O Brasil está em crise e o brasileiro que lutou pelo "Fora Dilma", de repente, ficou bitolado.
Tão "conscientizado" nas passeatas, nos panelaços e nas postagens raivosas nas mídias sociais, hoje estão falando de coisas banais, espinha na cara, caçar Pokemons, ler poeminhas sobre nada etc.
O país está à deriva e quantos risos, quanta alegria no salão.
Vejamos algumas notícias quentes, não no melhor sentido, mas no sentido de brasa queimando no lombo.
Geddel Vieira Lima criou um escândalo depois da denúncia do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero.
O ex-ministro acusou Geddel de pressioná-lo para aprovar a construção de um grande edifício que iria criar contraste paisagístico a um entorno histórico tombado pelo IPHAN.
Temer tentou blindar Geddel, recusou-se a demiti-lo de sua equipe de governo e criou-se um impasse.
Parece que a grande mídia não queria a permanência de Geddel.
Não que a grande mídia tenha tido um surto de lucidez, mas é porque Geddel talvez não fosse totalmente entrosado com o mainstream político do Sul e Sudeste.
Além disso, na Bahia ele era um inimigo do carlismo, pois Geddel era rival do falecido senador Antônio Carlos Magalhães, este sim amigo do tucanato e braço-direito de Fernando Henrique Cardoso nos dois governos presidenciais deste.
Geddel era adulado até pelo dublê de radiojornalista Mário Kertèsz, astro-rei da Rádio Metrópole e filhote da ditadura que se encanou em ser "dono das esquerdas" na Bahia.
O Globo anda encarando Geddel com certa estranheza.
Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados e membro do DEM carioca, até tenta salvá-lo, alegando que Geddel é "um excelente articulador político".
A mesma desculpa que fez Romero Jucá ser promovido a líder do governo Temer no Senado, depois daquele papelão das revelações em telefonemas gravados.
O Supremo Tribunal Federal autorizou abertura de inquéritos sobre o envolvimento de Jucá no esquema investigado pela Operação Zelotes da Polícia Federal.
A Procuradoria Geral da República estuda investigar o caso de Geddel Vieira Lima e o edifício La Vue, o empreendimento que o baiano queria ver aprovado pelo então ministro Calero.
Jucá e Geddel até poderão cair no jogo de cartas marcadas da plutocracia.
Mas o serão quando o PMDB "cumprir sua missão" de varrer as marcas do PT na política.
Enquanto isso, temos o "pacote anti-corrupção" dos procuradores da República, incluindo Deltan Dallagnol, o daqueles esquemas do Power Point.
Um "pacote" cheio de irregularidades, a começar pela substituição da presunção de inocência garantida pela Constituição Federal pela presunção de culpa.
Uma proposta como a criminalização do esquema de "caixa dois" está sendo pressionada por um lobby de parlamentares que pede a anistia a seus envolvidos.
Se a anistia aos envolvidos do esquema de "caixa dois" for aprovada, se estimulará a corrupção que enriquece "por fora" muitos políticos já cheios de dinheiro.
E há os planos de desmontes das estatais Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
A Petrobras está baixando o preço dos ativos, desvalorizando sua posição no mercado para se tornar barata para uma possível privatização.
Essa privatização será parcial, com a venda de algumas subsidiárias da empresa petrolífera. A BR Distribuidora é uma das contempladas, assim como várias petroquímicas e as refinarias do pré-sal.
Será o esquema privataria: venda a preços baixos, enquanto a plutocracia político-empresarial irá abocanhar boa parte do dinheiro do leilão para suas contas pessoais.
Assim feito, irá fazer o milagre da multiplicação de dinheiro em depósitos rentistas nos paraísos fiscais.
Foi o que o citado FHC fez depois de privatizar empresas de telefonia, de bancos estatais e outras vendas semelhantes.
É a teoria do "Estado mínimo" a serviço das fortunas dos seus defensores mais histéricos.
E aí o governo temeroso parte para o "enxugamento" do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
O Banco do Brasil divulgou um plano de fechar 402 agências, reduzir outras 379 a postos de atendimento (com estrutura de serviço mais modesta) e executar um plano de aposentadoria incentivada que atingirá 18 mil funcionários.
A Caixa pretende fechar 100 agências e demitir 11 mil funcionários, podendo recorrer à ajuda do BNDES para realizar a "limpa" dos seus quadros de mão-de-obra.
Há rumores de que a Loteria Federal pode ser privatizada.
Enquanto isso, as elites se divertem e páginas como Glamurama e Caras cada vez mais mostram as elites em eventos cada vez mais constantes de luxo e ostentação.
Isso sempre existiu, mas hoje nota-se um entusiasmo cada vez maior.
Sobretudo quando os "ativistas" anti-PT, de Álvaro Garnero a Ju Isen, se destacam em eventos sociais diversos.
Talvez para os ricos, este ano é um dos melhores momentos para suas vidas.
O problema é que, quando eles divulgam isso, tentam fazer crer que é um "melhor momento" para TODA a sociedade.
Como se os trabalhadores ameaçados de serem despedidos pudessem usufruir das benesses da hi-so.
Quanta ilusão no reino da plutocracia.
E os brasileiros comuns é que pagam caro por isso.
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