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O BRASIL DAS VOZES EXCLUÍDAS NO GOVERNO TEMER


Mais uma vez o Brasil teima em se isolar.

Nem a Internet conseguiu tirar o Brasil do atraso.

Estamos até piores do que em 1963, quando o Brasil parecia querer acertar o relógio.

Houve tentativas posteriores: em 1985, em 1992, em 1999.

Uma combinação de ativismo político, críticas quanto à mediocrização cultural, questionamento das regras dominantes do mercado, esclarecimento da chamada "opinião pública" média.

Mas depois tudo desmoronou.

A Era Lula e os governos de Dilma Rousseff foram sabotados não só pela oposição política.

A intelectualidade cultural pró-brega, surgida dos porões do tucanato acadêmico, fingiu que era "amiga das esquerdas" e chegou até a chamar Dilma de "presidenta".

Tudo para abocanhar uma grana esperta do Ministério da Cultura.

Tudo para desviar o povo pobre dos debates públicos, infantilizá-lo e forçá-lo a brincar de ser provocador no entretenimento brega-popularesco.

Sem o povo pobre nos debates, eles foram enfraquecidos.

E aí uma grande soma de dinheiro se descobriu no financiamento de todo um suporte de protestos anti-Dilma.

Se a "generosa" intelectualidade que prometia transformar em folclore do amanhã o jabaculê radiofônico do momento tentou barrar o ativismo popular, seus patrões ocultos e não-assumidos impulsionaram os "debates" e "ativismos" para fazer a direita voltar ao poder.

Os pobres foram excluídos porque foram "estimulados" a brincar de ser gente com a breguice reinante.

Os idiotas brutamontes da Internet tiveram o caminho aberto para seu circo dos horrores.

Eles também defenderam o "Brasil brega", não com o discurso "racional" dos intelectuais "bacanas", mas com a retórica irracional das trolagens.

O Pato da Fiesp, o Japonês da Federal, o Batman do Leblon, a louca Janaína, todos pitorescos personagens do espetáculo dos protestos anti-PT.

Com pessoas vestindo a camisa da seleção brasileira e endeusando um Sérgio Moro com penteado e formato facial de um Super-Homem.

Os "mui amigos" das esquerdas falaram que era bonito viver em favelas cujos barracos eram ameaçados pelo próximo temporal.

Falaram que era lindo a moça pobre se prostituir, vendendo seu corpo para homens endinheirados e sexualmente doentios.

Falaram que era lindo a mulher se comportar como uma mercadoria sexual sob a desculpa da liberdade do corpo e do direito à sensualidade.

Falaram que era maravilhoso o proletário ou camponês, ao se aposentar, terminar seus dias na bebedeira doentia que corrói o fígado e desgasta o coração.

Falaram que o papel de idiota nos palcos da televisão era o meio ideal do povo pobre mostrar sua alegria e sua felicidade para a sociedade brasileira.

As esquerdas acreditaram nisso tudo que os intelectuais "bacanas" falaram.

Erraram feio.

Deixaram o governo Dilma Rousseff se dissolver diante de uma revolta forjada por corruptos e ricaços com medo de perder seus privilégios.

A televisão hipnotizando as pessoas, impondo sua visão de cultura, política e cidadania.

Trabalhando uma visão estereotipada, chegando ao nível da caricatura, das classes populares.

O povo pobre era idiotizado, a mulher transformada numa tola submissa ou numa depravada erótica, o negro reduzido a um tarado infantilizado.

Era a "indústria cultural" transformando as classes populares em uma multidão de bobocas.

Tudo para permitir que os noticiários políticos mostrem sua visão elitista e reacionária.

Tudo para que as elites lutassem para ter os plutocratas de volta ao Planalto.

Foi o preço que se teve com o povo "descendo até o chão" com a "cultura popular" imposta pelos chefões do rádio e TV.

Deu no que deu.

A bregalização dos idosos alcoolizados que, doentes, foram para os hospitais superlotados morrerem nos leitos improvisados, à espera de atendimento.

Negros estereotipados virando alvo de gozação de racistas vorazes e sádicos.

Mulheres pobres que se inspiraram nas siliconadas para se ascenderem na vida e eram alvo de violentos assédios sexuais que não raro culminavam em estupros.

Isso quando não desapareciam do convívio familiar sendo traficadas para a prostituição distante, no submundo do estrangeiro.

A "maravilhosa" prostituição, como pano de fundo para mulheres contraírem doenças sexuais, serem exploradas por cafetões e violentadas por fregueses machistas e cheios de si;

E a "amável" favela, da qual "ninguém quer sair", com a violência policial de um lado e criminosa de outro, matando inocentes por bala perdida, e as tempestades que matam famílias com o deslizamento.

A "maravilhosa cultura popular" dos intelectuais "mais bacanas do Brasil", uma inteligência que se esforçou para emburrecer as classes populares e isolar as esquerdas na sua mobilização.

Para abrir o caminho para a direita voltar, com o povo distraído com sua "cultura", "transbrasileira e popular demais".

Agora é o país todo que está "descendo até o chão".

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