A precarização do trabalho do governo de Michel Temer é assustadoramente apoiada por setores influentes de nossa sociedade.
Tem gente querendo a extinção da Carteira de Trabalho e a redução de salários e encargos trabalhistas.
Acha que com isso a economia brasileira vai deslanchar.
É o papo de que apertando demais o pescoço a pessoa possa respirar melhor.
O que faz as pessoas pensarem assim? Não dá para entender.
Sabe-se que é uma combinação do endeusamento da meritocracia, a ideologia dos privilégios sociais, com a utopia de que mais sacrifícios trariam melhores resultados para a vida.
Temos casos de várias grifes de moda, denunciadas por trabalho análogo à escravidão.
E o dono de uma rede de lojas também acusada deste "novo método de trabalho" deu mais uma declaração infeliz.
É o empresário Flávio Rocha, da rede de lojas Riachuelo.
Defensor da reforma trabalhista do governo Temer, ele disse que o chamado "Estado Robin Hood" do governo Dilma Rousseff acabou.
Flávio deu um tiro no pé. Acusou Dilma e seu antecessor Lula de apelarem para o "Estado Robin Hood", um discurso que atribui como "roubo" transferir o dinheiro dos ricos para os pobres.
O dono da Riachuelo, ele um executivo "galã" de uma loja frequentada pela "boa sociedade", foi processado a pagar pensão vitalícia a uma ex-funcionária.
Ela foi obrigada a trabalhar, por hora, costurando 300 bolsos das calças e colocando 500 elásticos.
Ela evitava beber água para ir menos ao banheiro, deslocamento condicionado pelas fichas controladas por um funcionário.
A Riachuelo, curiosamente, já fez parcerias promocionais com a McDonald's, rede de lanchonetes que se autoproclamam "restaurantes" e oferecem como almoço um lanchinho explosivo (literalmente) para estômagos mais sensíveis.
Literalmente, porque aquelas substâncias químicas com altos índices de gordura e açúcar, fritadas em fogões enferrujados com óleo vencido, são de levar qualquer um para o hospital.
Mas o tempero amargo desse lanche nada saudável se dá a profissionais tristes e precarizados, que contrastam com os fregueses felizes que frequentam a lanchonete mais bovinos do que o gado que é abatido para os hambúrgueres sintéticos servidos no local.
Os fregueses que "amam tudo isso" sem perceber o lado sombrio do mercado de trabalho da empresa no Brasil. Tara-tá-tá!!
Os trabalhadores da rede são gente que sofreu humilhações por ser negro ou, no caso das mulheres, por ficarem grávidas.
Pessoas que, no almoço do trabalho, comem apenas o lanchinho que é o tal "almoço completo" da propaganda da rede.
Segundo o filme Super Size Me - A Dieta do Palhaço (Super Size Me) de Morgan Spurlock, uma dieta dessas é fatal para a saúde.
Ele mesmo quase morreu de tão gordo e subnutrido, sofrendo constantes crises de vômito e fortes dores de cabeça, comendo esse "almoço completo" oferecido pela "rede de restaurantes".
Indo para a precarização do trabalho, que Temer quer implantar na reforma trabalhista, é assustador que pessoas agora defendam abertamente isso.
Desculpas não faltam: programas de "qualidade total", premiação pelo trabalho "ágil" (sobrecarregado), racionalização de custos para mão-de-obra, estímulo para trabalhadores moderarem nos salários etc.
De repente, usa-se argumentos "técnicos" para prejudicar as classes trabalhadoras sem assumir que está defendendo esse prejuízo.
Este é o Brasil de Michel Temer, o presidente que quer cortar gastos públicos mas realiza jantar milionário para obter apoio para essa perversidade.
Em 2017 o país poderá se tornar ainda mais amargo com a aplicação da PEC do Teto e com as reformas trabalhista e previdenciária.
O Brasil perderá muito com isso. Esse é o preço da sociedade acreditar nos mitos da meritocracia.
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