De repente ficou legal ser impopular.
Em se tratando de governo Michel Temer e da plutocracia que o cerca direta ou indiretamente, há até o orgulho da impopularidade.
É como se o sadismo popularizado pelo personagem cômico de Chico Anysio, Justo Veríssimo, ganhasse um tom politicamente correto.
O desprezo ao povo deixa de ser algo sádico e se torna ao mesmo tempo um discurso polido de uma postura escancarada.
Em vez de dizer claramente: "o povo que se dane", se diz "adoro ser impopular".
É o que se observa na mensagem do publicitário Nizan Guanaes.
Ele comparou a popularidade como uma "jaula" e deu seu aval para Michel Temer adotar medidas amargas, impopulares.
"Então aproveite que o senhor ainda não tem altos índices de popularidade e faça coisas impopulares que serão necessárias e que vão desenhar esse governo para os próprios anos", disse.
E acrescentou: "Esse é o grande desafio das democracias do mundo".
É uma baita cara-de-pau. Afinal, não se está levando em conta se o povo sairá ou não beneficiado pelas medidas amargas do governo.
Para piorar, Nizan saiu aplaudido, e evidentemente o próprio Michel Temer o aplaudiu, embora constrangido, porque sabe que Nizan está exaltando um defeito.
O publicitário e empresário usou do discurso de que as conquistas trabalhistas da Era Vargas são "antiquadas", desculpa que o próprio Temer usa para destruir a CLT.
"O empresariado não pode competir com o mundo com leis da época de Getúlio Vargas", argumentou Nizan, defendendo as reformas do governo Temer.
Tudo é empresariado. O povo praticamente não existe, não passa de um rebanho bovino a receber as migalhas de uma economia rentista.
O governo impopular de Michel Temer está fazendo uma verdadeira farra com o dinheiro público.
Quer impor a PEC do Teto (antes PEC 241, hoje PEC 55, amanhã uma ferida sangrenta na Constituição Federal) como se isso fosse melhorar a economia nacional.
Usa a falácia de "gastar apenas dentro dos limites do que é arrecadado". Arrecadado, no caso, é uma micharia. Não se taxa fortunas dos ricos no Brasil, só para se ter uma ideia.
As pessoas pagarão impostos para depois saber que não virão os novos equipamentos para os hospitais e que terão que arcar até com o material de limpeza para os banheiros das escolas.
Ou terão que comprar água mineral para os filhos levarem para a escola, porque vai faltar bebedouro.
Imagine alguém dizer que o enforcamento é a medida necessária para a pessoa respirar melhor.
Isso é a PEC do Teto, do limite dos gastos públicos.
A medida mais cruel e tida como "necessária". O empresariado e a patota rentista quer porque quer que a "peque" seja aprovada.
E aí vem Nizan com essa gafe violenta.
O Brasil vive seus tempos sombrios e tem gente alegrinha andando pelas ruas.
Isso é vergonhoso e constrangedor.
O pessoal anda lendo demais os livros de youtubers. Deveriam ler o Brasil Temeroso.
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