Só agora, tardiamente, analistas de esquerda admitem: não houve uma revolução cultural no Brasil.
As esquerdas admitem que não foi debatida uma pauta cultural de esquerda.
Abriram caminho para intelectuais de centro-direita se infiltrarem na mídia de esquerda para fazer seu proselitismo.
Enquanto não se debatia a cultura e as esquerdas tinham que aceitar as pregações intelectualoides de que o jabaulê de hoje seria o folclore de amanhã, abriu-se o caminho para a direita.
Os intelectuais pró-brega abriram o caminho para os "revoltados" da urubologia midiática e do mini-fascismo nas mídias sociais.
Resultado: crise de valores e crise social, sendo que a chamada crise econômica é apenas um fator menor dessa situação, e um efeito mais da ganância das elites do que dos problemas do governo Dilma.
Entrando o temeroso governo de hoje, a crise cultural de muitos anos se consolida.
Temos crise cultural e as pessoas nem querem saber.
Há até um livro a respeito do assunto.
As pessoas inventam que não têm os cerca de R$ 25 do preço do livro para comprá-lo.
Mas gastam bem mais quando compram maços de cigarro para abastecer a poluição pulmonar mensal.
A grande mídia, evidentemente, não vai dizer que tem crise cultural.
Os jornalistas culturais da grande mídia tentam até inventar sua "visão de vanguarda", atribuindo falsa renovação artística a qualquer um que tenha um sâmpler na mão e uma ideia na cabeça.
E aí temos duas visões diferentes.
No Centro de Estudos e Cultura Alternativa Barão de Itararé, lamenta-se não ter havido um projeto cultural para o Brasil.
Os discípulos do mestre Apparicio Torelly admitindo que existe crise cultural.
Já no Jornal da Band, usou-se o "sertanejo" para dizer que "não há crise na cultura brasileira".
Sua emissora, a TV Bandeirantes, é controlada por um neto de Adhemar de Barros.
Apparicio renovou o pensamento de esquerda na imprensa brasileira.
Adhemar organizou a Marcha Deus e Liberdade, com as famílias rezando para haver golpe militar para o Brasil.
O Jornal da Band, ontem, mostrou uma reportagem dizendo que o "sertanejo" está espantando a crise no Brasil.
Sua visão de êxito enfatiza a "estrutura empresarial" que os músicos, sobretudo do "sertanejo universitário", adotam.
Quer dizer, a música "está bem" quando tem um empresário por trás.
Mesmo que seja necessário sustentar equipe técnica, músicos e financiar apresentações ao vivo e outras atividades, pensar nisso como um fim e não como um meio é apostar no comercialismo musical, e não na arte.
Evidentemente que há a necessidade de sustento, de estrutura econômica etc.
Mas quando isso envolve uma arte mais verdadeira, ela não aparece como um objetivo e não interfere na expressão artística de um cantor ou grupo.
Já no comercialismo do brega-popularesco, no qual se sobressaem principalmente o "funk" e o "sertanejo universitário", os "artistas" se moldam conforme os interesses econômicos em jogo.
Os ídolos dessa categoria não são verdadeiros nem espontâneos, e fazem uma representação postiça e caricatural das classes populares.
O "popular demais" é, na verdade, popular de menos.
Atingem o grande público mas não refletem a verdadeira realidade das classes populares.
Nem o "funk".
Que diante das ameaças de retrocessos às classes trabalhadoras, está armando um "baile funk" na alta sociedade.
A intelectualidade "bacana" queria que as esquerdas aceitassem o "funk" e o "sertanejo".
Só que se esquece da associação explícita desses dois ritmos, que há muito servem de canções de ninar para os barões da grande mídia.
Ritmos que, como outros do brega-popularesco, tentaram domesticar o povo pobre.
Para assim abrirem caminho para o governo Temer, que está "descendo até o chão".
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