Luís Nassif, do Jornal GGN, alertou para a edição atual de Veja que, mais uma vez, se esquece do compromisso de dar informação (ainda que seja ultraconservadora) e parte para uma vaga denúncia.
É só ver a matéria de capa para 24 de agosto (mas chegando às bancas com quatro dias de antecipação).
A revista publica supostas denúncias contra o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que, segundo Nassif, teria sido vingado pela Lava-Jato por ter solto o ex-ministro dos governos petistas, Paulo Bernardo.
Paulo Bernardo é marido da senadora Gleisi Hoffmann, uma das articuladoras da campanha pela volta de Dilma Rousseff ao governo, através da votação negativa do impeachment.
A prisão de Bernardo teria sido uma jogada psicológica para forçar os senadores a votar pela saída definitiva de Dilma.
Bernardo foi solto, por falta de provas, e com isso os plutocratas da Operação Lava-Jato teriam chamado Léo Pinheiro, um dos empreiteiros detidos, para fazer delação premiada.
Eis o que Luís Nassif identificou na reportagem, nas palavras dele:
1. Que certo dia Toffoli pediu dicas para Léo Pinheiro sobre a impermebialização da sua casa. E Léo Pinheiro indicou uma empresa para fazer os serviços.
2. Não há nenhuma prova de que a OAS pagou a empresa. Toffoli diz que ele pagou. Léo PInheiro não diz que a OAS pagou.
3. A revista apresenta como evidência apenas um fato: se Léo Pinheiro mencionou o episódio nos preparativos para a delação, certamente é porque possui mais dados a serem apresentados quando a delação for formalizada. E nada mais disse.
Dá pena as pessoas ainda darem atenção à revista Veja.
Uma senhora, em Niterói, passava por uma banca e ela havia olhado, com interesse, a capa da edição recente da revista.
Coitada ela, por não saber que a Veja é capaz de publicar mentiras descaradas.
A do exílio de Lula na Itália é um exemplo.
Aliás, a Polícia Federal declarou em relatório que Lula não é dono do triplex em Guarujá.
Isso é um soco nos estômagos da mídia privada, que havia condenado Lula com a ostentação indevida do modesto apartamento que, mesmo assim, era abordado como se fosse o "apartamento de luxo" do ex-presidente.
Fizeram a condenação, escolheram o condenado, e ficaram procurando por um crime que a Polícia Federal revelou que não existiu.
E mesmo que Lula fosse dono do triplex, ele é um apartamento comum, de classe média.
As três citações de Lula registradas no relatório da Polícia Federal não confirmam a acusação de que o ex-presidente seria dono do apartamento.
Como lembra Fernando Brito, do Tijolaço, duas pessoas apenas "ouviram dizer" que Lula teria um apartamento lá.
Já outra citação se refere à desistência da ex-primeira dama, Marisa Letícia, que desistiu da compra do imóvel.
O "crime" de Lula foi apenas "conhecer" o apartamento de classe média que pensou em comprar.
E aí a grande mídia fez todo um carnaval em cima. "Reportagens" sensacionalistas do Fantástico e Jornal Nacional, pegando carona no denuncismo barato de Veja.
Isso mostra como é a grande mídia, voltada aos interesses privados.
Se a grande imprensa é capaz de mentir e ofender para defender seus interesses, é sinal que o jornalismo comercial brasileiro vai muito mal. Muito mal mesmo.
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