Ontem começou o calvário que poderá afastar em definitivo Dilma Rousseff do Governo Federal.
E que mergulhará o país nas trevas do temeroso governo de Michel Temer.
O ritual, que começa com os depoimentos das testemunhas da suposta corrupção do governo Dilma, já ocorre um dia depois do presidente do STF cometer um erro jurídico.
Lewandowski, alegando pretextos técnicos, mandou soltar um criminoso do PCC (Primeiro Comando da Capital), que havia sido condenado a 25 anos de prisão.
O criminoso, preso há quase um ano, é acusado de ordenar os incêndios que destruíram vários ônibus no Ceará.
Lewandowski é o mesmo homem que barrou todo pedido para anulação do julgamento do impeachment contra Dilma Rousseff, sob um suposto crime nunca devidamente esclarecido.
Mas ele alegou problemas de ordem processual contra um criminoso de alta periculosidade, que havia matado um policial durante uma fuga.
E ainda usou o princípio de "presunção de inocência" para o criminoso.
Algo que ele não considerou em Dilma Rousseff.
Não se está aqui dando palpites, suposições etc, até porque não se sabe o que passou na cabeça de Lewandowski soltar um criminoso que ameaça a sociedade.
Há um texto ligando o PCC ao PSDB, que cabe reflexão.
O PSDB também tem braços com o Judiciário partidarizado.
Mas a maioria esmagadora dos parlamentares que se opõem a Dilma Rousseff também tem dados sombrios bastante conhecidos.
Ontem Gleisi Hoffmann, senadora entre os que se esforçam para barrar o impeachment definitivo, perguntou que autoridade moral os senadores têm para julgar Dilma.
Teve uma discussão feia com o ruralista Ronaldo Caiado, alguém que parece desconhecer o que é povo brasileiro, tão focado em suas fazendas.
Houve discussões de Caiado com outros senadores pró-Dilma.
Caiado havia respondido a Gleisi dizendo que não era "assaltante de aposentados", citando uma suposta acusação contra o marido da senadora, Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos petistas.
A acusação se refere ao suposto desvio que Bernardo é acusado de ter feito nos cofres do INSS.
Lindbergh saiu em defesa de Gleisi e lembrou das ligações de Ronaldo Caiado com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o senador cassado Demóstenes Torres (que a revista Veja definiu como "exemplo de moralidade").
Veio uma série de comentários agressivos e Ricardo Lewandowski decidiu suspender a sessão.
E quem pediu para haver "serenidade" entre os senadores foi justamente Aécio Neves.
Verdadeiro "esgoto moral" por tantas acusações de corrupção, em âmbito nacional e regional, que acumulou em sua carreira, Aécio Neves havia discursado antes "em defesa da moralidade".
Nada menos do que quatro delatores da Operação Lava-Jato falaram do suposto envolvimento de Aécio Neves em corrupção. Um deles disse que Aécio era "chato" em cobrar propinas.
Em conversa com Romero Jucá, o ex-senador e ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, falou que "todo mundo conhece o esquema do Aécio" e o neto de Tancredo Neves (que há 55 anos era um personagem político em evidência, na crise da renúncia de Jânio Quadros) seria "o primeiro a ser comido" se os políticos do PSDB fossem denunciados na Lava-Jato.
Pelo menos Aécio Neves poderia ter sido chamado a depor esclarecendo as acusações.
O fato de nem isso ter ocorrido dá indícios da corrupção do senador mineiro.
Porque, se ele não fosse corrupto, se ofereceria para depor e explicar todos os detalhes, desmentindo as acusações.
Lula e Dilma sempre se ofereceram para depor.
Aécio, não. Quando muito, "explicou-se" numa entrevista ao telejornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, emissora que blinda o senador tucano.
A ver que os senadores anti-Dilma estão no comando da votação, com um STF partidarizado e com Renan Calheiros também na oposição, dá para perceber que esse processo nem de longe é imparcial.
Vão derrubar Dilma Rousseff e só um milagre irá salvá-la do impeachment.
Os próximos dias ainda dirão como será o desfecho, isso com o governo Michel Temer se revelando a podridão que é e com o STF e a Procuradoria Geral da República em brigas recentes.
O Brasil está desgovernado e não parece ir a bons eixos até 2018.
Se as pessoas estão tranquilas, é bom se preparar para brincar de Pokemon Go com uma mão e pegar no instrumento de trabalho na outra.
O Brasil retrógrado está em marcha.
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