Existe coronelismo midiático regional.
O de Salvador é um exemplo.
Baronetes midiáticos apadrinhados por Antônio Carlos Magalhães, o grande oligarca da Bahia, quando este era ministro das Comunicações do governo José Sarney.
Baronetes que, em nome da manipulação do povo baiano, transformavam suas FMs em arremedos de AM dos mais grosseiros.
Nos horários "mortos", tocavam o que havia de abjeto no brega-popularesco nacional e local.
Do local, despejavam sucessos de axé-music, mais as baixarias do "pagodão" e do arrocha.
No plano ideológico, essas rádios manipulavam o inconsciente das moças pobres induzidas a sintonizar essas emissoras.
Essas moças eram manipuladas para acreditar numa liberdade sexual desenfreada.
Eram erotizadas, através de "pagodões" da linha de É O Tchan, Harmonia do Samba e todos os derivados.
Foi a partir desse contexto que surgiu o nacionalmente conhecido termo "periguete", primeiramente lançado em Salvador.
Era um machismo tão sutil que impulsionava as moças para o assédio, se "oferecendo" para os machistas afoitos.
Empurravam as moças pobres para assediar homens de classe média, como numa "cultura do estupro" às avessas.
A desculpa era a "liberdade amorosa", o "convívio com as diferenças", o "fim dos preconceitos" e blablablá.
O lado oculto disso é que as moças se tornavam ainda mais vulneráveis ao assédio masculino.
O coronelismo midiático local queria separar essas moças de seus homens pobres de vida comum e interesses afins.
Eram só os homens pobres jogarem bola nas manhas de domingo, para as moças os abandonarem de vez.
Elas aceitavam incondicionalmente os assédios dos homens mais abastados.
Mas esnobavam as gentilezas dos homens do seu meio.
A mídia policialesca promove a separação de homens e mulheres pobres, mesmo afins, através da divulgação da imagem pejorativa do homem das classes populares.
Um homem sempre tido como violento, infiel, vagabundo ou um completo idiota.
Enquanto isso, as mulheres pobres não mediam afinidade quando viam homens de classe média pelas ruas.
Se elas receberem cantada de algum deles, aderem de imediato.
Não medindo afinidade, estão prontas até para se jogar aos braços de um cafetão qualquer.
Principalmente se ele for um traficante de mulheres.
Muitas baianas pobres caíram na prostituição desta forma. Sofrendo fome e sendo violentadas, houve até quem tivesse perdido a vida com isso.
Elas facilitam até para a ação de estupradores.
Daí que veio o caso da banda de "pagodão" New Hit, acusado de tentar estuprar duas fãs no interior da Bahia.
Foi o caso que, em repercussão, se comparou com o do estupro coletivo de mais de 30 homens no Rio de Janeiro.
A denúncia de uma realidade sombria de exploração sexual.
Que no caso de Salvador se protegia numa ilusão de "liberdade amorosa" e "inocência sexual".
Resultante de uma propaganda leviana da mídia coronelista.
Uma mídia comprometida com a degradação da cultura popular como forma de enfraquecer as populações pobres. E evitar ou dificultar a união de casais afins nas periferias.
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