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INCOMPETENTE E FALIDA, OI ENCAMPOU PROJETO RADIOFÔNICO DE PRIMEIRA


A empresa de telefonia Oi era o símbolo da modernidade forjada pela privatização das telecomunicações do governo Fernando Henrique Cardoso.

Evoluída de uma mudança estrutural da Telemar, que aglutinou várias companhias estatais de telefonia de Estados como os do Sudeste e Nordeste, como Telebahia e Telerj (esta com um histórico de ser presidida por um ambicioso Eduardo Cunha), a Oi hoje está perto da falência.

Os donos se enriqueciam deixando a Oi acumulando dívidas de R$ 64 bilhões, num desempenho que fez a empresa se desvalorizar na Bolsa de Valores de São Paulo, com ações valendo menos de R$ 1 milhão.

A Oi tenta se recuperar, e sua falência pode afetar os mais de três mil municípios brasileiros que tem na empresa seu único serviço de telefonia, não havendo concorrência.

O histórico da Oi significa um aviso sério para quem acredita nas privatizações do governo de Michel Temer.

Se no governo de Fernando Henrique Cardoso, nem tão reacionário ou desastrado como o atual, a telefonia, privatizada, sucumbiu a uma catástrofe, imagine o que deve acontecer depois.

Com serviços ruins e caros, que forçam as pessoas a fazerem recarga de créditos de celular de três em três dias porque eles gastam rápido, as empresas de telefonia, não somente a Oi, estão deixando a desejar.

Mas pelo menos a Oi tinha uma ressalva.

Lançou um projeto radiofônico de primeira.

A rede Oi FM foi uma das melhores propostas de rádio surgidas nos últimos anos.

Era uma rádio pop contemporânea, mas com um perfil e uma abordagem bastante interessantes, transitando entre o hit-parade e o cult.

Era uma rádio que podia tocar Beyoncé e mesmo assim lançar bandas como Kaiser Chiefs.

Era pop mas se encorajava a tocar músicas mais alternativas e não limitar a divulgação de intérpretes a um ou dois mega-sucessos.

Ela ocupou os hoje decadentes 102,9 mhz do dial do Rio de Janeiro de maneira brilhante.

A Oi FM até permitiu a renovação do programa "Ronca Ronca" de Maurício Valladares que, quando era transmitido pela Rádio Cidade, virou um pastiche do "Novas Tendências".

A Rádio Cidade tornou-se um dos casos mais vergonhosos e deploráveis da história das rádios de rock no país.

Surgida originalmente como uma rádio pop despretensiosa e competente, a Rádio Cidade nunca engoliu seu ressentimento de ter sido passada para trás pela Fluminense FM.

Não se contentou com o pioneirismo que teve com o radialismo pop e queria capitalizar em torno do carisma da emissora niteroiense.

Depois que a Fluminense FM foi empastelada por um grupo de DJs sarados e virou afiliada da Jovem Pan Sat, a Rádio Cidade pegou carona no prestígio e virou "rádio rock" sem ter um pessoal especializado no ramo.

A Rádio Cidade virou uma "Jovem Pan com guitarras" e destruiu o radialismo rock subordinando-o às normas rígidas do hit-parade.

Qualquer radialista aventureiro podia coordenar a Rádio Cidade, porque o repertório musical era feito, com rigor robótico, pelas grandes gravadoras.

Por isso, a banda A só era tocada através das músicas "B" e "C", que eram seus mega-sucessos.

Há dúvidas até se os radialistas da Cidade dispõem de álbuns inteiros de bandas de rock na sua coleção.

A grade de programação da Rádio Cidade é um horror.

Há apenas programas de "sucessos" de ontem, hoje e amanhã, ou de hit-parade temático (anos 80 e nacionais) e uns outros de besteirol.

Tudo moldado na Jovem Pan FM, que mandou Alexandre Hovoruski "desenhar" a programação da Rádio Cidade.

Como a Jovem Pan, a Rádio Cidade tinha uma horda de ouvintes fanáticos e terrivelmente reacionários.

A ação dos fascistas mirins que se travestiam de "nação roqueira" sintonizando os 102,9 mhz do Grande Rio repercutiu tão mal que a Cidade, em crise de audiência, teve que arrendar suas transmissões.

E aí veio a Oi FM. Era afiliada de uma rede sediada em Belo Horizonte. E mesclando alternativo e pop como se fosse uma Antena Um do futuro.

Nomes do rock alternativo que a Rádio Cidade só toca mediante "certas condições" (como jabaculê ou a vinda do respectivo artista ou grupo para tocar no RJ), a Oi divulgava com mais dignidade.

Um Kaiser Chiefs era capaz de aparecer com três ou quatro músicas lançadas no playlist.

E isso sem depender de vinda para o Rio de Janeiro.

A Rádio Cidade só libera uma única música do Kaiser Chiefs e só na época da banda se apresentar no Rio de Janeiro. Sem essas condições, nem fazendo novena.

A Oi FM, mesmo não sendo rádio de rock, era bem mais digna no espaço dado ao gênero.

Era capaz de tocar, depois de um lado A de Madonna, um quase lado B de Talking Heads.

E capaz de lançar um clássico disco do Chic e, em seguida, uma antiga canção do The Verve.

Fez o Ronca Ronca de MauVal retomar a vida própria, depois que a Rádio Cidade obrigou o programa a ser um pastiche de Novas Tendências.

Imaginamos como seria Maurício Valladares brigando com os radialistas da Cidade.

Seria muitíssimo pior do que a discussão que ele teve com o saudoso Alex Mariano, da Flu FM.

Hoje na Cult FM, o Ronca Ronca segue o caminho que vem desde o Rock Alive da Fluminense, mas numa conduta cuja retomada foi possível com a Internet e a Oi FM.

Mas até Fábio Massari também "lavou a alma" com um programa na Oi.

Que garantia, nos programas alternativos, uma autonomia que "rádios rock" como a paulista 89 FM e a carioca Rádio Cidade, não davam.

A Oi FM teve um projeto radiofônico de primeira.

Mas ela não vingou e sua audiência minguou.

Era reflexo tanto da administração incompetente da empresa Oi quanto pela decadência social do Rio de Janeiro capaz de eleger Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro para o Legislativo federal.

Aí veio a franquia da Jovem Pan Rio, a mesma que antes testou as frequências das antigas Flu FM e Imprensa FM.

A JP Rio teve um certo sucesso nos 102,9 mhz, mas o contrato de franquia não foi renovado.

E aí, com uma votação de fachada - até fake podia votar - , a Rádio Cidade "roqueira" voltou ao ar em 2014.

Primeiro julgando-se "eterna", através do lema "O que é bom dura para sempre" e hoje pretensiosa e hipócrita, levantando a falsa bandeira do "rock de verdade".

Uma "bandeira" carregada por radialistas que nunca foram roqueiros de verdade, "sobras" que eles são da última franquia da Jovem Pan FM e do excesso de contingente da FM O Dia, do mesmo Sistema RJ de Rádio que integra a Rádio Cidade.

Um "rock de verdade" ruim, em maioria de bandas de nu metal cujos vocalistas têm voz bocejante ou berram como se sofressem prisão de ventre.

E isso por uma rádio que, de "Jovem Pan com guitarras", converteu-se em "Rádio Disney com guitarras" devido a alguns ajustes no estilo de locução.

A Rádio Cidade até é beneficiada pela política da boa vizinhança dos roqueiros autênticos, que nem de longe sintonizam a emissora, mas não lhe fazem qualquer crítica.

Acham eles que poupar a Cidade de críticas favoreceria o fortalecimento do segmento rock no RJ.

Grande ilusão. A programação da Rádio Cidade é tão ruim, e tão vergonhosamente ruim, que o segmento rock só está enfraquecendo no Grande Rio.

Até porque, se é para tocar som comercial com guitarras, os "sertanejos universitários" já fazem essa tarefa. Aliás, o coordenador da Cidade, o tal de Van Damme, é um especialista em "sertanejo", mas não em rock.

Nem tocar "Revolution" do Cult salva a reputação da Cidade. A canção é muito boa, mas não é a única coisa que Ian Atsbury e companhia fizeram na carreira.

A Rádio Cidade precisa recorrer à sintonia comprada em estabelecimentos comerciais, como lojas de eletrodomésticos, concessionárias de automóveis e até quiosques de praias, para seu Ibope não cair no fundo do poço como a Fluminense FM em 1994.

Mas nem isso está salvando. A Rádio Cidade só toca rock comercial para as paredes. Nem uma rocha (que em inglês significa "rock") se interessa em ouvir um entulho radiofônico como este.

A empresa de telefonia Oi está realmente sofrendo uma grave crise econômica. Enquanto seus donos tiram a grana para alimentar suas fortunas pessoais.

Mas, comparável a ela, a Rádio Cidade de hoje já soa cansativa, repetitiva e sem criatividade. Enquanto a Oi FM foi um bom projeto que faliu por causa de uma empresa mal administrada.

Como rádio de rock, a Rádio Cidade sempre foi uma pedra muito dura de engolir.

Deveria se chamar Tchau FM.

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