Pular para o conteúdo principal

MICHEL TEMER: UM GOVERNO REACIONÁRIO, PORÉM INSEGURO E DISSIMULADOR


A cada dia o governo de Michel Temer se mostra, além de reacionário, inseguro, dissimulador e demagógico.

Os últimos dias incluíram várias ocorrências.

Houve a reunião secreta do deputado afastado Eduardo Cunha com Michel Temer. Este admitiu, mas o outro, a princípio, tentou negar, mas teve que admitir o encontro também.

Provavelmente, a reunião é para Eduardo pedir a Michel para tentar últimas manobras para salvar o deputado do impeachment, e também para indicar aliados deste para a equipe de governo.

Michel Temer também teve que recuar, pelo menos na aparência, do seu desejo de reduzir o Bolsa Família.

Teve que fazer uma manobra, desviando o dinheiro que seria para gastos sociais para um aparente aumento de 12% do benefício.

A denúncia foi feita por Ieda Castro, que foi secretária nacional de Assistência Social do governo Dilma Rousseff e o presidente interino acabou confessando isso, ao falar em "reprogramação" do BF.

São dias bastante movimentados, no pior sentido.

Houve a prisão do ex-ministro de Dilma e Lula, Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffman - uma das vozes mais fortes do Senado contra o impeachment da presidenta - , depois revogada.

O Supremo Tribunal Federal constatou que não havia indícios que justificassem a prisão preventiva, resultante da etapa da Operação Lava-Jato chamada de Custo Brasil.

Paulo e a mulher são acusados de envolvimento em esquemas de propinas no Paraná. Como em toda acusação contra o PT, são rumores que setores do Judiciário e do MP tomam como fatos comprovados sem fazer qualquer investigação.

Quanto a José Dirceu, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu perdão da sentença condenatória referente às acusações de envolvimento com o Mensalão.

Mas continua sendo réu pela Operação Lava-Jato e segue linchado pelos anti-petistas mais raivosos.

Enquanto isso, desenha-se o Escola Sem Partido, ou melhor, Escória Sem Partido ou Escória Sem Pudor, engodo que pretende transformar a Educação brasileira num processo ideológico medieval.

Criado pelo advogado Miguel Nagib e defendido pela famiglia Bolsonaro, o projeto diz defender a "pluralidade de visões" e a "neutralidade do ensino".

E já disse a que veio, quando o Escola Sem Partido pretende não respeitar as crenças culturais de raiz africana dos alunos negros mas respeitar quem acredite numa fábula que é a "história" de Adão e Eva.

Prefere manter que pessoas ponham fantasias religiosas acima da realidade do que discutir a realidade e os problemas culturais que a plutocracia e as elites associadas não suportam ver alguém debater.

E tudo isso com um hoje desorientado Capital Inicial desonrando a memória de Renato Russo, no ano em que se fará 20 anos de ausência, dedicando uma música dele ao irregular juiz Sérgio Moro.

O juiz que é muito rápido para mandar condenar e prender petistas, mas muito hesitante para fazer o mesmo com tucanos.

Moro havia se reunido com o truculento ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, com um currículo de, como secretário de Segurança do governo de Geraldo Alckmin, em São Paulo, ter ordenado repressão policial contra universitários que faziam seus justos protestos.

E depois daí veio a prisão midiática e cinematográfica de Paulo Bernardo e a condução coercitiva de Leonardo Attuch, jornalista do portal Brasil 247.

E aí tem Rose de Freitas, líder do governo Michel Temer no Senado Federal, dizer que Dilma Rousseff não praticou pedaladas fiscais.

E tem Elio Gaspari, colunista de O Globo melindroso com os interesses dos patrões midiáticos, admitindo que o governo Michel Temer surgiu de um golpe.

Um governo Temer que se mostra reacionário, pelas suas propostas que retrocedem o país com o fim de muitas conquistas históricas do povo brasileiro.

Um governo Temer que se mostra inseguro, porque faz seus recuos, embora tímidos e com muito contragosto, só para agradar a população, como no caso do Ministério da Cultura, do Bolsa Família e do Minha Casa Minha Vida.

E dissimulador, porque por trás desses recuos há retrocessos bem mais sutis. Como criar um órgão de patrimônio histórico paralelo ao IPHAN, uma secretaria feita especialmente para quem quer atropelar o patrimônio cultural se servindo da especulação imobiliária ou de falsos reconhecimentos culturais.

Essa secretaria teria transformado o "funk carioca" em "patrimônio cultural" sem que se passasse por uma análise técnica rigorosa.

Afinal, o "funk" não veio de Marte, veio da Globo.

"Funk" não é Dilma, "funk" é "temer". Está nos dicionários inglês-português.

E o governo de Michel Temer já está desaprovado (termo usado pelo instituto Ipsos) por 70% dos entrevistados.

E isso coincide com a população, que de fato reprova o presidente interino.

Que agora deve pensar consigo mesmo se tem certeza que se tornará mesmo efetivo.

O governo Temer só será efetivo se for na marra. E aí o Brasil virará um pandemônio.

Como na ditadura militar de 1965.

Tomara que isso não aconteça e a normalidade democrática de antes dos caóticos meses de 2016 seja recuperada.

A crise que o Brasil vive hoje não dá mais para ser escondida.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BRASIL TÓXICO

O Brasil vive um momento tóxico, em que uma elite relativamente flexível, a elite do bom atraso - na verdade, a mesma elite do atraso ressignificada para o contexto "democrático" atual - , se acha dona de tudo, seja do mundo, da verdade, do povo pobre, do bom senso, do futuro, da espécie humana e até do dinheiro público para financiar seus trabalhos e liberar suas granas pessoais para a diversão. Controlando as narrativas que têm que ser aceitas como a "verdade indiscutível", pouco importando os fatos e a realidade, essa elite brasileira que se acha "a espécie humana por excelência", a "classe social mais legal do planeta", se diz "defensora da liberdade e do humanismo" mas age como se fosse radicalmente contra isso. Embora essa elite, hoje, se acha "tão democrática" que pretende reeleger Lula, de preferência, por dez vezes seguidas, pouco importando as restrições previstas pela Constituição Federal, sob o pretexto de que some

A GAFE MUNDIAL DE GUILHERME FIÚZA

Há praticamente dez anos morreu Bussunda, um dos mais talentosos humoristas do país. Mas seu biógrafo, Guilherme Fiúza, passou a atrair as gargalhadas que antes eram dadas ao falecido membro do Casseta & Planeta. Fiúza é membro-fundador do Instituto Millenium, junto com Pedro Bial, Rodrigo Constantino, Gustavo Franco e companhia. Gustavo Franco, com sua pinta de falso nerd (a turma do "cervejão-ão-ão" iria adorar), é uma espécie de "padrinho" de Guilherme Fiúza. O valente Fiúza foi namorado da socialite Narcisa Tamborindeguy, que foi mulher de um empresário do grupo Gerdau, Caco Gerdau Johannpeter. Não por acaso, o grupo Gerdau patrocina o Instituto Millenium. Guilherme Fiúza escreveu um texto na sua coluna da revista Época em que lançou uma tese debiloide. A de que o New York Times é um jornal patrocinado pelo PT. Nossa, que imaginação possuem os reaças da nossa mídia, que põem seus cérebros a serviço de seus umbigos! Imagine, um jornal bas

BRASIL TERRIVELMENTE DOENTE

EMÍLIO SURITA FAZENDO COMENTÁRIOS HOMOFÓBICOS E JOVENS GRITANDO E SE EMBRIAGANDO DE MADRUGADA, PERTURBANDO A VIZINHANÇA. A turma do boicote, que não suporta ver textos questionadores e, mesmo em relação a textos jornalísticos, espera que se conte, em vez de fatos verídicos, estórias da Cinderela - é sério, tem muita gente assim - , não aceita que nosso Brasil esteja em crise e ainda vem com esse papo de "primeiro a gente vira Primeiro Mundo, depois a gente conversa". Vemos que o nosso Brasil está muito doente. Depois da pandemia da Covid-19, temos agora a pandemia do egoísmo, com pessoas cheias de grana consumindo que em animais afoitos, e que, nos dois planos ideológicos, a direita reacionária e a esquerda festiva, há exemplos de pura sociopatia, péssimos exemplos que ofendem e constrangem quem pensa num país com um mínimo de dignidade humana possível. Dias atrás, o radialista e apresentador do programa Pânico da Jovem Pan, Emílio Surita, fez uma atrocidade, ao investir numa

ADORAÇÃO AO FUTEBOL É UM FENÔMENO CUJO MENOS BENEFICIADO É O TORCEDOR

Sabe-se que soa divertido, em muitos ambientes de trabalho, conversar sobre futebol, interagir até com o patrão, combinando um encontro em algum restaurante de rua ou algum bar bastante badalado para assistir a um dito "clássico" do futebol brasileiro durante a tarde de domingo. Sabe-se que isso agrega socialmente, distrai a população e o futebol se torna um assunto para se falar para quem vive de falta de assunto. Mas vamos combinar que o futebol, apesar desse clima de alegria, é um dos símbolos de paixões tóxicas que contaminam o Brasil, e cujo fanatismo supera até mesmo o fanatismo que já existe e se torna violento em países como Argentina, Inglaterra, França e Itália. Mesmo o Uruguai, que não costuma ter essa fama, contou com a "contribuição" violenta dos torcedores do Peñarol, que no Rio de Janeiro causaram confusão, vandalismo e saques, assustando os moradores. A toxicidade do futebol é tamanha que o esporte é uma verdadeira usina de super-ricos, com dirigente

POR QUE A GERAÇÃO NASCIDA NOS ANOS 1950 NO BRASIL É CONSIDERADA "PERDIDA"?

CRIANÇA NASCIDA NOS ANOS 1950 SE INTROMETENDO NA CONVERSA DOS PAIS. Lendo as notícias acerca do casal Bianca Rinaldi e Eduardo Menga, este com 70 anos, ou seja, nascido em 1954, e observando também os setentões com quem telefono no meu trabalho de telemarketing , meu atual emprego, fico refletindo sobre quem nasceu nos anos 1950 no Brasil. Da parte dos bem de vida, o empresário Eduardo Menga havia sido, há 20 anos, um daqueles "coroas" que apareciam na revista Caras junto a esposas lindas e mais jovens, a exemplo de outros como Almir Ghiaroni, Malcolm Montgomery, Walter Mundell e Roberto Justus. Eles eram os antigos "mauricinhos" dos anos 1970 que simbolizavam a "nata" dos que nasceram nos anos 1950 e que, nos tempos do "milagre brasileiro", eram instruídos a apenas correr atrás do "bom dinheiro", como a própria ditadura militar recomendava aos jovens da época: usar os estudos superiores apenas como meio de buscar um status profissional

"BALADA": UMA GÍRIA CAFONA QUE NÃO ACEITA SUA TRANSITORIEDADE

A gíria "balada" é, de longe, a pior de todas que foram criadas na língua portuguesa e que tem a aberrante condição de ter seu próprio esquema de marketing . É a gíria da Faria Lima, da Jovem Pan, de Luciano Huck, mas se impõe como a gíria do Terceiro Reich. É uma gíria arrogante, que não aceita o caráter transitório e grupal das gírias. Uma gíria voltada à dance music , a jovens riquinhos da Zona Sul paulistana e confinada nos anos 1990. Uma gíria cafona, portanto, que já deveria ter caído em desuso há mais de 20 anos e que é falada quase que cuspindo na cara de outrem. Para piorar, é uma gíria ligada ao consumo de drogas, pois "balada" se refere a um rodízio de ecstasy, a droga alucinógena da virada dos anos 1980 para os 1990. Ecstasy é uma pílula, ou seja, é a tal "bala" na linguagem coloquial da "gente bonita" de Pinheiros e Jardins que frequentava as festas noturnas da Zona Sul de São Paulo.  A gíria "balada", originalmente, era o

A LUTA CONTRA A ESCALA 6X1

Devemos admitir que uma parcela das esquerdas identitárias, pelo menos da parte da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), se preocupa com as pautas trabalhistas, num contexto em que grande parte das chamadas "esquerdas médias" (nome que eu defino como esquerdismo mainstream ) passam pano no legado da "Ponte para o Futuro" de Michel Temer, restringindo a oposição ao golpe de 2016 a um derivado, o circo do "fascismo-pastelão" de Jair Bolsonaro. Os protestos contra a escala 6x1, que determina uma jornada de trabalho de seis dias por semana e um de descanso, ocorreram em várias capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre, e tiveram uma repercussão dividida, mesmo dentro das esquerdas e da direita moderada. Os protestos foram realizados pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT). A escala 6x1, junto ao salário 100% comissionado de profissões como corretor de imóveis - que transformam a remuneração em algo tão

DERROTA DAS ESQUERDAS É O GRITO DOS EXCLUÍDOS ABANDONADOS POR LULA

POPULAÇÃO DE RUA MOSTRA O LADO OBSCURO DO BRASIL QUE NÃO APARECE NA FESTA IDENTITÁRIA DO LULISMO. A derrota das esquerdas nas recentes eleições para prefeitos em todo o Brasil está sendo abastada pelas esquerdas médias, que agora tentam investir nos mesmos apelos de sempre, os "relatórios" que mostram supostos "recordes históricos" do governo Lula e, também, supostas pesquisas de opinião alegando 60% de aprovação do atual presidente da República. Por sorte, a burguesia de chinelos que apoia Lula tenta convencer, através de sua canastrice ideológica expressa nas redes sociais, de que, só porque tem dinheiro e conseguem lacrar na Internet, está sempre com a razão, e tudo que não corresponder à sua atrofiada visão de mundo não tem sentido. A realidade não importa, os fatos não têm valor, e a visão realista do cotidiano nas ruas vale muito menos do que as narrativas distorcidas compartilhadas nas redes sociais. Por isso, não faz sentido Lula ter 60% de aprovação conform

SUPERESTIMADO, MICHAEL JACKSON É ALVO DE 'FAKE NEWS' NO BRASIL

  O falecido cantor Michael Jackson é um ídolo superestimado no Brasil, quando sabemos que, no seu país de origem, o chamado "Rei do Pop" passou as últimas duas décadas de vida como subcelebridade, só sendo considerado "gênio" pelo viralatismo cultural vigente no nosso país. A supervalorização de Michael no Brasil - comparado, no plano humorístico, ao que se vê no seriado mexicano  Chaves  - chega aos níveis constrangedores de exaltar um repertório que, na verdade, é cheio de altos e baixos e nem de longe representou algo revolucionário ou transformador na música contemporânea. Na verdade, Michael foi um complexado que, por seus traumas familiares, teve vergonha de ser negro, injetando remédios que fragilizaram sua pele e seu organismo, daí ter abreviado sua vida em 2009. E forçou muito a barra em querer ser roqueiro, com resultados igualmente supervalorizados, mas que, observando com muita atenção, soam bastante medíocres, burocráticos e sem conhecimento de causa.

SOCIEDADE COMEÇA A SE PREOCUPAR COM A "SERVIDÃO DIGITAL" DOS ALUNOS

No último fim de semana, a professora e filósofa Marilena Chauí comparou o telefone celular a um objeto de servidão, fazendo um contundente comentário a respeito do vício das pessoas verem as redes sociais. Ela comparou a hiperconectividade a um mecanismo de controle, dentro de um processo perigoso de formação da subjetividade na era digital, marcada pela necessidade de "ser visto" pelos outros internautas, o que constantemente leva a frustrações que geram narcisismos, depressão e suicídios. A dependência do reconhecimento externo faz com que as redes sociais encontrem no Brasil um ambiente propício dessa servidão digital, que já ocorria desde os tempos do Orkut, em 2005, onde havia até mesmo os "tribunais de Internet", processos de humilhação de quem discorda do que "está na moda". Noto essa obsessão das pessoas em brincarem de serem famosas. Há uma paranoia de publicar coisas no Instagram. Eu tenho um perfil "clandestino" no Instagram, no qual