"Desaparecido" da grande mídia, o senador Aécio Neves reapareceu na votação de ontem, para dar o seu discurso de sempre, mais parecendo um candidato do que um senador votante.
Era a votação do Senado Federal para se discutir a forma que se dará a votação final do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Fazendo as habituais críticas a Dilma, Aécio defendeu o colega Antônio Anastasia, relator do processo de impeachment e do grupo político do neto de Tancredo Neves.
Mas a grande "pérola" do senador que havia sido derrotado pelas urnas em 2014 não se refere à defesa do amigo, como ele ex-governador de Minas Gerais e encrencado com muitas acusações de corrupção.
Não é preciso lembrar que Anastasia, por ironia, cometeu no governo mineiro as tais "pedaladas fiscais" que ele acusa, até mesmo no seu relatório, a presidenta afastada de ter cometido.
Vamos ao Aécio:
"Nenhum brasileiro, em especial o presidente da República, está acima da lei", disse ele.
Em outro momento, Aécio acrescentou: "E acredito que algumas lições ficarão deste episódio. Uma delas é que a sensação de impunidade que imperava em todos os escalões do antigo governo não terá mais espaço. Os governantes estarão atentos a cumprir a lei e dizer a verdade".
Só que Dilma Rousseff foi acusada por rumores nunca devidamente investigados sequer. Se ela foi condenada, foi por puro capricho de oposição política e por interesses elitistas conhecidos.
E Aécio só não é investigado porque seus aliados não querem.
A gravação do diálogo do senador Romero Jucá com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, é ilustrativa.
Machado, que foi político do PSDB por dez anos, disse que "todos sabiam do esquema do Aécio".
Outros delatores da Operação Lava-Jato falavam que Aécio Neves era muito exigente na cobrança de propinas. Queria um valor alto o suficiente para os interesses dele.
Há muitas acusações contra Aécio Neves, com documentações bem mais fartas e dignas de prova.
Sobretudo seus aeroportos particulares, construídos com dinheiro público.
Pior é que o senador não quer sequer tirar sequer satisfações.
Não é como Lula, Dilma e os petistas que até se oferecem para prestar depoimentos à Justiça.
Aécio foge de medo, não diz, não desdiz, age por omissão.
E, no seu discurso como senador, fala mais como um presidenciável fracassado de 2014, que não aceitou derrota, e como um pré-candidato a 2018.
Tem parte de seu programa eleitoral de 2014 adotado pelo presidente interino Michel Temer.
É como se Temer preparasse o terreno para o "Aécio 2018".
Com um programa de governo amargo para o povo brasileiro, mas que desce como doce de leite nas goelas das elites.
Aécio falou com demagogia no seu discurso como senador.
Mas, sobretudo, falou mais como um futuro presidenciável do que um senador que estava ali para votar os preparativos de um julgamento político.
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