O "funk" carioca deixou a máscara "descer até o chão".
Abatido por inúmeros incidentes, tenta relançar a choradeira de sempre.
Acredita que dará o "voo de Fênix", se achando "injustiçado" como foram o samba, o jazz e o rock.
Conversa para boi dormir.
Depois do estupro coletivo, os funqueiros tiveram que admitir suas debilidades.
O "funk" não é feminista. É machista.
O "funk" não valoriza a inteligência. Glamouriza a ignorância.
O "funk" não é progressista. Faz apologia da pobreza.
O "funk" não é de esquerda. Até porque se alia, com muito gosto, à direita midiática.
Daí a manobra de Rômulo Costa, como um Cabo Anselmo moderno.
Ele armou um "baile funk" nas manifestações pró-Dilma Rousseff, para esvaziar o protesto político e vender para o mundo não um ativismo sócio-político, mas uma festa estranha em que a espetacularização anula todo o sentido de engajamento.
A imprensa estrangeira, tapeada, noticiou mais as pessoas dançando do que protestando contra o impeachment.
Foi como se a criançada tivesse brincando e ninguém mais protestasse.
Ponto para os deputados federais que votaram pela abertura do processo do impeachment.
Como todo mundo foi brincar e rebolar, não houve viva alma que tivesse firmeza para reagir àquela votação deprimente.
Até porque um deputado de Nova Iguaçu apontado como namorado de uma mulher-fruta votou "sim" pelo "Fora Dilma".
Foi só Michel Temer se tornar presidente interino, para os funqueiros se silenciarem.
Não houve "feminista" no "funk" a reagir com imediatismo e firmeza contra o caso de estupro coletivo. Se houve, a manifestação foi depois da repercussão negativa do episódio.
Agora, os funqueiros dizem que as piores qualidades observadas no gênero são só "reflexo da realidade".
Sejam as funqueiras como mulheres-objetos, sejam os funqueiros machistas.
Reclamam que riquinhos foram no Pier Mauá fazerem um "baile funk" cheio de luxo e pompa.
Agora renegam também funqueiros como MC Gui, que fez uma festa milionária de aniversário, e MC Biel, que assediou de forma cruel uma repórter e não se arrependeu pelo ato mesquinho.
Agora os "militantes" funqueiros dizem que os dois "não representam" o gênero.
O "funk" tanto queria a aceitação das elites, quando elas o aceitaram, eles reclamam dos "excessos".
"Baile funk" caríssimo no Pier Mauá. Como se o DJ Marlboro não tivesse se apresentado, anos antes, em um evento caríssimo numa boate paulistana.
Ou funqueiros riquinhos "se achando", fazendo "niver" caro ou dando "cantada" barata.
O maior problema do "funk" não é só seu som de qualidade extremamente ruim.
É sua mania de dizer uma coisa e fazer outra. Parece o governo Temer. Mas "funk" não é Dilma, "funk" é Temer, como rezam os dicionários.
O "funk" promete muito ativismo social, música riquíssima, expressões artísticas substanciais, provocatividade, debate, modernidade e progresso.
Cumpre o extremo oposto de tudo isso.
O "funk" se perde entre a promessa e a responsabilidade, não quer assumir a responsabilidade de compromissos que, em tese, só encara no discurso.
Na verdade, o "funk" nivela o povo das periferias aos níveis sócio-culturais de 1904.
"2010" só na cabeça dos intelectuais "bacanas" que tanto fizeram propaganda, travestida de etnografia, em prol do "funk".
O "batidão" é República Velha, é a Senzala subordinada ao poder da Casa Grande.
"Funk" nunca foi Quilombo. "Funk" sempre foi Senzala encostada pela Casa Grande.
"Funk" não veio de Marte. "Funk" veio da Globo.
Os Beastie Boys foram três garotos que trouxeram o hip hop para o grande público.
Já quem trouxe o "funk" para o grande público foram outros três garotos.
João Roberto Marinho e seus irmãos José Roberto e Roberto Irineu.
Os donos das Organizações Globo.
"Funk" é "o caldeirão". O Caldeirão do Luciano Huck. Astro da Globo, amigo de Aécio Neves.
A Furacão 2000 de Rômulo Costa lançou vários discos pelo selo da Globo, a Som Livre.
Daí que seu evento em Copacabana, naquele 17 de Abril, foi apenas uma versão remix do "Tchau, Querida".
Foi o pior protesto contra o governo Dilma Rousseff.
Mas um protesto feito na trincheira adversária.
Nem todo mundo que aparece numa mesma trincheira é aliado.
Na guerrilha ideológica, os maiores inimigos são aqueles que estão ao lado dos combatentes.
Fingem-se aliados, amigos, companheiros. Mas os apunhalam pelas costas.
Daí que, depois do 17 de abril da votação na Câmara Federal, o "funk" deixou as esquerdas para lá.
Foram mais uma vez comemorar suas conquistas com os barões da grande mídia.
O "funk", com seu perfil bisonho, sempre atrapalhou os debates culturais de esquerda.
Tentou silenciar as esquerdas quando era para debater os problemas culturais.
Isso abriu o caminho para a oposição. E criou até uma "discípula" das mulheres-frutas, a Ju Isen.
O "funk" é Globo. É MC Guimê como capa da Veja. É a etnografia de mentirinha da Folha de São Paulo.
O "funk" reflete o Brasil de Médici, Geisel, Collor, FHC e Michel Temer.
Reflete o pior da sociedade depois que rompeu com as lições do antigo funk de James Brown e discípulos e reduziu-se a um karaokê cheio de baixarias.
O "funk" diz ser um reflexo da realidade.
Só que essa realidade é construída pelos interesses da plutocracia brasileira.
Portanto, a "realidade" do "funk" já não é a realidade natural das classes populares.
A máscara do "funk" desceu até o chão e o que ocorreu em Copacabana foi apenas um barulho que tentou abafar os protestos anti-impeachment para garantir o sossego dos deputados corruptos.
"Funk" não é Dilma e não veio de Marte. "Funk" é Temer e veio da Globo.
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