Já deu para perceber as coisas.
A Lei Rouanet beneficiou o setor privado, que captou verbas públicas para financiamento de suas atividades.
Entre os famosos beneficiados, mesmo por intermédio de pessoas jurídicas, estão muita gente que havia se manifestado contra o governo Dilma Rousseff.
André Luiz Calainho, dono da Aventura Produções, que atua em peças musicais, ex-noivo de Angélica e amigo e sócio do atual marido dela, Luciano Huck, e também amigo de Aécio Neves, é um dos maiores beneficiados.
Até a Fundação Roberto Marinho aparece na lista dos maiores beneficiados de 2015.
A FRM, das Organizações Globo, é sócia do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR).
Que, quando foi fazer uma exposição sobre a cantora e dançarina Josephine Baker, convidou um grupo de funqueiras para o show de abertura.
Sim, o "funk" que chorava "contra a discriminação da mídia" mesmo quando aparecia em tudo quanto era programa da Rede Globo.
Sim, o "funk" cujo astro Mr. Catra era definido como "invisível às corporações midiáticas" mesmo quando ele virava figurinha fácil do Caldeirão do Huck.
O "funk" é "o caldeirão". Do Huck.
O mesmo Luciano Huck sócio de André Luiz Calainho em alguns empreendimentos.
Outros anti-Dilma também se beneficiaram de uma forma ou de outra com a Lei Rouanet: de Marcelo Serrado e Susana Vieira até o roqueiro Lobão e a banda pop Jota Quest.
Até o ator e diretor Cláudio Botelho, que disparou comentários grosseiros contra Dilma Rousseff, também foi beneficiado pela Lei Rouanet.
E tem o Pedro Bial, membro-fundador do Instituto Millenium, que brinda a chamada "cultura popular demais" com edições atuais do Big Brother Brasil que despejam dezenas de subcelebridades a cada ano.
Diante disso, a gente até imagina o que acontece com os intelectuais pró-brega que queriam também sua fatia no bolo.
Defendiam o "funk", o tecnobrega, o "forró eletrônico" e o "sertanejo universitário", mas "militavam" de carona nos filões esquerdistas visando obter verbas ainda mais generosas da Lei Rouanet.
Recorriam à mídia esquerdista, bajulavam Dilma e Lula, se fingiam "esquerdistas sinceros" mas defendiam a mesma "música brasileira" difundida pela Rede Globo e por FMs e AMs latifundiárias.
Emporcalhavam os periódicos esquerdistas com visões, abordagens e personalidades que vinham dos devaneios mercantis das famiglias Marinho, Frias e Civita.
Defendiam, mesmo quando tentavam caprichar na capa "esquerdista", ídolos que depois tiveram surtos neoconservadores: Zezé di Camargo & Luciano, Banda Calypso, Fábio Jr., Latino, MC Guimê.
Isso para não falar dos esforços em esconder o passado de Waldick Soriano, com suas declarações machistas e o apoio dado à ditadura militar.
Não conseguiram explicar por que MC Guimê, por exemplo, virou capa de Veja e teve uma matéria elogiosa por uma revista que parece xingar o mundo de tão ranzinza e hostil aos movimentos sociais.
Mas esses são a "boa" intelectualidade. Ora, eles são os intelectuais "bacanas".
Que, sob a desculpa do "combate ao preconceito", prometiam transformar o modismo da hora na etnografia de sempre, o jabaculê de hoje no folclore do amanhã.
Tão "bonzinhos", faziam pretensos ataques à Rede Globo e ao coronelismo midiático.
Mas se pautaram nessa mesma mídia para dizerem o que deveria ser a "verdadeira cultura popular".
Esses intelectuais - antropólogos, sociólogos, historiadores, cineastas, jornalistas culturais etc - eram porta-vozes dos empresários de entretenimento que faziam parcerias com os barões da grande mídia.
E que também captavam recursos da Lei Rouanet.
E que eram parceiros até mesmo de Luciano Huck.
Aí a gente pergunta se o tucano é uma ave transbrasileira e esses intelectuais não gostam.
Em todo caso, são elites devotas do "deus mercado" e que preferem captar recursos públicos - a não ser aqueles vindos "de fora", via George Soros, Fundação Ford e companhia - para que não precisem mexer nas suas fortunas pessoais.
O que esse pessoal quer mesmo é dinheiro. O resto vem depois.
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