A grande mídia tenta fazer tudo que é possível para forçar o apoio dos brasileiros ao governo de Michel Temer.
Chega a não dar um foco exatamente à figura pessoal do presidente interino.
Em muitos momentos, focaliza nos dois "heróis" da fantasiosa abordagem midiática, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o das Relações Exteriores, José Serra.
Meirelles é visto como o ministro que vai cuidar da resolução da "crise econômica" do Brasil.
E Serra, como o ministro que vai coordenar a interação do Brasil com o resto do mundo.
Tudo com alegações tecnocráticas, já que a tecnocracia é a arte de dar alegações técnicas a atitudes e procedimentos arbitrários e nocivos à coletividade.
Você tem ideias egoístas? Projetos nocivos à população? E você tem algum prestígio que lhe faça socialmente influente? Basta usar desculpas "técnicas" para o que você decide e suas decisões prevalecerão, por mais prejuízos que causem.
E aí você pode virar um "deus", a postagem sobre sua decisão publicada no Facebook terá uma coleção de comentários elogiosos e de apoio, de internautas que se comportam como zumbis diante de seu líder.
Com isso, as pessoas estão sossegadas ignorando a catástrofe que virá.
É ainda uma multidão mais apática do que a de 1965.
Naquela época, havia a expectativa um tanto desanimada de que a ditadura chegaria ao fim, mesmo com a "limpa" que tirou um dos presidenciáveis civis mais cotados, Juscelino Kubitschek.
Isso porque o senso crítico das pessoas parecia mais afiado.
Se debatia até marchinhas de carnaval em 1965. Hoje, se debatermos o "funk", ganhamos a pecha de "preconceituosos".
E logo os funqueiros, que, apesar da imagem "esquerdista", sempre apunhalam as esquerdas pelas costas e vão festejar nos palcos da Rede Globo e nas páginas de Folha de São Paulo, Veja e Caras.
E logo o "funk", que vem de uma palavra em inglês que, traduzindo, não significa "lula" ou "dilma", mas significa o verbo "temer".
No momento, forças a favor e contra a volta de Dilma Rousseff ensaiam uma queda de braço.
Juristas, advogados e procuradores assinaram um manifesto de apoio ao processo de Lula no Conselho de Direitos Humanos na ONU, contra Sérgio Moro.
Por mais que alguém pudesse odiar o ex-presidente Lula, ele tem direito de defesa das acusações feitas contra ele.
Da mesma forma que Aécio Neves também tem direito de ser convocado a depor sobre as acusações contra ele na Operação Lava-Jato.
Não se faz uma coisa nem outra.
Lula é tratado como se fosse uma fera a ser abatida com tiro de espingarda.
Aécio é escondido pela grande mídia, não se considera sequer a necessidade dele explicar as acusações de corrupção, que não são poucas, que o atingem.
Em vez disso, criam-se teorias conspiratórias que reduzem as acusações contra Aécio de "teorias conspiratórias".
É como se os "coxinhas" fossem os únicos a "não conhecerem o esquema do Aécio".
Voltando a Lula, para "compensar" o seu empenho diante de um tribunal das Nações Unidas contra o tratamento abusivo recebido de um juiz paranaense, um ato agravou a situação de Dilma.
O relator do processo de impeachment da presidenta hoje afastada disse que ela cometeu "autêntico atentado" à Constituição Federal.
Trata-se do senador mineiro Antônio Anastasia, ex-governador de Minas Gerais.
Ele é do PSDB, e, portanto, é muito suspeito para dar seu parecer no relatório.
Só que ele não fala como legislador, mas como político de oposição.
É claro que ele vai dizer que Dilma Rousseff, do PT, agrediu a Constituição.
Se ele tivesse relatando o processo de impeachment de Fernando Henrique Cardoso, ele não teria agido assim.
Descreveria que houve uma "interpretação equivocada" dos deslizes atribuídos ao então presidente.
É a mesma turma que esconde Aécio Neves debaixo do tapete.
O relatório de Anastasia complementa a decisão de Sérgio Moro de transformar Lula em réu da Lava-Jato por "tentar impedir" as investigações.
E diante desse pano de fundo, tem-se o insosso Michel Temer no comando.
Ele não vai para a reunião do G-20, grupo dos vinte países mais industrializados do mundo, com medo de má repercussão.
Temer até arrumou uma desculpa frouxa: interino não vai a um evento desses.
A verdade é que ele teme (olha o trocadilho) que terá mais uma repercussão negativa.
Ele sabe que não tem carisma, não é popular, não representa os interesses populares, e nunca passaria por um teste nas urnas.
Michel Temer até admitiu estar "preparadíssimo" para ser vaiado na abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro.
A grande mídia até demonstra cautela até mesmo na defesa de seu governo.
Praticamente, só o colunista de O Globo, Jorge Bastos Moreno, é tiete do presidente e fala como se fosse seu assessor.
Mas o resto trata Temer como se fosse um mordomo, mesmo, alguém que está a serviço da plutocracia, sem ser um ídolo, mas um prestador de serviços.
O que a direita vê em Temer é isso: prestador de serviço, designado a desfazer tudo o que os governos petistas fizeram e, quiçá, tudo o que de progressista se fez pelo Brasil.
A direita nem está preocupada se o governo Temer presta ou não, ou se ele é um desastre para o Brasil.
Ela está preocupada em ver o PT fora do poder, de qualquer maneira.
Vende a ideia falaciosa de que, se o Brasil está ruim com Temer, será pior sem ele.
Por isso forçam o povo brasileiro a engolir o "remédio amargo" da "Ponte para o Futuro".
Que fará o país estar na contramão das nações desenvolvidas.
Aliás, "que se dane o mundo", quando vemos que boa parte da sociedade vê o mundo com seus umbigos.
O narcisismo bairrista dos setores conservadores no Brasil já domina as mídias sociais de maneira assustadora. Vide as trolagens e cyberbullyings.
Esse narcisismo bairrista agora quer conquistar o Planalto e deletar as chances do Brasil progredir, para que os reaças, em suas festas endinheiradas, possam gritar KKKKKKKKK livremente, às custas dos sacrifícios de milhões de explorados.
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