Depois do vexame da música "Saquear Brasília", cuja letra defende o vandalismo para eliminar a corrupção no Congresso Nacional, o Capital Inicial decepcionou mais uma vez.
Na apresentação, na noite do último sábado (25), no Teatro Positivo, em Curitiba, Dinho Ouro Preto dedicou a música "Que País é Este?" ao juiz Sérgio Moro.
Ele foi ovacionado pelos curitibanos que estavam lá vendo a banda brasiliense radicada em São Paulo se apresentar.
O problema é que "Que País é Este?" não é uma música do Capital Inicial.
É uma canção do Aborto Elétrico regravada pela Legião Urbana, no álbum homônimo de 1987.
Embora o Capital Inicial tenha como integrante um antigo membro do AE, a música foi feita apenas por Renato Russo.
Que, se vivo fosse, com a mais absoluta certeza não estaria gostando de jeito algum da "homenagem".
Renato estaria mais simpático a Lula e Dilma, mesmo que não fosse um petista.
E não estaria confiando numa atitude extremamente parcial do juiz Sérgio Moro, que na Operação Lava-Jato é duro demais com o PT, mas extremamente mole com o PSDB, PMDB e aliados.
Prendeu o ex-ministro de Lula e Dilma, Paulo Bernardo, com base em rumores mal analisados.
Mas deixa solto Aécio Neves, que sozinho fez muito mais corrupção, tanto no Mensalão quanto na Lava-Jato.
Aécio virou "intocável", mesmo quando vários delatores revelam que sua corrupção é escancarada.
A grande mídia até esconde Aécio debaixo do tapete, para depois encontrar um meio para "reabilitá-lo".
Dinho Ouro Preto esqueceu do sentido dos primeiros versos de "Que País é Este?".
Diz o trecho: "Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado".
Esquece que Sérgio Moro rompeu com seu compromisso de juiz quando apareceu em homenagens ao lado de João Roberto Marinho, das Organizações Globo, e João Dória Jr., do PSDB.
Sujeira pura, contrariando a sobriedade e a isenção que deveria ter um juiz.
Há também outro trecho que poderia ser creditado ao governo Michel Temer: "Ninguém respeita a Constituição / Mas todos acreditam no futuro da nação".
Foi um grande mico para um Dinho Ouro Preto que esqueceu as lições que teve do punk de Brasília.
O Capital Inicial, com essa atitude de fazer a plateia ovacionar Sérgio Moro, se juntou ao Ultraje a Rigor e ao Lobão na legião (sem relação com Renato Russo) de roqueiros "coxinhas".
Só falta Lobão fazer as pazes com Dinho e retirar o apelido de "coita" dado a ele.
E tudo isso na Curitiba que parece acompanhar São Paulo e Rio de Janeiro na decadência avassaladora do Sul e Sudeste.
Afinal, o reacionarismo da plateia ovacionando um juiz parcial, que não respeita a Constituição e diz acreditar no futuro da Nação, reflete a avalanche existencial que atingem o Sul e Sudeste.
Antes regiões marcadas pela modernidade social, o Sul e Sudeste sucumbiram a um vergonhoso surto de provincianismo e conservadorismo.
E, vendo a plateia de jovens, numa apresentação do Capital Inicial, aplaudindo Sérgio Moro, ainda mais com um vídeo registrado com entusiasmo pelos Revoltados On Line, uma pergunta deve ser feita:
Que país é este?
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