Pular para o conteúdo principal

O QUE A MÍDIA PATRONAL PODE FAZER USANDO UMA GÍRIA

USE HUCK, FALE "BALADA" - Cortesia Jovem Pan e Rede Globo.

Poucos conseguem perceber as armadilhas da grande mídia.

Ela não só manipula no âmbito do jornalismo político, e, culturalmente, nem somente em humorismo, novelas e outros programas de entretenimento.

A manipulação é mais sutil e traiçoeira do que se pensa.

Até hoje ninguém entende, por exemplo, o poder manipulador do "funk carioca".

Arrivista, o ritmo popularesco fazia uma abordagem caricatural do povo pobre.

Surgiu musicalmente estranho, como um monocórdico karaokê que claramente mostrava a hierarquia entre os poderosos empresários-DJs e os MCs que não eram artistas, mas fetiches.

O "funk carioca" foi o IPES-IBAD da Era Lula e o "Cabo Anselmo" da Era Dilma.

Ninguém percebeu.

As esquerdas, na boa-fé, acharam que o "funk carioca" fazia etnografia a sério.

E não estranhavam por que o "funk carioca" era defendido com tranquila comodidade por gente do nível de Danilo Gentili e Otávio Frias Filho. Acharam que era coincidência.

Não sabiam a esperteza de um Rômulo Costa, que havia feito parcerias com as Organizações Globo através da extinta 98 FM e da Som Livre, tendo espaço no Xou da Xuxa e tudo, diante daquele "baile funk" de Copacabana.

Ninguém percebeu que a espetacularização das periferias representada pelo "funk" não era um ato de solidariedade a Dilma Rousseff, naquele 17 de abril da votação pelo impeachment.

Era uma forma de abafar o protesto e desviar a atenção, inclusive da imprensa estrangeira, dos reais objetivos da manifestação.

A Furacão 2000 apenas fingiu que defendia Dilma Rousseff e odiava Eduardo Cunha.

Mas "funk" e Eduardo Cunha são dois frutos da Era Collor e os dois estavam de mãos dadas em 1990.

O "funk" fortaleceu seu mercado através do apoio de políticos fluminenses que apoiaram Fernando Collor e estabeleciam alianças com Eduardo Cunha.

A barulheira do "funk" garantiu o silêncio da sociedade diante da votação de histéricos deputados querendo a abertura do processo de impeachment.

Até o suposto namorado de uma funqueira que diz "namorar os fãs" votou pelo "Fora Dilma".

Veio o governo Michel Temer, o "funk" deixou sua máscara cair.

Até de forma pior do que ver MC Guimê virando capa da revista Veja, em matéria elogiosa de uma revista que calunia e difama os movimentos sociais.

Alguém acha mera coincidência uma revista que prega que operários e estudantes não podem se organizar em entidades representativas e exalta um suposto "movimento social" como o "funk"?

Muitos imaginam que o esquerdismo só contesta o noticiário político e algum conteúdo de novelas ou humorísticos.

E aí vem a deixa da gíria.

Poucos conhecem a manobra da novilíngua escrita na visionária ficção 1984 de George Orwell.

De manipular o vocabulário para empobrecer a linguagem e impor palavras para o grande público falar e escrever.

Um processo que, décadas depois, o jornalista britânico Robert Fisk definiu como "palavras do poder" ou "vocabulário do poder".

E aí entra Luciano Huck, um dos maiores mecenas do "funk", um dos maiores astros da Rede Globo, filiado ao PSDB e amigo de Aécio Neves.

Ele popularizou a gíria "balada" que os incautos pensam ter nascido do ar que respiramos.

A gíria é o mais traiçoeiro processo de empobrecimento do nosso vocabulário, juntamente a outros jargões como "galera", "cliente" e outras "palavras do poder".

Se galera é usada generalizadamente para substituir os termos família, equipe, turma etc, com o agravante de algum acréscimo de preposições e substantivos - como "galera lá de casa", "galera lá da escola" - e "cliente" agora é todo tipo de freguês, a gíria "balada" é mais cruel.

Ela é um processo de manipulação do inconsciente dos jovens pela grande mídia.

Como um cupim, ela tenta eliminar dos dicionários expressões como noitada e festa e abolir ideias como "apresentação de DJ" ou "jantar entre amigos".

A gíria "balada" é tão traiçoeira que ela se recusa a ter a vida própria de uma gíria.

Como se sabe, uma gíria é restrita a um público específico e tem sua vida provisória de alguns meses ou anos.

A gíria "balada", embora própria do segmento clubber - que reúne conceitos como pop dançante, música eletrônica, desfiles de moda, DJs e ginástica aeróbica - , tenta ser uma gíria "de tudo e de todos".

Costumo definir a gíria "balada" como "gíria do Terceiro Reich", da forma totalitária como ela se impõe nos meios de Comunicação.

Tenta estar acima dos tempos e do espaço dos grupos sociais.

E quem popularizou a gíria "balada"? A Jovem Pan FM e a Rede Globo de Televisão.

Em ambos há a ligação de uma pessoa: Luciano Huck.

Ele era contratado da Jovem Pan e, mais tarde, deixava a TV Bandeirantes para fazer seu "H", rebatizado Caldeirão do Huck, na Rede Globo.

A Jovem Pan é conhecida por contratar, recentemente, comentaristas políticos reacionários, dos quais hoje se sobressaem Reinaldo Azevedo e Marco Antônio Villa. E seus programas já tiveram a visita de gente como Danilo Gentili.

A Rede Globo já tem um conhecido histórico de atitudes reacionárias, desde quando era ainda um projeto no papel de concessão do canal 4, antes reservado a uma emissora educativa, à Rádio Globo do Rio de Janeiro, dada em 1957.

Já deu para perceber por que eu, quando fui questionar a gíria "balada" na comunidade "Eu Odeio Acordar Cedo" no Orkut, em 2007, fui atacado por fascistas digitais.

Um playboy com a fúria de um "revoltado on line", carioca fã da "roqueira" Rádio Cidade, chegou a ameaçar invadir minha conta, e eu tive que cancelá-la antes, tirar férias de Orkut e só voltar meses depois.

Sofri um cyberbullying de um grupo semelhante à que, oito anos depois, atacou gente que ia de Taís Araújo a Lola Aronovich, que "beliscava" o ator José de Abreu no Twitter e foi para as ruas em 2015 pedir a volta da ditadura militar e fazer louvor ao Pato da Fiesp.

Gente que só não atacava Lula na época (era o tempo do falso esquerdismo de reaças enrustidos) porque ele, na época, ainda tinha um forte carisma.

Tinha até um pitboy "coxinha" que se definia como "esquerda-liberal" mesmo com o QI digno de articulista de Veja.

Gente que dizia odiar o Imperialismo e que, anos depois, pediu um novo golpe militar para tirar Dilma do governo. Que "seguia" o Emir Sader no Twitter mas escondia ser assinante de Veja.

Parece simplório que uma gíria como "balada" simbolize uma mídia reacionária, mas há muitos pontos sutis.

A gíria tem um caminho sociológico que não tem a ver com uma gíria comum, dessas naturalmente compartilhadas pelos amigos.

Sua origem remete à mesma lógica socialmente pândega (em todos os sentidos) dos lemas "polêmicos" da grife Reserva e da marca Use Huck.

A gíria "balada" foi lançada nas boates frequentadas por jovens ricaços e significava um eufemismo para entorpecentes servidos na forma de pílulas.

Tudo a ver com aquelas mensagens horríveis dizendo coisas como "Vem ni mim que estou facim" ou "Somos todos macacos".

A expansão da gíria é que reflete um contexto de poder midiático bastante traiçoeiro, feito para testar a influência da mídia privada na dominação dos jovens brasileiros.

Ela não se expandiu por ser compartilhada por amigos, mas de uma difusão midiática comandada pela Jovem Pan FM e Rede Globo e depois compartilhada pelas emissoras concorrentes.

Foi o esquema Goebbels de multiplicar uma ideia e fixá-la nas mentes das pessoas.

A gíria "balada" tinha até seu departamento de marketing, fazia seu esquema de mershandising.

Invadia noticiários "sérios" desmentindo seu caráter natural de gíria.

Afinal, gíria não se impõe como se fosse acima de circunstâncias, grupos sociais e tempos.

A gíria "balada" é tão horrível que muitas pessoas a pronunciam como se estivessem cuspindo.

Além disso, contraria, em "velocidade", o antigo sentido da palavra "balada", uma não-gíria relacionada a músicas lentas e histórias tristes.

Como na "Balada Triste" cantada por Agostinho dos Santos.

Na "balada" de hoje, as músicas não são lentas - embora na chamada "música eletrônica" haja muitas músicas lentas, como no trip hop - e é proibido dançar colado como numa dança romântica.

Afinal, a gíria "balada" é retrato de uma sociedade embrutecida e insensível, e a própria expressão simboliza um repertório social cruel para a juventude brasileira.

Um mundo voraz em que o jovem é apenas uma coisa, um instrumento de reafirmação do capitalismo, uma peça de engrenagem simbolizada pelo lazer totalitário das casas noturnas.

As casas noturnas simbolizam o lazer opressivo do sexo selvagem, do consumismo entorpecente, da diversão alucinógena. Pessoas reduzidas a coisas, escravas do consumismo de dinheiro, de bens, de sensações, de ilusões.

Da tirania dos instintos, da promiscuidade, da anulação da moralidade através do entretenimento, dos abusos diversos que vão da violência sexual à humilhação do outro.

Por trás da gíria "balada", há todo esse mundo frenético e desumano de um lazer inconsciente.

Que acaba produzindo sarcásticos e tirânicos fascistas nas mídias sociais.

Que impõem a todos um "amor" que não passa de uma combinação de sexo selvagem, drogas, anabolizantes, silicones, tatuagens, e todo um cruel lazer que esconde um processo de ordens e obediências.

Se você não concorda com esse mundo de orgias, é humilhado na Internet.

Pela mesma "galera" que vai para as ruas pedir a volta da ditadura militar.

Daí que a nossa grande mídia é traiçoeira, medieval, obscurantista.

É capaz de lançar uma gíria para dominar a juventude.

Hoje todos falam "balada" em vez de festa, folia, jantar (fora), (curtir) noitada.

Amanhã vão defender o ultraliberalismo, com privatizações vorazes e escravidões enrustidas para oprimir os brasileiros e garantir a fortuna dos ricos.

Os mesmos ricos cujos filhos felizes falam cacófatos como "ir pra balada c'a galera".

Pais ricos e gananciosos, filhos sarcásticos e reaças.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESQUISISMO E RELATORISMO

As mais recentes queixas a respeito do governo Lula ficam por conta do “pesquisismo”, a mania de fazer avaliações precipitadas do atual mandato do presidente brasileiro, toda quinzena, por vários institutos amigos do petista. O pesquisismo são avaliações constantes, frequentes e que servem mais de propaganda do governo do que de diagnóstico. Pesquisas de avaliação a todo momento, em muitos casos antecipando prematuramente a reeleição de Lula, com projeções de concorrentes aqui e ali, indo de Michelle Bolsonaro a Ciro Gomes. Somente de um mês para cá, as supostas pesquisas de opinião apontavam queda de popularidade de Lula, e isso se deu porque os próprios institutos foram criticados por serem “chapa branca” e deles se foi cobrada alguma objetividade na abordagem, mesmo diante de métodos e processos de pesquisa bastante duvidosos. Mas temos também outro vício do governo Lula, que ninguém fala: o “relatorismo”. Chama-se de relatorismo essa mania de divulgar relatórios fantásticos sobre s...

SIMBOLOGIA IRÔNICA

  ACIMA, A REVOLTA DE OITO DE JANEIRO EM 2023, E, ABAIXO, O MOVIMENTO DIRETAS JÁ EM 1984. Nos últimos tempos, o Brasil vive um período surreal. Uma democracia nas mãos de um único homem, o futuro de nosso país nas mãos de um idoso de 80 anos. Uma reconstrução em que se festeja antes de trabalhar. Muita gente dormindo tranquila com isso tudo e os negacionistas factuais pedindo boicote ao pensamento crítico. Duas simbologias irônicas vêm à tona para ilustraresse país surrealista onde a pobreza deixou de ser vista como um problema para ser vista como identidade sociocultural. Uma dessas simbologias está no governo Lula, que representa o ideal do “milagre brasileiro” de 1969-1974, mas em um contexto formalmente democrático, no sentido de ninguém ser punido por discordar do governo, em que pese a pressão dos negacionistas factuais nas redes sociais. Outra é a simbologia do vandalismo do Oito de Janeiro, em 2023, em que a presença de uma multidão nos edifícios da Praça dos Três Poderes, ...

A PRISÃO DE MC POZE E O VELHO VITIMISMO DO “FUNK”

A prisão do funqueiro e um dos precursores do trap brasileiro, o carioca MC Poze do Rodo, na madrugada de ontem no Rio de Janeiro, reativou mais uma vez o discurso vitimista que o “funk” utiliza para se promover. O funqueiro, cujo nome de batismo é Marlon Brandon Coelho Couto Silva, e que já deixou a Delegacia de Repressão a Entorpecentes para ir a um presídio no bairro carioca de Benfica, tem entre o público da Geração Z e das esquerdas identitárias a reputação que Renato Russo teve entre o público de rock dos anos 1980, embora o MC não tenha 0,000001% do talento, pois se envolve em um ritmo marcado pela mais profunda precarização artístico-cultural. No entanto, MC Poze do Rodo foi detido por acusações de apologia ao crime organizado, ao porte ilegal de armas e à violência. Em várias vezes, Poze aparecia com armas nas fotos das redes sociais, o que poderia sugerir um funqueiro bolsonarista em potencial. A polícia do Rio de Janeiro enviou o seguinte comunicado:: “De acordo com as inves...

O ATRASO CULTURAL OCULTO DA GERAÇÃO Z

Fico pasmo quando leio pessoas passando pano no culturalismo pós-1989, em maioria confuso e extremamente pragmático, como se alguém pudesse ver uma espessa cabeleira em uma casca de um ovo. Não me considero careta e, apesar dos meus 54 anos de idade, prefiro ir a um Lollapalooza do que a um baile de gala. Tenho uma bagagem cultural maior do que mimha idade sugere, pelas visões de mundo que tenho, até parece que sou um cidadão mediano de 66 anos. Mas minha jovialidade, por incrível que pareça, está mais para um rapazinho de 26 anos. Dito isso, me preocupa a existência de ídolos musicais confusos, que atiram para todos os lados, entre um roquinho mais pop e um som dançante mais eroticamente provocativo, e no meio do caminho entre guitarras elétricas e sintetizadores, há momentos pretensamente acústicos. Nem preciso dizer nomes, mas a atual cena pop é confusa, pois é feita por uma geração que ouviu ao mesmo tempo Madonna e AC/DC, Britney Spears e Nirvana, Backstreet Boys e Soundgarden. Da...

LÉO LINS E A DECADÊNCIA DE HUMORISTAS E INFLUENCIADORES

LÉO LINS, CONDENADO A OITO ANOS DE PRISÃO E MULTA DE MAIS DE R$ 300 MIL POR CONTA DE PIADAS OFENSIVAS. Na semana passada, a Justiça Federal, através da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, condenou o humorista Léo Lins a oito anos de prisão, três deles em regime inicialmente fechado, e multa no valor de R$ 306 mil por fazer piadas ofensivas contra grupos minoritários.  Só para sentir a gravidade do caso, uma das piadas sugere uma sutil apologia ao feminicídio: "Feminista boa é feminista calada. Ou morta". Em outra piada machista, Léo disse: "Às vezes, a mulher só entende no tapa. E se não entender, é porque apanhou pouco". Léo também fez piadas agredindo negros, a comunidade LGBTQIA+, pessoas com HIV, indígenas, evangélicos, pessoas com deficiência, obesos e nordestinos, entre outros. O vídeo que inspirou a elaboração da sentença foi o espetáculo Perturbador, um vídeo gravado em 2022 no qual Léo faz uma série de comentários ofensivos. Os defensores de Léo dizem qu...

ELITE DO BOM ATRASO PIROU NAS REDES SOCIAIS

A BURGUESIA DE CHINELOS NÃO QUER OUTRO CANDIDATO EM 2026. SÓ QUER LULA. A elite do bom atraso, a “frente ampla” social que vai do “pobre de novela” - tipo que explicaremos em outra postagem - ao famoso muito rico, mas que inclui também a pequena burguesia e a parcela “legal” da alta burguesia, enlouqueceu nas redes sociais, exaltando o medíocre governo Lula e somente desejando ele para a Presidência da República na próxima eleição. Preso a estereótipos que deixaram de fazer sentido na realidade, como governar para os pobres e deixar a classe média abastada em segundo plano, Lula na prática expressa um peleguismo que é facilmente reconhecido por proletários, camponeses, sem-teto e servidores públicos, que veem o quanto o presidente “quer, mas não quer muito” trabalhar para o bem-estar dos brasileiros. Lula tem como o maior de seus inúmeros erros o de tratar a reconstrução do Brasil como se fosse uma festa. Esse problema, é claro, não é percebido pela delirante elite do bom atraso que, h...

GOVERNO LULA AGRAVA SUA CRISE

INDICADO POR LULA PARA O BANCO CENTRAL, GABRIEL GALÍPOLO PREFERIU MANTER OS JUROS ALTOS "POR MUITO TEMPO". Enquanto o governo Lula limita gastos mensais com universidades federais, a farra das ONGs nas ditas “emendas parlamentares” é de R$ 274 milhões. Na viagem para a China, Lula é acusado de gastar café com valor equivalente a R$ 56 e de conprar um terno no valor equivalente a R$ 850. Quanto às universidades públicas, a renomada Academia Brasileira de Ciências acusa o governo Lula de desmontar as instituições de ensino superior público através desses cortes financeiros. Lulistas blindam Janja quando ela quebrou o protocolo da conversa entre o marido e o presidente chinês Xi Jinping, para falar de sua preocupação com o Tik Tok. Em compensação, Lula não cumpriu a promessa de implantar o Plano Nacional de Transição Energética, que iria tirar o Brasil da dependência de combustível fóssil. Mas o presidente ainda quer devastar a Amazônia Equatorial para extrair mais petróleo. Lul...

QUANDO A CAPRICHO QUER PARECER A ROCK BRIGADE

Até se admite que o departamento de Jornalismo das rádios comerciais ditas “de rock” é esforçado e tenta mostrar serviço. Mas nem de longe isso pode representar um diferencial para as tais “rádios rock”, por mais que haja alguma competência no trabalho de seus repórteres. A gente vê o contraste que existe nessas rádios. Na programação diária, que ocupa a manhã, a tarde e o começo da noite, elas operam como rádios pop convencionais, por mais que a vinheta estilo “voz de sapo” tente coaxar a palavra “rock”. O repertório é hit-parade, com medalhões ou nomes comerciais, e nem de longe oferecem o básico para o público iniciante de rock. Para piorar, tem aquele papo furado de que as “rádios rock” não tocam só os “clássicos”, mas também as “novidades”. Papo puramente imbecil. É aquela coisa da padaria dizer que não vende somente salgados, mas também os doces. Que diferença isso faz? O endeusamento, ou mesmo as passagens de pano, da imprensa especializada às rádios comerciais “de rock” se deve...

A ILUSÃO DE QUERER PARECER O “MAIS LEGAL DO PLANETA”

Um dos legados do Brasil de Lula 3.0 está na felicidade tóxica de uma parcela de privilegiados. A obsessão de uns poucos bem-nascidos em parecer “gente legal”, em atrair apoio social, os faz até manipular a carteirada para cima e para baixo, entre um sentimento de orgulho aqui e uma falsa modéstia ali, sempre procurando mascarar a hipocrisia que não consegue se ocultar nas mentes dessas pessoas. Com a patrulha dos negacionistas factuais, “isentões” designados para promover o boicote ao pensamento crítico nas redes sociais, a “boa” sociedade que é a elite do bom atraso precisa parecer, aos olhos dos outros, as mais positivas possíveis, daí o esforço desesperado para criar um ambiente de conformidade e até de conformismo, sobretudo pela perigosa ilusão de acreditar que o futuro do Brasil será conduzido por um idoso de 80 anos. Quando ouvimos falar de períodos de supostas regeneração e glorificação do “povo brasileiro”, nos animamos no primeiro momento, achando que agora o Brasil será a n...

APOIO DAS ESQUERDAS AO "FUNK" ABRIU CAMINHO PARA O GOLPE DE 2016

MC POZE DO RODO, COM SEU CARRO LAMBORGHINI AVALIADO EM TRÊS MILHÕES DE REAIS. A choradeira das esquerdas médias diante da prisão de MC Poze do Rodo tenta reviver um hábito contraído há 20 anos, quando o esquerdismo passou a endossar o discurso fabricado pela Rede Globo e pela Folha de São Paulo para "socializar" o "funk", um dos ritmos do comercialismo brega-popularesco que passou a blindar por uma elite de intelectuais sob inspiração do antigo IPES-IBAD, só que sob uma retórica "pós-tropicalista". A revolta contra a prisão do funqueiro e alegações clichês como "criminalização da cultura" e "realidade da favela" feita por parlamentares e jornalistas da mídia esquerdista se tornam bastante vergonhosas e, em muitos casos, descontextualizada com a real preocupação com as classes pobres da vida real, que em nenhum momento são representadas ou se identificam com o "funk" ou o trap. O "funk" e o trap apenas falam sobre o ...