A denúncia de Veja contra Dias Toffoli, trazida pelo empreiteiro e delator Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, criou uma crise séria na Justiça.
Supremo Tribunal Federal e Procuradoria Geral da República em clima de saia-justa.
Gilmar Mendes, ministro do STF, esculhambando os procuradores dizendo que "o cemitério está cheio desses heróis".
É um incidente que pode atingir o governo de Michel Temer e causar abalos na grande mídia.
Principalmente quando Temer é aconselhado a adiar o aumento salarial dos servidores do STF para depois do julgamento final do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
O Supremo pode, com isso, não atuar de forma esperada diante do adiamento de tão sonhado aumento.
Hoje houve um terremoto que atingiu o centro da Itália, causando 38 mortes e centenas de feridos e desaparecidos, até a edição deste texto.
O "terremoto" que já atinge o Brasil é outro.
Alguns incidentes envolvendo a plutocracia que tomou o poder em maio último já causam abalos sérios.
Foi Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara dos Deputados, dizer que defende a reeleição de Michel Temer, para as relações do PMDB e PSDB se estremecerem.
O próprio Rodrigo Maia, filho de César Maia, ao ocupar o cobiçado cargo que garante a suplência na Presidência da República, já causou outro "tremor".
Eduardo Cunha, um dos idealizadores desse golpe político, queria Rogério Rosso, do PSD do Distrito Federal, para presidir a Câmara dos Deputados.
O lobby de Temer poderia, na visão de Cunha, ter lutado para Rosso vencer a votação entre os deputados federais.
Mas Temer não atendeu os apelos de Eduardo Cunha.
Agora Cunha escreve um dossiê que poderá em breve denunciar todo mundo.
E aí se nota que o Brasil está desgovernado e eu, andando nas ruas, fico assustado com a tranquilidade feliz de muitas pessoas.
A gente está perto de uma catástrofe política e o pessoal feliz nas areias da praia, vendo bobagens no WhatsApp e, quando muito, "engajado" nas caçadas ao Pokemon.
Gente que parece não sentir falta de dinheiro, até porque sobra para as tatuagens horríveis que muitas pessoas colocam.
Temos não só um governo reacionário no poder, com suas forças retrógradas em volta, vindas de setores da Justiça, da mídia e de outros movimentos ultraconservadores.
Temos essas forças retrógradas cometendo brigas internas das mais sérias.
Não bastassem serem péssimos condutores para o progresso do país, o fato deles nem serem totalmente unidos só faz piorar as coisas.
É como alguém que deixa uma casa cheia de gente sem luz, e ainda provoca pancadaria no recinto.
Como é que muitos ainda ficam tranquilos com essa situação?
Vejamos. Eduardo Cunha briga com Michel Temer porque este não ajudou a eleger um candidato à presidência da Câmara dos Deputados que o outro queria.
Vai Dias Toffoli soltar o ex-ministro de Dilma Rousseff, Paulo Bernardo, porque a prisão foi abusiva e ilícita, o Judiciário se vinga permitindo um delator citar o magistrado numa modesta obra particular,
Gilmar Mendes se irrita e entra em conflito com o procurador Rodrigo Janot.
E Mendes, que apesar dos 61 anos se comporta, como juiz, como nenhum calouro de Direito teria coragem de se comportar, foi dizer que os procuradores precisam "calçar as sandálias da humanidade".
Mesmo quando critica a insensatez do outro lado, como dar validade a provas ilícitas, como admitiu Sérgio Moro ao divulgar seu pacote "anti-corrupção", Gilmar é tendencioso.
E se há uma briga entre duas altas instituições da Justiça, Supremo Tribunal Federal e Ministério Público, os brasileiros deveriam arrancar seus cabelos.
O país está desgovernado, não bastassem os conflitos que envolvem Temer e Cunha, PMDB e PSDB, mídia e Judiciário, fora outros que podem vir por aí.
E ainda tivemos Fernando Holiday, do Movimento Brasil Livre e candidato a vereador pelo DEM, praticando um vandalismo no ato em homenagem a Fidel Castro.
Imagine se Fernando Holiday fosse chamar o presidente dos EUA, Barack Obama, de son of a bitch, só porque o político estadunidense resolveu se entender melhor com o governo cubano.
Será que, em nome da oposição cega ao esquerdismo, se pode tudo?
Lá fora, acredita-se que não.
Mas os reaças brasileiros só enxergam o próprio umbigo.
Ou despejam calúnias e difamações, apelando até para a violência para combater o esquerdismo que repudiam, ou ficam felizes e despreocupados com a catástrofe da plutocracia em marcha.
Estamos diante de um cenário de desordem e baderna na política nacional, com vazamentos de denúncias e escândalos que podem gerar briga nos meios plutocráticos, e o pessoal todo despreocupado e feliz.
Me assusta essa felicidade em excesso dessas pessoas. O Brasil pode cair por causa disso.
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