O jornal O Estado de São Paulo publicou uma pequena nota dizendo que a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) vai voltar a retransmitir conteúdo da Globo.
Provavelmente será um conteúdo produzido não só pela Rede Globo, mas também por canais como Globo News e Futura, este um canal educativo transmitido pela TV paga.
Segundo o presidente da EBC, Laerte Rimoli, a decisão se deu para "economizar custos", já que a programação é "mais barata e de boa qualidade".
Ligado à Globo e ao ex-deputado Eduardo Cunha, Rimoli esteve no Rio de Janeiro se reunindo com representantes das Organizações Globo.
Rimoli chegou a ter cancelada duas vezes sua ida para a EBC, quando o antigo titular, Ricardo Melo, teve cancelada a sua saída da presidência da instituição.
Com a efetivação do governo Temer, houve um desmonte dos antigos quadros profissionais da EBC, substituídos por gente alinhada com o atual governo.
A EBC, que inclui os canais NBR e a carioca TV Brasil, além da Agência Brasil e da Rádio MEC, foi fundado em 2007 durante o governo Lula para estabelecer um contraponto público à televisão privada e comercial.
A EBC se destinava não a ser uma empresa de comunicação estatal, mas voltada aos interesses públicos, tendo um Conselho Curador formado por diversos segmentos da sociedade.
Mas esse Conselho Curador foi extinto e a última chance de Ricardo permanecer no cargo foi eliminada.
Com a "nova" orientação, a EBC se adequará às demandas comerciais, sendo uma TV estatal com mentalidade de emissora comercial comum, colocando a causa educativa dentro de seus limites mercantis.
Isso quer dizer que a emissora transmitirá conteúdo político e educativo dentro das perspectivas do mercado, apreciando o interesse público apenas quando isso estiver de acordo com os interesses do empresariado.
Negros, índios, jovens, populações regionais só serão contempladas dentro desses limites, como se observa na Globo News e no Futura.
A atual fase da EBC faz parte do esquema de favorecimento que Michel Temer fez para a grande mídia patronal, criando uma "limpeza ideológica" ao expulsar antigos profissionais de mentalidade progressista.
Teresa Cruvinel, primeira presidenta da EBC, e outros profissionais como Emir Sader, Luís Nassif, Sidney Rezende, Paulo Markun, Paulo Moreira Leite, a exemplo de Ricardo Melo, tiveram contratos rescindidos.
A gestão de Rimoli fez isso sob o pretexto de "desaparelhar" a EBC, mas "aparelhou" com gente mais afinada com o governo temeroso.
É provável que as empresas da EBC continuarão produzindo conteúdo, mas com a parceria com as Organizações Globo o trabalho será reduzido, não bastasse a orientação se voltar para os interesses comerciais.
Com isso, a qualidade dos programas só será mantida quando ela não interferir nos interesses do mercado, como já se observava nos programas que o hoje falecido Fernando Faro fazia na TV Cultura, atualmente "aparelhada" por profissionais solidários ao PSDB paulista.
No entanto, haverá uma diferença para pior nos veículos da EBC, a ponto da TV Brasil agora ser apelidada de "TV Temer".
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