Os primeiros dias do julgamento final para o impeachment de Dilma Rousseff foram tensos.
Foi uma sessão cansativa, que durou das 9h45 às 22h30.
Logo de manhã, houve uma discussão com a pergunta que a senadora Gleisi Hoffmann fez no plenário.
"Quem aqui tem moral para julgar Dilma?", foi a pergunta que irritou os senadores que fazem oposição à presidenta afastada e lutam pelo seu afastamento definitivo.
Houve um bate-boca principalmente com o senador Ronaldo Caiado, do DEM goiano.
Solidário à colega de partido, o petista Lindbergh Farias lembrou das ligações de Caiado com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Espumando de raiva, Ronaldo Caiado disse para Lindbergh "fazer anti-doping", alegando que o senador não teria coragem de se expor desta forma fora da bancada do Senado.
O presidente do STF, Ricardo Lewandowski chegou a suspender a sessão por alguns minutos.
No segundo dia, Gleisi discutiu com Magno Malta, o senador do PR paulista que, por sinal, é um dos parlamentares que defendem a Escola Sem Partido.
Malta havia dito que os senadores pró-Dilma estavam querendo atrasar os trabalhos.
Gleisi também havia discutido com o presidente do Senado, Renan Calheiros, porque ele disse que havia ajudado a livrar o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, da prisão, e ela questionou essa declaração.
As polêmicas entre oposicionistas e aliados da presidenta fizeram, no segundo dia, adiantar o intervalo para o almoço.
Muita coisa aconteceu no julgamento final, nestes dois primeiros dias.
Mudanças que fizeram testemunhas virarem apenas informantes.
O procurador Júlio Marcelo, que seria a principal testemunha de acusação, foi rebaixado a informante, por ser acusado de militar contra o governo Dilma Rousseff.
A diferença da condição de testemunha e de informante é que, neste último caso, o depoimento não pode ser acolhido como prova.
E o que a grande mídia está fazendo com esses acontecimentos?
Simples. Embora tente parecer neutra, a grande mídia tenta dar a impressão que os senadores do PT são desequilibrados.
O Jornal Nacional e mesmo o Jornal da Band editaram as reportagens de forma a dar a impressão de que os aliados de Dilma Rousseff são temperamentais e os opositores, mais ponderados.
Mas é o contrário. É verdade que Gleisi e Lindbergh se irritam com a situação, mas nem de longe eles parecem os desequilibrados que a grande mídia tenta explorar.
Já Ronaldo Caiado, sim, ele é que explode de raiva, como um latifundiário que já tem um comportamento bruto e grosseiro.
A grande mídia já é conhecida por editar reportagens para distorcer os fatos e dar o ponto de vista mais favorável aos interesses plutocráticos.
Faz uma cobertura seletiva e quase ficcional, não fosse o fato dela lidar com a realidade.
Cria vilões e heróis ao gosto de seus empresários.
O caso de 1989 é histórico. No último debate da campanha presidencial organizado pela Rede Globo, o Jornal Nacional manipulou as imagens para tentar convencer que Fernando Collor saiu-se melhor que Lula.
O debate, na íntegra, mostrou que Lula tinha ideias e propostas mais convincentes, e Collor parecia, em muitos momentos, pedante e demagógico.
Mas a manipulação do Jornal Nacional deu a imagem contrária, bastando apenas uma edição tendenciosa das imagens.
E aí Collor foi eleito. A plutocracia pirou naquela época, antes que Collor virasse uma versão yuppie de Jânio Quadros (ironicamente falecido durante o mandato do "caçador de marajás") ao confiscar as poupanças e investigações descobrirem que isso foi para alimentar o esquema de Paulo César Farias.
A grande mídia anda ultimamente muito grotesca com sua parcialidade.
Devem estar procurando algum novo suposto triplex de Lula, como quem brinca de Pokemon Go.
O jornalismo da grande mídia seria uma comédia, se não fosse também trágico.
Comentários
Postar um comentário