprova que esse projeto nada tem a ver com o objetivo de educar as pessoas.
Seja limitando os alunos a só conhecerem a "realidade" através de pais preconceituosos, de um perfil conservador que é o foco desse projeto deseducativo.
Seja impondo um receituário para os professores, um engodo chamado "Deveres do Professor".
Os professores ficarão tão castrados em seus métodos que, daqui a pouco, eles só vão poder narrar contos-de-fadas para os alunos.
O Escola Sem Partido, portanto, já disse a que veio nos seus 12 anos de existência.
Comprovou o seu total desprezo pelo povo brasileiro.
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