Foi revelada a raiz do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.
A origem de todo esse retrocesso político que temos que aturar através do governo do presidente interino, mas com pretensões de efetivo, Michel Temer.
A origem está no Rio de Janeiro.
O Rio de Janeiro dos retrocessos mil.
Do neocoronelismo político de Eduardo Paes e companhia.
Do grotesco sonoro e comportamental do "funk".
Da confusão e da corrupção viária dos ônibus com pintura padronizada.
Do fanatismo totalitário do futebol carioca.
Da canastrice pseudo-roqueira da Rádio Cidade.
Da reprodução servil do pior de São Paulo, com as gírias de Luciano Huck, a breguice musical do Domingão do Faustão e o "mundo cão" dos programas policialescos exibidos à luz do dia.
Dos fascistas digitais que fazem cyberbullying contra quem não compartilha da visão idiotizada e subserviente que os sarcásticos internautas têm do cotidiano.
Das mulheres siliconadas que parecem felizes em fazerem o papel de objetos sexuais para consumo.
É esse o Rio de Janeiro que deixou de ser lindo e não é mais a Cidade Maravilhosa.
O Rio de Janeiro do estupro coletivo, das balas perdidas, das ciclovias que caem, dos políticos que nada fazem a não ser mentir, dos produtos que faltam nas prateleiras, do futebol que "rouba mas faz (gol)".
Um Rio de Janeiro que perdeu o rumo da vanguarda, deixou de ser resistência e virou desistência.
Um Rio de Janeiro que parece insensível aos próprios problemas.
Que teima em ser imponente mesmo em vertiginosa decadência.
Que teima em ser cidade-modelo mesmo com o bangue-bangue nos complexos Alemão e Maré.
É esse o Rio de Janeiro que, acreditando na moralidade, decidiu eleger, para a Câmara dos Deputados, um político sem muita expressão nem carisma.
Seu nome: Eduardo Cunha.
Foi a eleição dele o veneno que muitos eleitores cariocas serviram para todo o Brasil.
Isso porque Eduardo Cunha se revelou um político retrógrado e prepotente.
Um corrupto que queria lançar propostas obscurantistas e reacionárias para o país.
Que queria desqualificar trabalhadores, discriminar a estrutura familiar, eliminar conquistas sociais históricas obtidas com muito sangue, suor e lágrimas.
A catarse carioca em querer eleger um moralista religioso criou um monstro moral.
E a origem do impeachment se deu porque Cunha só pouparia Dilma se ele fosse poupado de ser investigado pela Operação Lava-Jato.
Não foi. Dilma, honesta, queria que todos os suspeitos fossem investigados pela Lava-Jato.
E o Brasil virou refém de Eduardo Cunha.
Se poupado, Dilma permaneceria no governo, mas Cunha iria impor suas pautas-bombas.
Mas como não foi poupado, Cunha articulou com o restante do PMDB carioca a saída da presidenta.
Articulou uma campanha com a mídia associada. Atraiu o apoio de Michel Temer.
Cunha e Temer articularam também com o PSDB. O derrotado de 2014, Aécio Neves, achou ótimo e vestiu a camisa do impeachment.
Resultado: de político inexpressivo, Eduardo Cunha se converteu no maior algoz do governo Dilma.
Cunha lutou para expulsar Dilma, conseguiu e, por isso, até aceitou ser afastado do poder.
Até porque anda governando por trás, combinando com Aécio o projeto de governo para o insosso Michel Temer.
O governo Temer juntou as pautas-bombas de Cunha com o projeto eleitoral de Aécio de 2014.
E o povo brasileiro vive uma situação insegura, governado por políticos corruptos e ameaçado de perder as conquistas sociais históricas.
Até a classe média que pediu "Fora Dilma" vai pagar caro com os retrocessos do governo Temer.
Isso porque uma parcela do eleitorado do Rio de Janeiro quis porque quis eleger um moralista sem moral.
Depois querem que o Rio de Janeiro seja modelo para todo o país.
Da maneira que o Rio está, é impossível.
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