NEM TODA ANITA (OU ANITTA) É UMA GARIBALDI.
A música brasileira se terceirizou, se privatizou.
Não temos mais grandes novos artistas, mas fetiches da "cultura de massa".
Pessoas que aceitam ser mercadorias musicais, para depois, com o apoio de intelectuais complacentes ou mesmo entusiastas, venderem a falsa imagem de "artistas de vanguarda".
Tentam empurrar o brega-popularesco para a cultura indie, para o alternativo, para o underground.
Criam toda uma discurseira para justificar tal manobra, sobretudo por conta da plateia.
Qualquer evento que tiver uma parcela de pobres, gays, negros e índios é tido como "bolivariano".
Mas aí é um preconceito às avessas.
Pobres, gays, negros e índios acabam vistos como "anormais", só que "mais à esquerda".
Expostos pelo tendencioso discurso de intelectuais "bacanas", acabam se expondo também ao ódio dos fascistas de plantão.
Vamos ver o espetáculo sob o ponto de vista do palco e dos bastidores.
O ídolo "popular demais" de plantão nada tem de libertário.
Isso é só um "mimimi" de intelectual provocador querendo dizer que a MPB acabou e que a nova música brasileira está na música "popular demais" que rola nas FMs ditas "populares".
Emissoras FM que, diga de passagem, são controladas por oligarquias nacionais ou regionais.
Qualquer nome que lote plateias e apareça na televisão é promovido pela intelligentzia como se fosse um "guerrilheiro bolivariano".
O nome mais recente é a cantora Anitta.
Genérico brasileiro da Britney Spears, Anitta virou "bolivariana' de graça, apenas por causa de comentários irônicos de William Waack, famoso âncora da Rede Globo.
De repente, ela virou "guerrilheira", "combativa", uma suposta inimiga da grande mídia, uma suposta "Anita Garibaldi" da cruzada contra a "velha e desgastada MPB".
No entanto, o repertório de Anitta, além de insosso, é inócuo.
As músicas são meramente inofensivas, e não deixam os barões da mídia apavorados.
Pelo contrário. Anitta convive muito bem com a plutocracia do entretenimento midiático.
Cantou com Roberto Carlos, no seu especial de fim de ano da Rede Globo.
Apareceu no Caldeirão do Huck, no Domingão do Faustão.
Apareceu na revista Caras, suas músicas foram tocadas na Jovem Pan FM.
É muita aparição na mídia venal, para que se considere que Anitta estaria usando a grande mídia para um suposto combate a ela.
Nenhuma operação de guerrilha midiática se faz assim, indo para um lugar e depois para outro, como uma peregrinação e não ocupação.
Não existe isso de atribuir um combate à grande mídia a uma aparição no Caldeirão do Huck, depois no Domingão do Faustão, depois no The Noite, depois no Ritmo da Noite da Jovem Pan.
Ou se fez uma peregrinação adesista ou se escolhe um veículo para ocupar, ou então precisa ter um grupo relativamente grande para ocupar mais de um veículo.
E com os profissionais da mídia venal incomodados, apavorados, apreensivos.
William Waack não estava apreensivo. Ele não estava lidando com uma petista, quando muito ele lidava com um ídolo da geração de seus filhos.
A intelectualidade "bacana" cometeu a mesma gafe de quando Os Dez Mandamentos tirou da liderança alguns programas "imbatíveis" da Rede Globo.
A intelligentzia tratou a "façanha" como se a novela bíblica tivesse sido um fenômeno guevariano.
Esqueceram que a Igreja Universal anda apoiando, em parte, a Escola Sem Partido, que quer banir a transmissão de ideias progressistas nas escolas em geral.
Foi um tiro no pé, "bacanões"!
Definir a "música popular demais" como "guevariana" ou "bolivariana" é extremamente ridículo.
Será que eles mantém Wesley Safadão na manga, para soltá-lo em mais uma resenha-panfleto "provocativa"?
Wesley Safadão é muito mais rico do que toda a nata da Bossa Nova e pós-Bossa Nova junta.
Ele representará que tipo de "bolivarianismo"?
E os funqueiros que fizeram festas de aniversário milionárias? E os "sertanejos" e arrocheiros que compraram carros importados?
Que "bolivarianismo" eles representam? Nenhum.
E que "vanguarda da MPB" eles podem simbolizar, se considerarmos o discurso do intelectual "mais legal do país"? Nenhuma.
Na verdade, eles, funqueiros, "sertanejos", tecnobregas, forrozeiros-bregas, axézeiros, "bregas de raiz" etc etc etc, todos eles já aderiram ao Plano Temer.
Privatização da música popular, substituindo os artistas por mercadorias musicais.
Terceirização musical: música sem alma, apenas feita mediante fórmulas de sucesso comercial.
Precarização musical: talentos medianos, na melhor das hipóteses.
Neste caso, temos até um estilo sem músicos nem compositores e nem arranjadores: o "funk".
Tudo isso não é guevariano nem bolivariano. É neoliberalismo, "livre mercado" aplicado na música brasileira.
Música colonizada, em que a influência estrangeira é assimilada de forma vertical, de cima para baixo.
É o que o hit-parade dos EUA decide.
A ideia é evitar a reação politizada da MPB nos primórdios da ditadura militar.
Por isso, desmoraliza-se a MPB e empurra-se a bregalização para a goela dos esquerdistas.
E aí, contraditoriamente, ídolos "carneirinhos" se tornam "subversivos" não porque realmente subvertem, mas porque são vaiados por supostas elites.
Nenhum ídolo brega-popularesco é capaz de segurar uma grande entrevista com as mesmas declarações consistentes de um Chico Buarque.
Em muitos casos, esses ídolos "populares demais" são ingênuos e, por vezes, falam até bobagens.
Portanto, não há como defini-los como "combativos".
A intelectualidade "bacana" vai no campo das esquerdas dizer que a MPB progressista já era.
Mas, querendo o fim da MPB, a intelligentzia não quer um "bolivarianismo cultural".
O que eles querem é neoliberalismo, "livre mercado", bregalização, favelas domesticadas, prostitutas submissas, camelôs felizes.
Fico imaginando o que quer dizer o "Volta, Querida" e o "Fica Dilma" de um Pedro Alexandre Sanches com camisa da CBF, barba de Lobão e conterrâneo do amigo (ou herói) Sérgio Moro.
É um discurso subliminar: "Volta, Querida, para sua casa" e "Fica, Dilma, em casa curtindo o neto".
Poucos percebem o quanto se pode dizer "não" dizendo só sim.
Daí os funqueiros que abafaram um protesto contra o impeachment com um "baile funk" que tentou despolitizar a manifestação, naquele 17 de abril.
Precisamos ver o discurso por trás das aparências.
A música brasileira se terceirizou, se privatizou.
Não temos mais grandes novos artistas, mas fetiches da "cultura de massa".
Pessoas que aceitam ser mercadorias musicais, para depois, com o apoio de intelectuais complacentes ou mesmo entusiastas, venderem a falsa imagem de "artistas de vanguarda".
Tentam empurrar o brega-popularesco para a cultura indie, para o alternativo, para o underground.
Criam toda uma discurseira para justificar tal manobra, sobretudo por conta da plateia.
Qualquer evento que tiver uma parcela de pobres, gays, negros e índios é tido como "bolivariano".
Mas aí é um preconceito às avessas.
Pobres, gays, negros e índios acabam vistos como "anormais", só que "mais à esquerda".
Expostos pelo tendencioso discurso de intelectuais "bacanas", acabam se expondo também ao ódio dos fascistas de plantão.
Vamos ver o espetáculo sob o ponto de vista do palco e dos bastidores.
O ídolo "popular demais" de plantão nada tem de libertário.
Isso é só um "mimimi" de intelectual provocador querendo dizer que a MPB acabou e que a nova música brasileira está na música "popular demais" que rola nas FMs ditas "populares".
Emissoras FM que, diga de passagem, são controladas por oligarquias nacionais ou regionais.
Qualquer nome que lote plateias e apareça na televisão é promovido pela intelligentzia como se fosse um "guerrilheiro bolivariano".
O nome mais recente é a cantora Anitta.
Genérico brasileiro da Britney Spears, Anitta virou "bolivariana' de graça, apenas por causa de comentários irônicos de William Waack, famoso âncora da Rede Globo.
De repente, ela virou "guerrilheira", "combativa", uma suposta inimiga da grande mídia, uma suposta "Anita Garibaldi" da cruzada contra a "velha e desgastada MPB".
No entanto, o repertório de Anitta, além de insosso, é inócuo.
As músicas são meramente inofensivas, e não deixam os barões da mídia apavorados.
Pelo contrário. Anitta convive muito bem com a plutocracia do entretenimento midiático.
Cantou com Roberto Carlos, no seu especial de fim de ano da Rede Globo.
Apareceu no Caldeirão do Huck, no Domingão do Faustão.
Apareceu na revista Caras, suas músicas foram tocadas na Jovem Pan FM.
É muita aparição na mídia venal, para que se considere que Anitta estaria usando a grande mídia para um suposto combate a ela.
Nenhuma operação de guerrilha midiática se faz assim, indo para um lugar e depois para outro, como uma peregrinação e não ocupação.
Não existe isso de atribuir um combate à grande mídia a uma aparição no Caldeirão do Huck, depois no Domingão do Faustão, depois no The Noite, depois no Ritmo da Noite da Jovem Pan.
Ou se fez uma peregrinação adesista ou se escolhe um veículo para ocupar, ou então precisa ter um grupo relativamente grande para ocupar mais de um veículo.
E com os profissionais da mídia venal incomodados, apavorados, apreensivos.
William Waack não estava apreensivo. Ele não estava lidando com uma petista, quando muito ele lidava com um ídolo da geração de seus filhos.
A intelectualidade "bacana" cometeu a mesma gafe de quando Os Dez Mandamentos tirou da liderança alguns programas "imbatíveis" da Rede Globo.
A intelligentzia tratou a "façanha" como se a novela bíblica tivesse sido um fenômeno guevariano.
Esqueceram que a Igreja Universal anda apoiando, em parte, a Escola Sem Partido, que quer banir a transmissão de ideias progressistas nas escolas em geral.
Foi um tiro no pé, "bacanões"!
Definir a "música popular demais" como "guevariana" ou "bolivariana" é extremamente ridículo.
Será que eles mantém Wesley Safadão na manga, para soltá-lo em mais uma resenha-panfleto "provocativa"?
Wesley Safadão é muito mais rico do que toda a nata da Bossa Nova e pós-Bossa Nova junta.
Ele representará que tipo de "bolivarianismo"?
E os funqueiros que fizeram festas de aniversário milionárias? E os "sertanejos" e arrocheiros que compraram carros importados?
Que "bolivarianismo" eles representam? Nenhum.
E que "vanguarda da MPB" eles podem simbolizar, se considerarmos o discurso do intelectual "mais legal do país"? Nenhuma.
Na verdade, eles, funqueiros, "sertanejos", tecnobregas, forrozeiros-bregas, axézeiros, "bregas de raiz" etc etc etc, todos eles já aderiram ao Plano Temer.
Privatização da música popular, substituindo os artistas por mercadorias musicais.
Terceirização musical: música sem alma, apenas feita mediante fórmulas de sucesso comercial.
Precarização musical: talentos medianos, na melhor das hipóteses.
Neste caso, temos até um estilo sem músicos nem compositores e nem arranjadores: o "funk".
Tudo isso não é guevariano nem bolivariano. É neoliberalismo, "livre mercado" aplicado na música brasileira.
Música colonizada, em que a influência estrangeira é assimilada de forma vertical, de cima para baixo.
É o que o hit-parade dos EUA decide.
A ideia é evitar a reação politizada da MPB nos primórdios da ditadura militar.
Por isso, desmoraliza-se a MPB e empurra-se a bregalização para a goela dos esquerdistas.
E aí, contraditoriamente, ídolos "carneirinhos" se tornam "subversivos" não porque realmente subvertem, mas porque são vaiados por supostas elites.
Nenhum ídolo brega-popularesco é capaz de segurar uma grande entrevista com as mesmas declarações consistentes de um Chico Buarque.
Em muitos casos, esses ídolos "populares demais" são ingênuos e, por vezes, falam até bobagens.
Portanto, não há como defini-los como "combativos".
A intelectualidade "bacana" vai no campo das esquerdas dizer que a MPB progressista já era.
Mas, querendo o fim da MPB, a intelligentzia não quer um "bolivarianismo cultural".
O que eles querem é neoliberalismo, "livre mercado", bregalização, favelas domesticadas, prostitutas submissas, camelôs felizes.
Fico imaginando o que quer dizer o "Volta, Querida" e o "Fica Dilma" de um Pedro Alexandre Sanches com camisa da CBF, barba de Lobão e conterrâneo do amigo (ou herói) Sérgio Moro.
É um discurso subliminar: "Volta, Querida, para sua casa" e "Fica, Dilma, em casa curtindo o neto".
Poucos percebem o quanto se pode dizer "não" dizendo só sim.
Daí os funqueiros que abafaram um protesto contra o impeachment com um "baile funk" que tentou despolitizar a manifestação, naquele 17 de abril.
Precisamos ver o discurso por trás das aparências.
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