Uma mentira descarada foi dita pelo presidente Michel Temer.
Ele tentou dizer que não é um presidente gastador de dinheiro, embora também admitisse que "gostaria de gastar".
"Qual o governante que não gosta de gastar? Eu gostaria, como presidente da República, de ter a burra cheia e distribuir (...). Ministro (Henrique) Meirelles (da Fazenda) não gostaria muito, mas eu gostaria", disse Temer, de um jeito solenemente jocoso.
"Eu gostaria de poder dizer: 'Olha, agora tem o programa tal, tal e tal. Mas isso não é possível. Isso se faz com a chamada responsabilidade fiscal", finalizou o temeroso presidente.
O discurso foi realizado durante um evento sobre governança pública realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Entre os presentes, estavam o citado ministro Meirelles, o ministro da Educação José Mendonça Filho, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn e o presidente do Senado, Renan Calheiros, entre outros.
Temer estava comentando sobre o seu "maior projeto", a catastrófica PEC do Teto, formalmente chamada de PEC dos Gastos Públicos.
Hoje houve um protesto muito grande de brasileiros em Brasília, incluindo confronto com a polícia.
A pauta dos protestos, além da habitual - PEC do Teto, reforma do ensino médio, Escola Sem Partido - , inclui com firmeza maior do que antes o impeachment de Michel Temer por crime de responsabilidade.
O PSOL já encaminhou pedido de impeachment para o Congresso Nacional.
O motivo é que Temer foi cúmplice nas pressões do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, autorizar a construção de um prédio embargado pelo IPHAN nacional.
Temer teria aconselhado Calero a aceitar o pedido de Geddel, demonstrando clara identificação com projetos de especulação imobiliária que atendem a interesses políticos particulares.
Isso gerou uma crise profunda no governo Temer.
O temeroso presidente tenta abafar. E segue firme com seu teatrinho.
Diante de amigos plutocratas, Temer é o "líder" ao mesmo tempo "austero e generoso com o povo brasileiro".
Ele jura que a PEC do Teto não é corte de gastos, mas uma "disciplina" de verbas públicas, em que "nunca se deve gastar acima do que arrecada".
Mas Temer é um grande gastador.
Ele nunca fala que "não pode gastar" com festas, verbas para a mídia solidária, para o Judiciário e Ministério Público aliados, para sua base de apoio no Legislativo.
Aí percebemos que Michel Temer disse uma grande mentira.
Ele até foi sincero no seu desejo de querer gastar dinheiro se fosse possível.
Mas mentiu quando omitiu seu lado realmente gastador.
Ele quer cortar gastos, limitar investimentos etc, quando o destino é sempre o setor público.
Quando é para agradar os ricos aliados seus, ele derrama dinheiro sem controle.
O que ele gastou em festas, jantares, cerimônias e viagens de avião, além de patrocínio à mídia venal (sobretudo as Organizações Globo, dos irmãos Marinho) e o aumento do salário dos marajás a seu serviço, poderia ser muito bem cortado.
Sobraria para investir folgado na Educação, Saúde e Assistência Social.
Mas como Temer governa para os ricos, sendo capaz de atender ao interesse particular de um de seus braços direitos, então não interesse em investir nos mais necessitados.
Daí o grande protesto popular. Daí o pedido de impeachment.
O Congresso Nacional e o Judiciário tentarão empurrar o impeachment de Temer com a barriga, para só aceitar no ano que vem.
Farão isso para garantir a eleição indireta votada pelo Legislativo.
Fácil será os deputados e senadores elegerem, por via indireta, um tucano que atenda aos interesses da plutocracia legislativa.
Difícil será eles encararem a pressão do povo nas ruas. Os protestos só estão começando.
Comentários
Postar um comentário