Pular para o conteúdo principal

POR QUE É MAIS DIFÍCIL AMADURECER NA VELHICE?

MINISTROS DO STF AGEM, MUITAS VEZES, COMO SE ESTIVESSEM NO SEGUNDO ANO DA FACULDADE DE DIREITO.

Difícil amadurecer depois dos 45 anos.

Prefiro acreditar, vendo tantas coisas que ocorrem nessa realidade cada vez mais complexa, que ficamos ainda imaturos e, em certos casos, mais imaturos do que na juventude.

Vejo pessoas na casa dos 60 anos cometendo verdadeiras molecagens.

Prefiro acreditar num país sem mestres, ou com poucos que mereçam esse título.

Prefiro acreditar que os "coroas" de hoje, em sua maioria esmagadora, se equiparam a bons universitários esforçados de 25 anos de idade.

Cabelos grisalhos ou brancos não são garantia de sabedoria.

Também isso seria tolo: é como se a cor dos cabelos desaparecesse e convertesse em sabedoria.

E isso seria contraditório: afinal, o significado da sabedoria estaria na cor dos cabelos, e não no seu embranquecer.

Prefiro acreditar que, mestres mesmo, vários já estão mortos: Oscar Niemeyer, Millôr Fernandes, Milton Santos, Sérgio Porto, Glauber Rocha, Renato Russo, Leila Diniz.

Algumas notícias mostram o quanto entrar nos 55, 60 ou 70 anos revela tropeços imaturos.

Luíza Brunet foi espancada por um namorado de 63 anos, Lírio Parisotto, por conta de uma raiva infantil dele não gostar de ser confundido com um ex-marido dela.

Mas isso é só um exemplo banal.

Vemos que o Brasil está sendo governado por um senhor de 76 anos, que governa o país como se fosse um adolescente cúmplice de uma gangue de garotos valentões de, em média, 16 anos de idade.

Sim, Michel Temer, que ainda tem a iniciativa infantil (no pior sentido desta palavra) de dar a posse de imóveis avaliados em, pelo menos R$ 2 milhões, a um menino de sete anos, seu homônimo filho.

E isso quando ele desejava tanto cortar o Minha Casa, Minha Vida, pelo menos para as populações mais necessitadas, com suas numerosas famílias.

Vejamos alguns políticos ou juristas que estão no poder.

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, é um senhor de 74 anos. Administra como um moleque malcriado, de maneira parcial, sendo duro com os países emergentes e pobres e brando demais com os países ricos.

O jurista Gilmar Mendes tem 61 anos, e parece agir como outro membro de gangue de encrenqueiros, manipulando a lei para favorecer seus amigos.

Ele não consegue esconder que seu "time preferido" é o PSDB, e a forma com que, certa vez, "assumiu" as investigações de corrupção envolvendo Aécio Neves é ilustrativa.

Ele se "responsabilizou" pelo caso para favorecer o amigo encrencado.

Gilmar também foi jantar com Michel Temer e disse que foi para "interesses profissionais".

Como, se foi num sábado à noite, quando a rotina do trabalho já havia se encerrado?

Complicado isso.

Nas colunas sociais, houve, até pouco tempo atrás, a projeção de uma geração de médicos, empresários, publicitários, economistas e advogados nascidos entre 1950 e 1955.

Todos, granfinos, se promovendo às custas de esposas bem mais novas, entre atrizes, ex-modelos e até jornalistas.

Quando completaram 50 anos de idade, há cerca de 10 anos, tentaram exibir uma falsa bagagem intelectual de homens de 70 anos de idade.

Queriam dar a impressão de que eram adultos nos anos 1950, que vivenciaram os anos 1940 e tiram de letra tudo que ocorreu entre o final do século XIX e a época em que nasceram.

E isso não por causa de um saber intuitivo do passado, mas por uma pretensão pedante de parecer mais maduro do que é (ou do que não é).

Se fosse como Umberto Eco, o saudoso intelectual que tirava a Idade Média de letra, tudo bem.

Mas o que se vê eram antigos mauricinhos do começo dos anos 1970.

Apenas garotos que amavam os Eagles e o Led Zeppelin e que cordeiramente aceitavam os projetos educacionais da ditadura militar.

Hoje senhores de 61 a 66 anos, eles são as últimas pessoas que poderiam entender com profundidade a obra de Millôr Fernandes. Sérgio Porto, então, lhes é desconhecido.

Até Renato Russo teria entendido melhor o "Emanuel Vão Gôgo" e o "Stanislaw Ponte Preta".

Médicos e empresários que ficam entre um baile de gala e um seminário caríssimo e que parecem ainda viver nos tempos de Jacinto de Thormes, desfilando ao lado de esposas mais jovens, não iriam entender bem os autores do Pif-Paf e Febeapá.

Quando muito, só conheceram a revista Senhor nos rabiscos dos exemplares dos pais.

Considero que vida em escritórios e eventos de gala são pit-stops da linha do tempo da vida.

E vemos gente mais velha do que eu (tenho 45 anos) largando na frente, mas dormindo no pit-stop.

Num tempo, quarentões, cinquentões e sessentões "de sucesso" se perdem em eventos de gala e superestimam a vida nos escritórios.

De repente, até aquele empresário de 48 anos fica perguntando para um adolescente de 14 anos, filho de um amigo, o que é se divertir.

Experiências sociais de juventude se apagam nas mentes de quem chega a cargos de comando, que tiram de letra problemas que ocorrem em consultórios e escritórios, mas são incapazes de entender o lazer que eles mesmos viveram quando tinham 20, 25 anos.

Não digo que cinquentões e sessentões, ou gente a caminho de sê-los, não possam se amadurecerem. Mas quem é capaz disso torna-se ainda mais uma minoria, uma exceção.

A maioria parece viver os 50 ou 60 anos com QI de jovens que ainda não tenham chegado aos 25 anos.

Vejo os semblantes da maioria da gente grisalha e de cabelos brancos e noto uma insegurança digna de adolescentes com espinhas na cara.

Até nas conversas eu noto uma diferença.

Os sessentões de 30 anos atrás, em seus depoimentos ou conversas, falavam do seu convívio com os pais e do aprendizado que tiveram com eles.

Os sessentões de hoje, em semelhante situação, falam mais dos filhos, e do que agora têm que aprender com eles.

Há mais "coroas" fazendo cursos do que palestras.

A vida hoje é complexa, instável, com transformações imensas e questões das mais controversas.

Os "coroas" de outrora encontravam um Brasil conservador, um mundo problemático, mas pelo menos com alguma estabilidade.

Hoje a situação é tão complicada que é difícil ser maduro na velhice.

O que mais se faz hoje, na chegada dos cabelos brancos, é repensar a juventude o tempo todo.

Hoje não tem mais desculpa do "não estou na idade para isso ou aquilo".

Diante de uma vida fechada para balanço, qualquer hipótese de recuperar a juventude é plausível.

Esquecemos que, para uma velhice sábia, existe uma juventude promissora e idealista.

Faltou idealismo e brilhantismo para a maior parte dos antigos jovens que hoje tem 45, 50, 60 anos.

Terão que conviver com uma velhice com adrenalina e insegurança juvenil, como se não tivessem ainda dado satisfações aos jovens imperfeitos que foram.

Paciência. A vida é complexa. Cabelos brancos podem também abrigar inseguranças juvenis.

Somos todos imaturos. A solução é deixar a vida fluir.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

CURRAL HUMANO

Estranha a elite do bom atraso, essa espécie de brasileiros que se mimetiza sob a multidão, se achando "a espécie humana por excelência", "a sociedade mais legal do mundo" e agindo com muita arrogância e megalomania nas mídias digitais, onde essa classe é majoritária, pois, com a exceção de alguns bons samaritanos, quase não existe vida inteligente nas redes sociais. A elite do bom atraso adota dialetos de portinglês como dog , bike  e o bizarro body  (maiô), além da gíria farialimer  e jovempaniana  "balada" (gíria bizarra, "popularizada" mas eufemismo para "rodízio de drogas alucinógenas"). Jogam comida fora, depois de umas poucas garfadas. Ouvem a vida toda um mesmo punhado de sucessos musicais bastante previsíveis, independente da qualidade. Outro aspecto também estranho dessa elite que se acha "dona do mundo" - a ponto de, viajando para o exterior, inicialmente esbanjar ar de superioridade imediatamente desfeito pela desc

EGOÍSMO DISFARÇADO DE GENEROSIDADE

"É SÓ CONFIAR EM DEUS QUE VOCÊ SAI DESSA", DIZEM OS EGOÍSTAS COM LÁBIOS DE MEL. Há um hábito, entre as pessoas que estão bem de vida e ganham demais sem necessidade, de, ao verem outra pessoa sofrendo dificuldades extremas, de dar uma sugestão seca dizendo para a pessoa "confiar em Deus e ficar orando". O que pode parecer uma generosidade é, na maior parte das vezes, uma perversidade, que é bem caraterística dos tempos em que uma pequena elite de bem-nascidos, a elite do bom atraso, vive o momento de protagonismo tendencioso que os faz fingirem ser "mais povo que o povo". É aquela coisa: "o pobre, coitado, não tem tempo para ter consciência de si mesmo nem tem formação escolar para isso. Eu, que sou a pessoa mais legal do mundo, embora gente como a gente, tenho diploma, carro bacana, vou aos melhores lugares na minha cidade, aprecio culinária exótica e tenho milhões de seguidores no meu Instagram, então eu me acho no direito de julgar o que o pobre de

QUANDO SUCESSO E DIGNIDADE NÃO COMBINAM EM SALVADOR

O Brasil já é um país de arrivistas, cujo modelo de moral religiosa se empenha, quase sempre, em proteger os abusos dos outros, como se a dignidade de um aflito se medisse na complacência ou mesmo na servidão a quem subiu na vida de maneira desonesta ou inconveniente. Tanto isso ocorre que há um certo exagero na pregação de religiosos para os aflitos "retrabalharem as energias" para saírem de seus infortúnios. Na verdade, isso também é um meio, de, através da misericórdia e do perdão (não seriam "riquesicórdia" e "ganhão"?) a um abusador, poupado e mantido nos seus privilégios desmerecidos, se passe pano nas desigualdades que se agravam no nosso país? As religiões, por meio desse procedimento, tentam fazer os aflitos se convencerem de que é preciso ter sangue de barata para viver. Não se pode sequer gemer de dor, quanto mais reclamar da cida. Se a pessoa vive um drama kafkiano, que então se sinta como o homem tornado barata, na metamorfose astral mediante

LULA REPAGINA O "MILAGRE BRASILEIRO"

O TERCEIRO MANDATO DE LULA NÃO REPRESENTA RUPTURA COM OS PARADIGMAS SOCIOCULTURAIS VIGENTES NO PERÍODO DO GENERAL ERNESTO GEISEL, APENAS ADAPTANDO O "MILAGRE BRASILEIRO" PARA UM CONTEXTO "DEMOCRÁTICO". Duas "boas notícias" envolvem o Brasil.  Uma é a divulgação de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta um aparente crescimento da renda per capita da população brasileira, tomando como critérios de avaliação o trabalho, a aposentadoria, os auxílios governamentais (como o Bolsa Família), o aluguel e outros rendimentos. Segundo os dados divulgados, correspondentes a 2023, o maior nível de rendimentos médios está no Distrito Federal, com o valor de R$ 3.357, enquanto o Maranhão aparece em último lugar, com R$ 945. São Paulo teve o valor de R$ 2.492, estando em segundo. Em terceiro, o Rio de Janeiro ficou em terceiro, com R$ 2.367.  Reduto do bolsonarismo, Santa Catarina, quinta colocada, ficou com R$ 2.269, seguida do berço d

PROTESTO BOLSONARISTA É ALERTA PARA O BRASIL

Anteontem aconteceu o protesto contra o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal e em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, realizado na Avenida Paulista, em São Paulo. No contexto da atual situação, o evento, comparável aos atos de Oito de Janeiro em Brasília, mas sem o vandalismo desta revolta, serve de alerta para o Brasil. Em outros momentos, até se podia admitir o caráter fake das marchas bolsonaristas, como este blogue gavia noticiado ao observar uma passeata em Niterói, anos atrás. Mas, diante do fraco governo Lula - que não consegue convencer dizendo que "não obteve acordo" para sair da prisão, já que seu terceiro mandato é o que mais se conciliou com a direita moderada que derrubou Dilma Rousseff - , o protesto bolsonarista teve, sim, grande adesão, com um número estimado de 300 mil pessoas. A narrativa dos lulistas não pôde, como em outras ocasiões, atribuir fracasso do evento. Também não pode atribuir desordem. Em contrapartida, os bolsonaristas não podem conven

O DESESPERO DAS ESQUERDAS COM A CRISE DO GOVERNO LULA

LULA INVESTE NO MUNDO DE SONHO E FESTA, QUE NÃO CONOVE QUEM ESTÁ FORA DA BOLHA LULISTA. As esquerdas, na semana passada, ficaram apreensivas. Depois da boa adesão de bolsonaristas na passeata da Avenida Paulista, no último 25 de fevereiro, as supostas pesquisas de opinião apontavam queda de popularidade do presidente Lula, mesmo quando aparentemente foram divulgados resultados positivos na Economia. Crentes num protagonismo pleno e numa certeza absoluta de triunfo do Brasil, como se seu processo de transformação em país desenvolvido fosse inevitável e inabalável, as esquerdas brasileiras se recusam a admitir a realidade, a de que elas não são tão protagonistas quanto imaginam. Na verdade, as esquerdas "alugaram" seu espaço político aproveitando as brechas jurídicas do Supremo Tribunal Federal (STF), que só passou a reagir contra a Operação Lava Jato preocupados com a ascensão abusiva de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol ao poder. Era o velho fenômeno do capanga querendo tomar o