Pular para o conteúdo principal

FURACÃO 2000 HAVIA NOMEADO XUXA E LUCIANO HUCK "EMBAIXADORES DO FUNK"


17 de abril. Manhã de domingo. Enquanto se esperava a votação na Câmara dos Deputados para a abertura do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, algo estranho aconteceu.

Uma manifestação de solidariedade a Dilma Rousseff foi acompanhada de um trio elétrico da Furacão 2000, reduzindo o evento a um "baile funk" ao ar livre.

As esquerdas médias comemoraram, achando que o apoio dos funqueiros iria fortalecer o movimento pró-Dilma.

Estavam enganadas. O apoio acabou enfraquecendo as esquerdas e fortaleceu as forças oposicionistas.

Rômulo Costa não é o que podemos chamar de esquerdista convicto. Alguém que você não pode convidar, por exemplo, para discutir a regulação dos meios de comunicação.

Até a Fabíola Reipert, da Rede Record, considera Rômulo um dos empresários mais ricos do país.

Ele foi casado com a deputada Verônica Costa, a "mãe loura", que estabeleceu carreira política sob legendas nada esquerdistas.

Atualmente, ela é do mesmo PMDB carioca do desafeto de Rômulo, o deputado afastado Eduardo Cunha.

Cunha se ascendeu praticamente ao mesmo tempo em que surgiu o "funk carioca" que conhecemos.

É quando os ricos empresários de "funk", como Rômulo Costa e DJ Marlboro, jogaram no lixo as lições da black music e criaram do nada um estilo sonoro que não passa de um tosco karaokê em cima de uma mesma base rítmica eletrônica.

Os dois sempre tiveram em boa conta com os barões da grande mídia. Sobretudo as Organizações Globo.

Lançaram muitos discos pela gravadora Som Livre, o braço fonográfico da Globo.

O "funk" deixa claro que cresceu, e muito, graças à ajuda da Rede Globo.

Tem até um "funk" em homenagem à Globo.

Esse crescimento atingiu o ponto máximo entre 2003 e 2006, quando o "funk" entrava em tudo quanto era programa da Rede Globo e outros veículos das Organizações Globo.

Era o começo da gestão dos irmãos Marinho, depois que seu pai Roberto Marinho adoeceu e morreu.

A Furacão 2000 nomeou como "embaixadores do funk" primeiro a Xuxa Meneghel, quando era estrela da Globo, e Luciano Huck, o conhecido apresentador filiado ao PSDB, com passagem na Jovem Pan e amigo de Aécio Neves.

Está no Wikipedia, pelo menos quando consultamos, na produção deste texto, o perfil da Furacão 2000 neste portal (não fomos nós que editamos):

"Se antes a embaixadora do Funk na TV Globo era a apresentadora Xuxa, nesta década é Luciano Huck que toma esse papel. Vários artistas do mundo da música Funk passaram por seu programa. Além da exibição de artistas, existe uma coletânea de funk carioca chamado "Pancadão do Caldeirão do Huck" com músicas de diversos cantores e grupos, entre eles MC Koringa com O Tamborzão tá Rolando".

Ambos deram suas alfinetadas ao governo Dilma que a "mui amiga" Furacão 2000 fingiu ter solidariedade, abafando um protesto com a espetacularização musical de fazer Guy Debord corar de vergonha, se fosse vivo e estivesse no Brasil.

Luciano Huck, mesmo discreto, disse que estava torcendo para que fosse derrubado "tudo isso que está aí", um jargão típico dos anti-petistas histéricos.

Já Xuxa Meneghel, que chegou a ser diplomática com Dilma em outra ocasião, protestou contra o governo e ainda chamou os militantes do PT de "xiitas".

Isso sem falar do pessoal que declarou seu apoio ao "funk", em diferentes ocasiões.

Notem a lista: Gilberto Dimenstein, Danilo Gentili, Alexandre Frota, Ana Maria Braga, William Waack, Pedro Bial, Susana Vieira e um Lobão já na sua histeria direitista.

Certa vez, um Lobão "endireitado", escrevendo livro com Cláudio Júlio Tognolli, afirmou que sentia mais entusiasmo com o "funk" do que com o Rock Brasil.

O cara que, alterando uma música própria (mas com letra de Bernardo Vilhena), para chamar Dilma Rousseff de "bandida", deu altos elogios a Tati Quebra-Barraco e divulgou Mr. Catra.

Até o Estadão também teve consideração com o "funk". Um jornal plutocrático por excelência, que em 1932 chegou a ter um dos seus donos lutando em São Paulo contra o governo de Getúlio Vargas.

Fica complicado dizer que o "funk" é "discriminado" pela grande mídia.

Fica complicado dizer que o "funk" é petista, se o maior divulgador é amigo de Aécio Neves.

Ou se Alexandre Frota, "mentor" das precursoras das mulheres-frutas, virou divulgador da Escola Sem Partido, oferecendo a causa para os "notáveis" de Michel Temer.

Isso quando, na Curitiba de Sérgio Moro, uma professora daquela cidade conservadora entendeu que falar de marxismo numa versão de "Baile de Favela" era "mostrar a realidade" para os alunos.

Ou na São Paulo de Geraldo Alckmin, quando alunos protestavam usando um "funk ostentação" que é puramente capitalista, uma ode ao consumismo e às mercadorias de preços caríssimos.

Sinceramente, concordo que o "funk" não veio de Marte.

Ele veio da Globo.

O "funk" é "o caldeirão". Do Luciano Huck.

O "funk" é o povo pobre, sob o ponto de vista da plutocracia e seu "livre-mercado".

Daí que "funk", em inglês, não significa Lula nem Dilma. Significa Temer.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

INFANTILIZAÇÃO E ADULTIZAÇÃO

A sociedade brasileira vive uma situação estranha, sob todos os aspectos. Temos uma elite infantilizada, com pessoas de 18 a 25 anos mostrando um forte semblante infantil, diferente do que eu via há cerca de 45 anos, quando via pessoas de 22 anos que me pareciam “plenamente adultas”. É um cenário em que a infantilizada sociedade woke brasileira, que chega a definir os inócuos e tolos sucessos “Ilariê” e “Xibom Bom Bom” cono canções de protesto e define como “Bob Dylan da Central” o Odair José, na verdade o “Pat Boone dos Jardins”, apostar num idoso doente de 80 anos para conduzir o futuro do Brasil. A denúncia recente do influenciador e humorista Felca sobre a adultização de menores do ídolo do brega-funk Hytalo Santos, que foi preso enquanto planejava fugir do Brasil, é apenas uma pequena parte de um contexto muito complexo de um colapso etário muito grande. Isso inclui até mesmo uma geração de empresários e profissionais liberais que, cerca de duas décadas atrás, viraram os queridões...

LUÍS INÁCIO SUPERSTAR

Não podemos estragar a brincadeira. Imagine, nós, submetidos aos fatos concretos e respirando o ar nem sempre agradável da realidade, termos que desmascarar o mundo de faz-de-conta do lulismo. A burguesia ilustrada fingindo ser pobre e Lula pelego fingindo governar pelos miseráveis. Nas redes sociais, o que vale é a fantasia, o mundo paralelo, o reino encantado do agradável, que ganha status de “verdade” se obtém lacração na Internet e reconhecimento pela mídia patronal. Lula tornou-se o queridinho das esquerdas festivas, atualmente denominadas woke , e de uma burguesia flexível em busca de tudo que lhe pareça “legal”, daí o rótulo “tudo de bom”. Mas o petista é visto com desconfiança pelas classes populares que, descontando os “pobres de novela”, não se sentem beneficiadas por um governo que dá pouco aos pobres, sem tirar muito dos ricos. A aparente “alta popularidade” de Lula só empolga a “boa” sociedade que domina as narrativas nas redes sociais. Lula só garante apoio a quem já está...

BRASIL QUER SER POTÊNCIA COM VIRALATISMO

A "CONQUISTA DO MUNDO" DO BRASIL COMO "POTÊNCIA" É APENAS EXPRESSÃO DE UMA ELITE QUE SE SENTE NO AUGE DO PODER, A BURGUESIA ILUSTRADA. A vitória de uma equipe de ginástica rítmica que se apresentou ao som da tenebrosa canção "Evidências", composição do bolsonarista José Augusto consagrada pela dupla canastrona Chitãozinho & Xororó, mostra o espírito do tempo de um Brasil que, um século depois, vive à sua maneira os "anos loucos" ( roaring twenties ) vividos pelos EUA nos anos 1920. É o contexto em que as redes sociais espalham o rumor de que o Brasil já se tornou "potência mundial" e se "encontra agora entre os países desenvolvidos", sinalizando a suposta decadência do império dos EUA. Essa narrativa, própria de um conto de fadas, já está iludindo muita gente boa e se compara ao mito da "nova classe média" do governo Dilma Rousseff. A histeria coletiva em torno do presidente Lula, que superestima o episódio do ta...

TEM BRASILEIRO INVESTINDO NO MITO MICHAEL JACKSON

Já prevenimos que o cantor Michael Jackson, que teria feito 67 anos ontem, virou um estranho fenômeno "em alta" no Brasil, como se tivesse sido "ressuscitado" em solo brasileiro. Na verdade, o finado ídolo pop virou um hype  tão sem imaginação que a lembrança do astro se dá somente a sucessos requentados, como "Beat It", "Billie Jean" e "Thriller". Na verdade, essa reabilitação do Rei do Pop, válida somente em território brasileiro, onde o cantor é supervalorizado ao extremo, a ponto de inventar qualidades puramente fake  - como alegar que ele foi roqueiro, pesquisador cultural, ateu, ativista político etc - , é uma armação bem articulada tramada pela Faria Lima, sempre empenhada em ditar os valores culturais que temos que assimilar. De repente Michael Jackson começou a "aparecer" em tudo, não como um fantasma assombrando os cidadãos, mas como um personagem enfiado tendenciosamente em qualquer contexto, como numa estratégia de...

BEATITUDE VERGONHOSA… E ENVERGONHADA

A idolatria aos chamados “médiuns espíritas” - espécie de “sacerdotes” desse Catolicismo medieval redivivo que no Brasil tem o nome de Espiritismo - é um processo muito estranho. Uma beatitude rápida, de uns poucos minutos ou, se depender do caso, apenas um ou dois dias, manifesta nas redes sociais ou pelo impulso a algum evento da mídia empresarial, principalmente Globo e Folha, mas também refletindo em outros veículos amigos como Estadão, SBT, Band e Abril. Parece novela ruim esse culto à personalidade que blinda esses charlatães da fé dita “raciocinada” - uma ideia sem pé nem cabeça que pressupõe que dogmas religiosos teriam sido “avaliados, testados e aprovados” pela Ciência, por mais patéticos e sem lógica que esses dogmas sejam - , tamanho é o nível de fantasias e ilusões que cercam esses farsantes que exploram o sofrimento humano.  Os “médiuns” foram e são mil vezes mais traiçoeiros que os “bispos” neopentecostais, mas são absolvidos porque conseguem enganar todo mundo com u...

A MIRAGEM DO PROTAGONISMO MUNDIAL BRASILEIRO

A BURGUESIA ILUSTRADA BRASILEIRA ACHA QUE JÁ CONQUISTOU O MUNDO. Podem anotar. Isso parece bastante impossível de ocorrer, mas toda a chance do Brasil virar protagonista mundial, e hoje o país tenta essa façanha testando a coadjuvância no antagonismo político a Donald Trump, será uma grande miragem. Sei que muita gente achará este aviso um “terrível absurdo”, me acusando de fazer fake news ou “ter falta de amor a Deus”, mas eu penso nos fatos. Não faço jornalismo Cinderela, não estou aqui para escrever coisas agradáveis. Jornalismo não é a arte de noticiar o desejado, mas o que está acontecendo. O Brasil não tem condições de virar um país desenvolvido. Conforme foi lembrado aqui, o nosso país passou por retrocessos socioculturais extremos durante seis décadas. Não serão os milagres dos investimentos, a prosperidade e a sustentabilidade na Economia que irão trazer uma cultura melhor e, num estalo, fazer nosso país ter padrões mais elevados do que os países escandinavos, por exemplo....

MICHAEL JACKSON: O “NOVO ÍDOLO” DA FARIA LIMA?

MICHAEL JACKSON EM SUA DERRADEIRA APARIÇÃO, EM 24 DE JUNHO DE 2009. O viralatismo cultural enrustido, aquele que ultrapassa os limites do noticiário político que carateriza o “jornalismo da OTAN” - corrente de compreensão político-cultural, fundamentada num “culturalismo sem cultura”, que contamina as esquerdas médias abduzidas pela mídia patronal - , tem desses milagres.  O que a Faria Lima planeja em seus escritórios em Pinheiros e Itaim Bibi (nada contra esses bairros, eu particularmente gosto deles em si, só não curto as ricas elites da grana farta) acaba, com uma logística publicitária engenhosa, fazendo valer não só nas areias do Recreio dos Bandeirantes, mas também nos redutos descolados de Recife, Fortaleza e até Macapá. Vide, por exemplo, a gíria “balada”, jargão de jovens ricos da Faria Lima para uma rodada de drogas alucinógenas. Pois a “novidade” trazida pelos farialimeiros que moldam o comportamento da sociedade brasileira através da burguesia ilustrada, é a “ressurrei...

MÚSICA BREGA-POPULARESCA É UM PRODUTO, UMA MERA MERCADORIA

PROPAGANDA ENGANOSA - EVENTO NO TEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO EXPLORA A FALSA SOFISTICAÇÃO DO CONSTRANGEDOR SUCESSO "EVIDÊNCIAS", COM CHITÃOZINHO & XORORÓ. O Brasil tem o cacoete de gourmetizar modismos e tendências comerciais, como se fossem a oitava maravilha do mundo. Só mesmo em nosso país os produtores e empresários do entretenimento, quando conseguem entender a gramática de um fenômeno pop dos EUA e o reproduzem aqui - como, por exemplo, o Rouge como imitação das Spice Girls e o Maurício Manieri como um arremedo fraco de Rick Astley - , posam de “descobridores da roda”, num narcisismo risível mas preocupantemente arrogante. Daí que há um estigma de que nosso Brasil a música comercial se acha no luxo de se passar por “anti-comercial” usando como desculpa a memória afetiva do público. Mas não vamos nos iludir com essa mentira muito bem construída e muito bem apoiada nas redes sociais. Você ouve, por exemplo, o “pagode romântico”, e acha tudo lindo e amigável. Ouv...

AS DURAS LIÇÕES DA BOLÍVIA PARA O BRASIL

Na Bolívia, nos últimos anos, o esquerdista Evo Morales foi expulso do poder, a reacionária Janine Anez tomou o poder, depois ela encerrou o mandato e em seguida foi presa e o esquerdista mais do que moderado Luís Arce presidiu o país em seguida. E, agora, é a direita que disputa o segundo turno no nosso vizinho, com os políticos Rodrigo Paz, ex-senador, e Jorge Quiroga, ex-presidente, concorrendo à Presidência da República boliviana. São duras lições para o Brasil e um único parágrafo é bastante para descrever o caso da Bolívia num texto que serve mais para o Brasil. Afinal, o governo Lula fracassou no que se refere ao seu projeto político e não convenceram os “recordes históricos” do chamado “Efeito Lula” porque eles eram fáceis, fantásticos e imediatos demais para serem realidade. Devemos insistir que não dá para fazer reconstrução em clima de festa e, muito menos, sem canteiro de obras. Colheita sem plantação? Com o chefe da nação fora do país? E olha que Lula tem um poder de certa...

LULA VIROU O CANDIDATO DA ELITE “LEGAL” QUE CONTROLA AS REDES

JOVENS DESPERDIÇANDO SEU DIREITO DE ESCOLHA APOSTANDO NA "DEMOCRACIA DE UM HOMEM SÓ" DE LULA. Um levantamento do Índice Datrix dos Presidenciáveis divulgou dados de agosto último, apontando a liderança do presidente Lula no engajamento das redes sociais. Lula teve um aumento de 55% em relação a julho e ocupa o primeiro lugar, com 24,39 pontos. Já Michelle Bolsonaro, um dos nomes da direita brasileira, cai 53%< estando com 18,80 pontos. Ciro Gomes foi um dos que mais cresceram, indo do sexto para o segundo lugar (verificar os pontos). Lula tornou-se o candidato predileto da “nação Instagram/Tik Tok”. Virou o político preferido da elite “legal” que domina as narrativas nas redes sociais. E isso acontece num contexto bastante complicado em que uma parcela abastada da sociedade aposta em Lula como fiador de um desejo insano de dominar o mundo. Vemos começar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de envolvimento em um plano de golpe junto a outros militares. E te...