A privatização da cultura popular brasileira recebeu, durante anos, a vista grossa de setores médios das esquerdas, por influência de uma intelectualidade infiltrada.
Uma intelectualidade que foi adestrada por acadêmicos ligados ao PSDB e depois forçando seu vínculo com o PT.
O pretenso esquerdismo que usava o rótulo "popular" como pretexto para empurrar o jabaculê brega-popularesco como se fosse "ativismo das periferias", escondeu um aspecto curioso.
O vínculo dos patrocínios político-midiático-empresariais dos anos 90.
O brega-popularesco sempre foi patrocinado por políticos de partidos conservadores e pelo coronelismo midiático.
Os primeiros ídolos cafonas fizeram sucesso através de uma parceria entre o coronelismo lúdico e midiático da região de origem e os barões da mídia e do entretenimento de São Paulo.
Durante a ditadura militar, os ídolos cafonas passaram a fazer mais sucesso, sobretudo durante a vigência do AI-5.
Rebelião popular? Seria equivocado acreditar que uma organizada articulação de emissoras de rádio e TV que apoiavam a ditadura recebessem a suposta rebelião dos cafonas.
Pura falácia de intelectual "bacana" querendo bancar o...bacana.
Rádios que apoiavam a ditadura militar não tocariam músicas que seriam contrárias a esse governo.
O brega-popularesco, na música, no comportamento e no noticiário, poderia não ter tido o apoio da TV Globo, nos anos 1970.
Afinal, a Globo era mais sofisticada, tinha o ex-TV Rio Walter Clark. Fora o noticiário lambe-botas, a linha de novelas e shows era de alto nível.
Os cafonas, na TV, tinham espaço nas concorrentes: TV Tupi, TV Record e TV Bandeirantes.
Mais tarde, eles tinham a TV Studios, mais tarde SBT, como espaço, após o fim da TV Tupi.
A Globo só assumiu a breguice nos anos 1980, a partir da máquina de fazer sucessos do mercantilista Michel Sullivan, que recentemente tentou se relançar como um pretenso gênio da MPB.
Sullivan lançou a receita para a supremacia brega-popularesca dos anos 1990, enquanto os cenários eram preparados pela farra politiqueira de José Sarney e Antônio Carlos Magalhães.
Com a supremacia da breguice em vários Estados brasileiros, criando arremedos de "culturas regionais" claramente comerciais, o patrocínio político era um espetáculo à parte.
Latifundiários, vereadores e deputados de partidos conservadores como o então PFL (hoje DEM), PDC, PL (atual PR), PSC, PPB (hoje PP) e similares, patrocinavam apresentações musicais de ídolos popularescos.
Isso tanto no "sertanejo" e no "forró eletrônico" no interior do país, na axé-music baiana, no "funk" do Rio de Janeiro e nas breguices paulistanas e, depois, do Sul do país.
O espaço do brega-popularesco na televisão era dominado pela dupla SBT / Record.
A Record foi adquirida pela Igreja Universal do Reino de Deus. É a Bancada da Bíblia contribuindo no aval a um tipo de "cultura popular" hipermidiatizada.
A Bancada da Bala e do Boi financiam eventos de brega-popularesco no interior e formatam o "inconsciente coletivo popular" sobretudo através das "musas populares" e do noticiário policialesco.
Tabloides policialescos fazem a festa na glamourização da violência que movimenta as ações parlamentares da Bancada da Bala.
A Bancada do Boi impulsionando o começo de carreira dos grupos de "forró eletrônico" e dos ídolos "sertanejos".
No Rio de Janeiro, o equivalente da Bancada do Boi (contravenção) lança as "musas populares" no Carnaval e ajuda no sustento do sucesso do "funk carioca".
Parte da Bancada da Bíblia sustenta o "funk", através de setores do PMDB carioca. Até a "mãe loura", Verônica Costa, faz parte dessa facção.
Essa mesma ala apoiou Aécio Neves na campanha presidencial de 2014, na chapa "Aezão" (Aécio presidente, Luiz Fernando Pezão governador do Rio de Janeiro).
As rádios "populares", em sua maioria esmagadora, são controladas por políticos ligados a partidos conservadores, vários representantes da Bancada BBB.
E ainda há gente que acredita em "reforma agrária na MPB"...
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