Depois da queda do "ministro de secretaria" Geddel Vieira Lima, por causa das denúncias de outro ex-ministro, o da Cultura Marcelo Calero, ameaçando o governo temeroso, mais um fato na antologia tragicômica do PMDB se soma ao seu histórico.
A Convenção Nacional do PMDB, realizada em Porto Alegre, contou com alguns "caciques" do partido, como o líder do governo Temer no Senado Federal, Romero Jucá, e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Jucá foi o mais destacado e lançou uma proposta de mudança de sigla do partido.
Seguindo novas legendas partidárias que já não tem o P no nome, como Democratas (DEM) e Rede Sustentabilidade (REDE), sugere-se a retomada da antiga sigla MDB, tirando o P de "partido".
A sigla corresponde ao antigo Movimento Democrático Brasileiro, partido que dividia o bipartidarismo com a reacionária Aliança Renovadora Nacional (ARENA), durante boa parte da ditadura militar.
Jucá usou uma argumentação pomposa para a sugestão, que será debatida por seus membros:
"Queremos deixar de ser partido e ser um movimento. Ou seja, algo mais forte, algo mais permanente, com uma ação constante".
Pausa para risadas.
Jucá acrescentou: "Voltar ser MDB resgata uma tradição, uma história, uma origem, que é muito importante para o povo brasileiro".
Mais risadas.
"Se o MDB antigo fez a redemocratização do país, o MDB novo pode fazer a reconstrução social e econômica do país", finalizou o senador.
Cuidado para ninguém cair da cadeira de tanto rir.
É o mesmo grupo político que veio com apetite para destruir o país, com um governo golpista que tomou o poder à força para impor medidas antipopulares.
Além disso, a convenção ocorreu depois do escândalo causado pela informação de que o ex-ministro Marcelo Calero, também do PMDB, gravou conversas com Temer, Geddel e Padilha.
Nada como um dia após o outro.
O PMDB realiza sua convenção quando Temer se encontra numa situação muito delicada.
Jucá, em entrevista coletiva, tentou minimizar a crise.
O senador disse apenas que o presidente procurava "soluções jurídicas para o caso", reduzindo o problema a um conflito entre o IPHAN nacional, que proibiu a construção do edifício La Vue, na Ladeira da Barra, e o IPHAN baiano, que o autorizou com base em estudo sem valor legal.
Mas um caso como este envolvendo especulação imobiliária caiu como uma bomba que até a mídia venal anda meio confusa nesse conflito todo.
Chegam a admitir decadência do governo Temer, já está havendo brigas dentro da plutocracia política e midiática.
A Veja botou na capa a crise do governo Temer. Nas manchetes secundárias, denúncias sobre acusações de corrupção contra José Serra e Geraldo Alckmin.
Mas a postagem aqui é do PMDB. Falaremos do PSDB em outro texto.
E justamente o PMDB, apodrecido na política nacional, deixando o Estado do Rio de Janeiro em falência, que quer se reciclar em uma nostalgia política.
É, mas em vez de ter figuras como Ulysses Guimarães, um dos líderes da Constituinte que criou a Carta Magna em 1988, temos um Michel Temer querendo rasgá-la.
Quer impor medidas que ameaçam direitos sociais diversos, embora o temeroso presidente tente desmentir tais ameaças.
Mas tudo está claro. PEC dos Gastos Públicos, reforma trabalhista e reforma previdenciária vão mesmo cortar direitos do povo brasileiro.
Muito diferente do MDB que poderia não ter sido exatamente progressista, mas tinha figuras com esse perfil.
O PMDB de hoje envergonharia o doutor Ulysses.
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